A Cascata do Zanganho (ou Cascata das Caldas) encontra-se na variante próxima das Caldas do Gerês.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
A Cascata do Zanganho (ou Cascata das Caldas) encontra-se na variante próxima das Caldas do Gerês.
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Com a subida das vezeiras para os pastos nos altos serranos, deixo aqui uma nota histórica sobre as vezeiras de bovinos registadas a 31 de Agosto de 1907.
Na altura, a vezeira do Vilar da Veiga tinha 240 animais, dos quais 150 se encontravam na vezeira e 90 se encontravam ao feirio. Então, a vezeira utilizava os currais no Vidoeiro, Secelo, Mijaceira, Leonte de Cima, Lomba de Pau, Prados da Messe e Lomba do Vidoeiro.
A vezeira do Vilar da Veiga possuía ainda os currais da Carvalha das Éguas, Junco, parte do Curral de Chã da Fonte, Teixeira, Camalhão e Conho. Os currais de Lomba de Pau e de Chã da Fonte eram comuns com Rio Caldo, sendo a ocupação definida como 'primi capientis'.
A vezeira do Gerês possuía 32 animais em feirio.
Rio Caldo possuía 80 animais em vezeira e 18 em feirio, num total de 98 animais, usando os currais da Lage, Raiz, Vidoal, Maveira e Arenado. A ao subir ou descer por Leonte para os outros currais, a vezeira do Vilar da Veiga tinha direito a pernoitar no Vidoal.
A vezeira de Covide possuía 177 animais, dos quais 90 em vezeira e 87 em feirio. Esta vezeira não possuía currais dentro dos limites do perímetro florestal do Gerês, tendo os currais de Lameirinha, Peneda, Felgueira e Lubagueira, foram dos seus limites.
A vezeira de S. João do Campo tinha 60 animais em vezeira e 70 em feirio, num total de 130. Usava o Curral do Campo (ou de Leonte de Baixo), tendo foram dos limites do perímetro florestal do Gerês os currais de Gamil, Bustelo, Prado, Prado Marelo, Tirolirão e Mourinho.
A vezeira de Vilarinho da Furna tinha 270 animais, dos quais 60 se encontravam em vezeira e 210 em feirio. Usava os currais de Albergaria, S. Miguel, Prados Caveiros e Calvos.
A vezeira de Lindoso possuía 300 animais em feirio, mas estes não pastavam em currais na Serra do Gerês, apesar de pastarem em terrenos dentro dos limites do perímetro florestal.
Cabril tinha 270 animais, dos quais 90 em vezeira e 180 em feirio. Usavam os currais de Absedo, Abrótegas, Lamas de Homem e Pássaro.
As vezeiras da Ermida e de fafião tinham um total de 150 animais, dos quais 70 se encontravam em vezeira e 80 em feirio, pastando-os dentro dos limites da mata, mas sem possuir currais dentro dela.
A vezeira de Vila Meã, do lado galego, tinha 160 animais em feirio, usando os currais das Albas e Amoreira.
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Informação baseada no livro "Mata do Gerês" (Tude Martins de Sousa, 1926)
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
Uma questão que por vezes me intriga, é o facto de em alguns currais encontrarmos diferentes tipos de abrigos pastoris.
Especulando sobre a possível utilização histórica destes abrigos, havia considerado que os fornos pastoris - singelas construções de pedra tipo 'iglu' cobertas com torrões de terra - representariam uma segunda fase de utilização histórica dos abrigos pastoris.
Na Serra do Gerês podemos distinguir três tipos distintos de abrigos pastoris: as palas - abrigos naturais que tiram partido de grande pedras inclinadas que proporcionam um abrigo dos elementos, os fornos pastoris e as cabanas em pedra - pequenas edificações com duas águas cobertas em telha.
Estes abrigos podem ser vistos nos múltiplos currais existentes na Serra do Gerês e em alguns, por exemplo, no Curral de Gamil temos a presença de um forno pastoril e de uma pala nas proximidades. A sua ocupação pode ter sido simultânea ou diferenciada no tempo, podendo o forno pastoril representar uma construção e utilização posterior à pala.
Noutros currais temos a presença somente do forno pastoril (Mijaceira, Espinheira, Lomba de Pau, etc.) ou da cabana (Teixeira, Malhadoura, Camalhão, Prados da Messe, etc.).
Apesar de haver cabanas com uma datação que nos permite saber o ano da sua construção ou restauro (por exemplo, a cabana do Prado do Vidoal acima da Portela de Leonte), a maioria destes edifícios não se encontra datada ou existe qualquer referência à sua construção. Sabemos que alguns já existiam e eram utilizados em orincípios do século XX, tal como atesta a fotografia em baixo onde podemos ver a cabana do Curral de Vilar da Veiga (ou de Leonte de Cima), que ainda hoje podemos observar.
Outros currais mostram vestígios de velhos abrigos pastoris há muito abandonados. Por exemplo, no curral do Prado, parecem existir rochas numa disposição que me leva a crer da existência muito antiga de um abrigo (forno) pastoril que foi substituído pela actual cabana. Noutros currais (Lameirinha, Bebedoiro, Rebolo da Porca, Bruzaleite, etc.) as ruínas dos velhos fornos pastoris por vezes passa, despercebidas, cobertas pela vegetação e esquecimento.
Assim, com todos estes vestígios sempre me questionei se nos Prados da Messe teria em tempos existido um forno pastoril, isto é, uma edificação tipo 'iglu', que mais tarde foi substituída por uma cabana?
No seu livro "Gerez - Notas Etnográficas, Arqueológicas e Históricas" (Coimbra, 1927), Tude de Sousa faz um breve resumo dos abrigos existentes na Serra do Gerês, escrevendo o seguinte relativamente à sua distribuição geográfica, "Vilar da Veiga, quási todos de pedra e telha, tem os fornos dos currais dos prados da Messe, do Conho, de Leonte de Cima, e outros, tendo caído em desuso os da Mijaceira e Vidoeiro, por estarem cortados e devassados agora pela estrada pública para a fronteira (...)."
Ora, Tude Sousa não faz qualquer diferenciação entre o 'forno pastoril' e a 'cabana pastoril', referindo-se de forma geral a 'fornos' sejam eles cobertos de terra ou feitos em pedra e telha.
Um caso que considero de interessante análise, é o Curral dos Prados da Messe. Actualmente, o curral é servido por uma cabana com duas divisões, sendo no entanto a divisão Poente a mais recente e construída com as pedras que foram retiradas das ruínas da antiga casa florestal existente nas proximidades.
A questão que se coloca é: terá existido algum forno pastoril nos Prados da Messe antes da construção da cabana pastoril? De facto, por detrás do actual abrigo - e se olharmos com atenção - parece existir uma disposição circular de pedras e a certo ponto o que parece ter sido a entrada para um abrigo.
No livro "Mata do Gerês" (Tude Martins de Sousa, 1926, regente florestal à época) o seu autor refere (pag. 132), "Não havendo nenhuma casa, ou abrigo, para o pessoal florestal na extensa zona da serra alta, desde a Pedra Bela aos Prados, havia sido solicitada a construção de uma pequena casa no curral dos Prados, que foi feita neste ano (1908).
Sendo certo que nenhuns trabalhos haviam sido ainda por ali realizados, não era menos certo que aquela parte da serra era de elevada importância, por ser um dos mais aproveitados centros de pastoreação dos gados vizinhos e ainda por ter a curtas distâncias bons núcleos de arborização espontânea.
Ao mesmo tempo, aproveita-se a oportunidade de prestar um bom serviço aos vezeiros de Vilar da Veiga, a quem o usufruto do curral pertence e cujas boas relações de vizinhança convém absolutamente manter, proporcionando-se lhes melhor acolhida do que a que o seu forno lhes dá, o que se fez, destinando-se-lhes metade da referida casa, que em Setembro ficou já concluída."
Sabemos então que em Setembro de 1908 foi terminada a construção da casa dos Serviços Florestais nos Prados da Messe. No entanto, e com o turvar da memória desses tempos e não havendo testemunhos orais transmitidos às gerações seguintes, não é possível indicar se o referido abrigo foi alguma vez utilizado pelos vezeireiros do Vilar da Veiga e, também importante, quando deixou de ser utilizado?
Teria esta casa substituído um forno pastoril ou a cabana pastoril já existiria na altura? A cabana pastoril terá sido construída com as pedras de um possível forno pastoril mais antigo e que tenha sido alagado? Se foi utilizada, porque não se conservou a casa dos Serviços Florestais para utilização destes ou pelos pastores? Porque foi abandonada?
Os fornos pastoris da Serra do Gerês, bem como os seus congéneres que podemos encontrar nas outras serras do Parque Nacional da Peneda-Gerês, são um património edificado que deveria ser preservado como uma memória da presença milenar do Homem nestas serranias.
Para terminar, deixo as palavras de Tudo de Sousa em 1927, "O forno dos pastores gerezianos, ligado ao regimen comunalista e pastoril que os seus povos têm, é bem ainda, pelo espírito ancestral que representa, o espêlho liso da tradição em que aquela gente, sequestrada do mundo, vivia noutras eras a vida de paz, a vida simples de fraternidade e de amor, que os novos tempos e as civilizações novas lhes vão dia a dia enfraquecendo e quebrando.
Conservá-lo, é conservar e respeitar uma típica característica geral do passado."
Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
Uma vista geral do Curral de Lameirinha, Serra do Gerês.
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Nos domínios de Covide, a Curvaceira é aqui vista a caminho do Curral de Lameirinha, Serra do Gerês.
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O interior da Capela de Sta. Eufémia, nas Caldas do Gerês, é o motivo deste postal editado pela Junta de Turismo.
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Local de passagem dos romeiros da Peneda, a Corga das Vargens do Furato é aqui fotografada desde a Portelinha do Vento, Serra da Peneda.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
Numa semana que será marcada pela chuva e dias cinzentos, a neve poderá voltar à Serra do Gerês nos dias 14 e 15 de Maio.
A sua distância, o seu isolamento, os profundos vales, a cor escura dos seus granitos, que trazem a sensação de um mundo à parte, fazem da Serra da Peneda como sendo ainda hoje vista como a mais selvagem das quatro serras do Parque Nacional da Peneda-Gerês. Por lá, ainda respiramos essa sensação e a Serra da Peneda tem numerosos recantos que merecem a nossa visita.
O Trilho da Peneda (PR17 AVZ) é um percurso de pequena rota com pouco mais de 10 km, mas cheio de paisagens e emoções visuais ímpares. Devido aos desníveis (iniciais) é um percurso que pode nos parecer inicialmente difícil, mas que compensa cada segundo de esforço que realizamos.
Este percurso realiza-se em plena Serra da Peneda, entre dois povoados serranos: o aldeamento da Peneda e a Branda de Bouças dos Homens. Partindo do parque de estacionamento, tomamos o trilho, seguindo as marcações que se destacam na paisagem, sendo estas de cor amarela e vermelha. Por estes carreteiros passavam os carros de bois de raça barrosã, ligando aqueles dois povoados. Após 3 km e à cota aproximada de 1100 metros, inicia-se descida, avistando ao longo Branda de Bouça dos Homens. Pouco depois da saída na estrada alcatroada, tomamos um antigo caminho de romeiros devotos à imagem da Sr.ª da Peneda. Trata-se de um caminho designado de pé posto uma vez que não permite outro modo de percorrê-lo. De seguida iniciamos uma nova ascensão até às faldas da Penameda e logo, voltamos a descer até pequeno lago artificial, conhecido pelos locais por “Pântano” situado no lugar de “Chã do Monte”. Esta represa servia uma mini-hídrica que há anos atrás fornecia a energia elétrica ao povoado da Peneda. Cruzando o lago, seguimos um regato e a descida torna-se numa verdadeira e intrépida aventura devido aos íngremes declives do relevo. À medida que vamos descendo, podemos observar lá no fundo a igreja e o aldeamento da Penada, assim como também, ao nosso lado esquerdo a Fraga da Meadinha, procurada por inúmeros escaladores nacionais e estrangeiros. Mais uns abaixo, alcançamos a desembocadura do trilho e daí tomamos a estrada que nos levará passado cerca de 1 km, ao ponto de chegada que coincide com o ponto de partida, ou seja, o parque de estacionamento. Se não for acompanhado por guia, preste atenção às marcações e não saia do trilho marcado e sinalizado. Guarde o máximo cuidado nos dias de nevoeiro e/ou de neve, uma vez que as marcações podem encontrar-se ocultas.
Inicia-se o traçado desta pequena rota junto da Igreja da Peneda e sobe-se, devagar, o íngreme caminho na vertente da Meadinha. A caminhada deve-se ir fazendo passo a passo, sem pressas e ir apreciando os sons que nos vão surgindo. As paragens regulares são aconselhadas, aproveitando as estruturas existentes para descanso e apreciando a paisagem que vai mergulhando no vale.
Terminando a subida íngreme, entramos numa parte mais suave que nos levará à Chã do Monte onde encontramos o Pântano da Sra da Peneda - ou simplesmente Pântano (local assim designado pelos locais) - com o seu Couto da Chã do Monte. Reza a tradição que as mulheres que, com a mão esquerda, conseguissem colocar uma pedra no cimo do penedo, no ano seguinte se casariam. Ainda hoje esta lenda perdura, pois, são muitas as mulheres que se deslocam a este local na esperança de casarem no ano seguinte!
O traçado do Trilho da Peneda leva-nos a atravessar a pequena represa, entrando então na Corga das Vargens do Furato. Ao nosso lado direito ergue-se o cume de Penameda, com os seus 1.268 metros de altitude, e à medida que vamos subindo a corga vemos as fragas da Casinha de N.ª Senhora. Por outro lado, à nossa esquerda, sucedem-se a Fraga do Abaixo do Furato e a Fraga da Pomba. O caminho vai-nos levar à Portelinha do Vento, passando no cimo da Corga do Curral das Lameiras até chegar às Lapoceiras já a descer para a estrada que atinge já no final da Corga das Veigas. Desta vez, decidi não descer à estrada e aproveitar um carreiro para fazer a ligação com o traçado um pouco mais adiante, o Caminho de Currelos
Em subida, vamos passar na Volta dos Picotos e seguindo serra acima passamos ao lado da Fraga da Arinha ou do Barroco, um interessante conjunto geológico. Iniciando a sua descida, o percurso leva-nos perto da Fraga das Portas e do Carvalho das Portas. A descida é longa e permite-nos apreciar as magníficas vertentes, formas graníticas e vales profundos que aqui a Serra da Peneda tem para oferecer.
O carreiro de pé posto irá terminar num dos parques de estacionamento da Sra. da Peneda, a pouca distância do ponto de partida.
A jornada terminou na Taberna o Tchocalho com uma magnífica sopa de cogumelos e umas sanduíche de alheira...
O traçado (gps) do percurso pode ser obtido aqui e o seu folheto (pdf) aqui.
Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
A tranquila paisagem primaveril de Lagoa, Serra do Gerês.
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A Chã do Monte, Serra da Peneda, e o seu enquadramento do Pântano da Sra. da Peneda com a Penameda é uma das paisagens mais fotografadas do Parque Nacional da Peneda-Gerês.
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O património mineiro edificado das Minas dos Carris, Serra do Gerês, vai-se perdendo pelo efeito dos elementos e do vandalismo promovido.
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As cores da Primavera no alto da Serra do Gerês à passagem pela Lameira das Ruivas antes de iniciar a descida da Costa de Sabrosa.
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O dia 8 de Maio de 2024 assinala o 53.º aniversário do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG).
No dia 7 de Maio de 2024 o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) divulgou uma nota de imprensa sobre o Dia Aberto do PNPG, promovido pela Comissão de Cogestão do Parque Nacional da Peneda-Gerês, referindo "Celebrações dos 53 anos do único Parque Nacional do país dia 8 de maio, a partir das 11h00, na Junta de Freguesia de Pitões das Júnias."
O ICNF mais uma vez, e vá-se lá saber o porquê (ou talvez não), divulga este evento no dia anterior à sua ocorrência.
O ICNF deve pensar que somos todos um bando de desocupados...
Fica o programa aqui e a nota de imprensa:
Parque Nacional Peneda-Gerês celebra 53 anos com dia aberto
Celebrações dos 53 anos do único Parque Nacional do país dia 8 de maio, a partir das 11h00, na Junta de Freguesia de Pitões das Júnias
A Comissão de Cogestão do Parque Nacional da Peneda-Gerês promove, no próximo dia 8 de maio, um dia aberto para comemorar 53 anos de história, natureza e cultura, este ano em Pitões das Júnias, no concelho de Montalegre, com um programa que inclui visitas guiadas ao Centro de Interpretação do Lobo-ibérico, à turfeira do Poço das Rãs e ao projeto de condução de carvalhal no Baldio de Covelães.
Criado em 1971 pelo Decreto n.º 187/71, com o propósito de garantir o planeamento, a conservação e a valorização das atividades humanas e dos seus recursos naturais, esta foi a primeira área protegida fundada em Portugal e a única com o estatuto de Parque Nacional.
Posteriormente, o seu reconhecimento como Reserva Mundial da Biosfera pela UNESCO veio reforçar o seu valor e importância a nível internacional. Com aproximadamente 70 000 hectares de área, encerra um legado único que combina uma biodiversidade geodiversidade excecionais, e um património cultural pleno de tradições ancestrais.
Durante este dia, está ainda prevista a apresentação do projeto da Branda Científica de São Bento do Cando e a assinatura de um protocolo de cooperação para a investigação científica neste território – laboratório vivo e dinâmico de biodiversidade, de elevado interesse científico e conservacionista.
Este projeto configura uma importante plataforma de suporte à investigação científica de caráter internacional e interdisciplinar, focada na conservação e restauro da natureza e biodiversidade, bem como nas relações entre a natureza e a sociedade, nomeadamente na gestão dos recursos e serviços dos ecossistemas. No contexto de emergência climática e de perda de biodiversidade e geodiversidade, é fundamental potenciar o contributo da ciência e do conhecimento, não só na mitigação de impactes, como também no incremento de abordagens inovadoras ao desenvolvimento integrado, coeso e sustentável do território.
E porque celebrar este património é celebrar todos aqueles que ao longo do tempo têm contribuído para a sua preservação, manutenção e valorização, esta iniciativa pretende reforçar a articulação e cooperação ente todos os agentes do território, consolidando o sentimento de pertença e apropriação pela comunidade e, por conseguinte, o envolvimento de todos no objetivo maior de salvaguarda e proteção.
(...)
ICNF.7.MAIO.2024
As ruínas das Minas dos Carris vistas numa perspectiva a caminho do marco geodésico dos Carris, Serra do Gerês.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
Com a Primavera instalada no calendário, os dias ficam «maiores» e chega a época das grandes jornadas nas quais podemos ficar mais tempo na montanha ou então alongar um pouco mais os nossos percursos.
O meu objectivo nesta incursão na Serra do Gerês era o de chegar ao marco geodésico dos Carris e daqui iniciar um percurso até aos Prados da Messe com posterior descida pela Costa de Sabrosa.
A parte inicial da jornada foi enveredada pela familiar paisagem do Vale do Alto Homem que já tantas vezes percorri para atingir as Minas dos Carris. Este é um local que nos permite os grandes espaços, porém, o que tentava atingir iria proporcionar-me um horizonte no qual iria abarcar longas distâncias e perspectivas únicas.
A descrição da subida do Vale do Alto Homem pode ser lida com pormenor aqui.
A subida para o marco geodésico foi feita deixando o caminho para a Carvoeirinha / Minas dos Carris pouco depois de passar o Curral de Cabanas Novas (ou do Conde de S. Lourenço). Por aqui, o acesso ao marco geodésico leva-nos a passar por restos de explorações a céu aberto que usualmente não vemos quando visitamos as Minas dos Carris. Estas trincheiras mineiras são acompanhadas por vários abrigos de pedra solta semelhantes aos tradicionais fornos pastoris.
O marco geodésico dos Carris encontra-se a 1508 metros de altitude e a paisagem leva-nos a abarcar todo o Parque Nacional da Peneda-Gerês desde a Pena de Anamão, nas lonjuras da Serra da Peneda, passando pelo Alto da Pedrada - Serra de Soajo, as encostas da Serra Amarela e todos os grandes altos da Serra do Gerês, terminando nos Cornos da Fonte Fria já nos domínios de Pitões das Júnias.
Após alguns minutos naquele lugar, desci para as ruínas do complexo mineiro dos Carris.
Deixando o marco triangulado de Lamas de Homem, passei pelo abandonado posto meteorológico e tomei a direcção do escondido Curral do Pássaro perto do qual está uma enigmática construção de pedra solta que, com a proximidade do alto de Cidadelhe e das figuras de Absedo, nos levam a pensar na sua origem.
Continuando a jornada, passei acima dos Currais de Cidadelhe e, caminhando sobre a escombreira da exploração mineira naquele local, segui em direcção à face Norte das Torrinheira, passando o topo do Corgo de Valongo e tomando então o carreiro superior que me levaria à Chã do Cimo da Água da Pala. Seguindo a Poente, em breve estaria nos limites do Cantarelo a olhar para os Prados da Messe, local do já mais do que merecido almço e prolongado descanso.
A parte final da jornada levar-me-ia a passar a Lomba de Burro em direcção à Corga dos Vidros e posteriormente a passar na Lameira das Ruivas, antes de iniciar a descida pela Costa de Sabrosa que me levaria aos quilómetros finais feitos através da Geira na Mata de Albergaria.
Ficam algumas fotografias do dia...
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