segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O triunfo da palermice...

Uma resposta a um fadista preso no tempo algures em Abril de 1974 e ao seu artigo de opinião no Diário de Notícias...

Se Hemingway fosse vivo, teria já tido vergonha na cara e certamente titulado desta forma um livro seu sobre auto-denominada "festa brava" após a inconcebível resposta que muitos dos seres humanos descompensados deram à notável decisão tomada pelo Parlamento Catalão de proibir as touradas naquela província espanhola. Dizer que a cultura de um país assenta no secular abuso e maltrato dos animais é tentar arranjar um argumento totalmente injustificável para justificar esta actividade dementemente chamada de «arte» e «cultura». Dizer que tal acto por parte de um parlamento autónomo é somente baseado numa «vontade catalã» de humilhar outras províncias autónomas, é demonstrar uma profunda e abismal ignorância perante o que se passa na Catalunha, tentando assim menorizar o motivo nobre e humano da defesa dos animais. Basear a manutenção da barbárie nos poemas que têm por base o próprio mal trato dos animais é arranjar argumentos artificiais para justificar este permanente holocausto. Por outro lado, dispensa-se bem a poesia, a música e a pintura de quem não é capaz de se afastar e pensar no sofrimento, na dor, na tortura infligida aos touros e cavalos naquelas arenas de morte. Por outro lado, vem-se justificar a morte e a tortura com o emprego de alguns milhares de espanhóis na mesma linha que se pode justificar o emprego de todos aqueles que em tempos dependiam de «tradições» há muito esquecidas por uma sociedade que aos poucos e muito devagar vai assumindo o seu papel civilizado.

A tauromaquia é uma das maiores vergonhas da Humanidade e o no seu futuro os seus dias estão contados...

Entre nós, a coisa tem de pegar e seguir o exemplo dado por Defensor Moura em Viana do Castelo (e por muitos outros presidentes de câmara) ao abolir a barbárie. Os amantes da tortura e da barbárie animal, refugiam-se no argumento da falta de uma consulta popular que ajudasse a justificar muitas das proibições que foram impostas em muitos municípios nacionais. Porque será? Porque acham que o povo português é tão analfabeto que não seria capaz de entender o verdadeiro significado destas proibições e assim seria fácil ganhar um referendo? Ou porque utilizariam os argumentos mais descabidos (como por exemplo a extinção da suposta raça dos touros) para enganar os portugueses e assim ganhar um referendo? Não queiram menorizar o povo, fica-vos mal... Por outro lado, criticar a transformação de uma zona de massacre e tortura de animais num Centro de Ciência Viva só vem provar a verdadeira personalidade daqueles que defendem a barbárie sem serem capazes de ter um pensamento racional, humano. Aconselho ao fadista a leitura e a instrução sobre o valor destes centros de ciência e pode ser que as suas sinapses sejam capazes de, por um momento, vislumbrar o verdadeiro horror daquilo que defende.

A baixeza destes senhores defensores da tortura e de um passado que se procura enterrar há muitos anos, está bem explicita nesta frase do fadista ao se referir à venda do recinto de tortura em Setúbal: "...Talvez então se desvende o enigma da bagatela por que os proprietários do recinto a venderam ao putativo amigalhaço dos corníferos." Esta baixeza de discurso não pode ter lugar e só vem desmonstrar o que estes senhores são capazes quando se espeta uma bandarilha na carapaça do seu interesse pela morte cobarde de um animal na arena. Digo-lhe que existem milhões de portugueses e portuguesas amigalhaços dos corníferos e que não teriam qualquer hesitação em cornear a vosso galáctica ignorância.

Assim, urge aos defensores dos animais estarem cada vez mais atentos a esta verdadeira vaga tauromáquica que pretende conspurcar o chão das nossas terras com o sangue de um animal mártir para gáudio de humanos doentes e sádicos que se regozijam com a tortura dos animais.

A tourada não é, nunca foi, nunca será (por muito que vos custe) uma expressão cultura. É sim, a expressão de mentes dementes e doentes. Não queiram fazer uma união de duas nacionalidades tão distintas, a Ibéria não existe, pelo simples facto de uma minoria no su do país gostar da psicose colectiva reflectida na tourada.

Não tenha medo nem stress de perder o seu canto, o fado não se tornará no canto do cisne da barbárie... e as galinhas aguentam bem com a sua vozarra fadista. Assim, terei muito gosto em lhe oferecer um saco de carraças para que possa tourear alegremente. Infelizmente, o fadista não é capaz de tirar os olhos do seu umbigo e olhar em sua volta e ser capaz de entender que existe muita gente capaz de fazer muitas coisas ao mesmo tempo e que a preocupação sobre a barbárie das touradas não é a única que ocupa os defensores dos animais. Assim, abra os olhos e veja que o mundo que tem à sua frente tem horizontes muito maiores do que aquele que canta nos seus humildes fados e que gosta de pintar com a demência com que defende algo preso no tempo, vítima de um passado que há muito deveria estar esquecido...

Para terminar, gostava de ver os periódicos que defendem as touradas a promover um debate são ao permitir que os defensores dos animais pudessem ter um mesmo espaço de opinião igual ao daqueles que defendem a barbárie...

1 comentário:

DuK disse...

Bem... o que dizer? Que o Sr. João Braga é uma besta? Isso já todos percebemos depois de ler o sua inspirada cronica! Com uma bandarilha espetada num sitio que cá sei é que ele andava bem!! ... e mais inspirado de certeza!!

Urge que uma nova geração retire influência a estes dementes que escudados na capital do imperio, usam e abusam da exposição publica em pról das suas mais nojentas convicções!

Geralmente este genero de "gente" deveria ser tratado pelo que defende e se assim fosse, algures na idade media e ainda actualmente em determinados paises o apedrejamento é a solução para inumeras situações. E é tradição! É tradição apedrejar pessoas! E que tal provar dessa tradição? A mim sabia-me muito bem ser tradiconal em alturas dessas com gentes destas!!!

Abraço!!