quinta-feira, 28 de setembro de 2023

Paisagens da Peneda-Gerês (MDCLXXX) - Rio do Conho e a Roca de Pias

 


Paisagem única no Parque Nacional da Peneda-Gerês, a Roca de Pias surge como uma guardiã ao fechar o vale por onde corre selvagem o Rio do Conho, Serra do Gerês.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Paisagens da Peneda-Gerês (MDCLXXIX) - Rio Teixeira

 


O Rio Teixeira (tendo já sido "Rio Camalhão" e posteriormente chamado "Rio Arado"), dá um toque ainda mais bucólico a todo este magnífico vale na Serra do Gerês.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

terça-feira, 26 de setembro de 2023

'Camalhão' ou 'Cambalhão'?

 


Ao escrever esta publicação, achei (mais uma vez) curiosa a dualidade na utilização dos topónimos 'Camalhão' versus 'Cambalhão' no prado localizado no Vale de Teixeira.

Na verdade, sempre havia conhecido aquele prado como 'Camalhão'. Porém, ao consultar uns antigos mapas dos Serviços Florestais, acabaria por lá surgir o termo 'Cambalhão' (ver figura seguinte). De notar que o mesmo topónimo é atribuído ao colosso granítico que se localiza a Nascente do prado, surgindo também o topónimo 'Alto das Rubias".



Inquisitivo e curioso pelo tema como o autor deste blogue, o Paulo Costa acabaria por me colocar a questão, "Camalhão ou Cambalhão?" A minha resposta, sem muita certeza, foi a de que talvez o topónimo possa variar dependendo das vezeiras (?)

Curiosamente, quando o Município de Terras de Bouro fez a identificação dos diversos abrigos pastoris, utilizou o topónimo "Cambalhão" em vez de "Camalhão"!

O que dizem as velhas cartas militares? Neste caso, a carta com os trabalhos de campo de 1949 não ajudam muito na designação do prado, porém, surge o hidrónimo "Rio do Camalhão!" (ver figura seguinte).


Na carta militar com os trabalhos de campo de 1996 surge o termo "Curral do Camalhão" (ver figura seguinte).


Na revista "Latina" n.º 4 (Julho de 1935) por várias vezes surge a referência a "Cambalhão"...



Em 1926, no seu livro "Mata do Gerês - Subsídios Para Uma Monografia Florestal", Tude Martins de Sousa faz a seguinte observação (pag. 127) relativamente às estatísticas dos gados em pastoreação na Mata do Gerês referida a 31 de Agosto de 1907, "Na Serra do Gerês, mas fora do Perímetro Florestal, têm ainda os currais de Carvalha das Éguas, Junco, Chã da Fonte (só parte) Teixeira, Camalhão, Conho."

Qual a possível origem do(s) topónimo(s)? Segundo o Paulo Costa, citando o Dicio, Dicionário Online de Português, Camalhão é "adjetivo; Que tem as pernas tortas, cambaio. Torto, acalcanhado, inclinado para um dos lados." Por seu lado, Cambalhão é "nome masculino," surgindo com duplo significado: "1. regionalismo pedaço de terra que os maus cavadores deixam por cavar; 2. monte de terra resultante da cava." Ou ainda, "Porção de terra mais elevada, entre dois sulcos, onde se colocam as sementes para germinar; beira, leiva. Etimologia (origem da palavra camalhão). Cama + alho + ão. Substantivo masculino. Grande camalho ou camalha, tipo de capacete medieval que cobria o elmo e os ombros do cavaleiro."

O Ricardo Guimarães também contribuiu para a definição de "Camalhão" e "Cambalhão" (https://www.infopedia.pt/)...


Aponta também a definição de "Cambalhão" como "s. m. porão de terreno para sementeira, entre dois regos (Cp.esp. caballón, camellón)."

Assim, ao longo da História tem surgido as duas designações, "Camalhão" e "Cambalhão", sendo a referência mais antiga (1907 citada em 1926), o topónimo de "Camalhão".

Talvez a solução para esta questão esteja (que sem dúvida estará) no conhecimento dos residentes que utilizam e conhecem melhor do que ninguém, aquelas paragens.

Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados), excepto os excertos das Cartas Militares n.º 31 do Instituto Geográfico do Exército.

O quão imbecil é preciso ser?

 


Digam-me, o quão imbecil é preciso ser para se ter um comportamento destes?

Visitar um espaço aberto no meio da Natureza, apreciar a paisagem que o rodeia, sentir o ar puro e fresco da montanha e depois fazer isto? Só mesmo uma imbecilidade de todo o tamanho para se ter uma atitude destas!

Quando nos deixarmos de fazer nota destas coisas, é quando já nada importará.

Para os ofendidos, aqui está um fardo de palha...



Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

Paisagens da Peneda-Gerês (MDCLXXVIII) - O Camalhão e a cabra

 


Uma cabra-montesa descansa aos pés do gigante colosso granítico do Camalhão, Serra do Gerês.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

segunda-feira, 25 de setembro de 2023

domingo, 24 de setembro de 2023

Paisagens da Peneda-Gerês (MDCLXXVI) - Genciana-das-turfeiras

 


Surgindo em prados, matos húmidos e terrenos pantanosos, a genciana-das-turfeiras é uma planta vulnerável que se encontra na lista de espécies botânicas a proteger em Portugal. A sua floração ocorre entre Julho e Novembro.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

sábado, 23 de setembro de 2023

Trilhos seculares - Os caminhos da Vezeira de Fafião

 


Marca indelével na montanha e testemunho milenar da presença do Homem no território que hoje faz parte do Parque Nacional da Peneda-Gerês, o traçado dos caminhos da Vezeira de Fafião leva-nos por longos vales onde a imensidão da Serra do Gerês nos assombra.

A 'vezeira' é um movimento de transumância característico na Serra do Gerês que usualmente decorre entre Maio e Setembro e no qual a guarda dos rebanhos e manadas é feita à vez, juntando todos os animais pertencentes a uma comunidade. Movimento com profundas raízes nos povos serranos, marcou a montanha, tirando partido dos currais e prados ali existentes, e criando-se uma rede de caminhos (carreiros, carris) que facilitam a deslocação entre estes locais.

Foi baseado nestes caminhos que há já vários anos a Vezeira de Fafião criou um percurso - o Trilho da Vezeira de Fafião - que permitia a visita a vários destes currais ao longo da área usualmente por ela utilizada para o apascento do gado. Assinalado apenas com mariolas, o percurso tem uma extensão de mais de 25 km e penetra profundamente nos vales geresianos, naquilo que os fafiotos designam como "Serra de Fafião".

A jornada deste dia teve como objectivo percorrer parte deste percurso, mas deixando de fora a passagem por Fechinhas, Rocalva e Vidoeirinho, fazendo a subindo do Vale do Rio Laço directamente para o Estreito.

O dia começou no estacionamento do Miradouro de Fafião (Portela do Monte) e depois seguimos pela estrada florestal que nos leva até ao abrigo do Vidoal passando pela Fonte do Galo. No abrigo do Vidoal, vamos tomar um carreiro mariolado que nos vai embrenhar no Vale do Rio Fafião. 

Como quase em todos os caminhos, o início da jornada é sempre um pouco ingrato quanto mais não seja porque a parte inicial do percurso, que se faz por um manhoso estradão, não é meiga para a morrinha que ainda não se dissipara. Ao caminhar, deixamos para trás os parcos sons da aldeia que aos poucos desperta.

A terra batida vai-nos levar cada vez mais perto do vale e aos poucos fica para trás o pinhal que adorna a paisagem. Ali ao lado, abre-se como um rasgão na Terra, o vale por onde o Rio Fafião se entretém a esculpir pacientemente a paisagem. De facto, para quem já fez o percurso, esta parte não trará nada de novo, mas a ânsia de horizontes mais vastos e de avistar os píncaros que rasgam os céus, impele-nos a chegar ao ponto onde a água jorra da rocha e num ápice todo o cansaço inicial parece desvanecer, não fosse a forte batida do coração do peito e os pingos de suor que já insistem em escorrer pelo rosto. Aqui é a Fontela do Galo, e Fafião não passa já de um aglomerado de casas imbuído na paisagem.

O caminho continua e leva-nos a chegar ao Vidoal onde subitamente termina para dar lugar à verdadeira rudeza da serra. Num equilíbrio nem sempre favorável ao seu lado, a serra deixou-se adaptar às condições do Homem que nas suas entranhas esculpiu passagens para os prados e lugares onde amanharia o seu sustento. Mais adiante, o Trilho da Vezeira de Fafião vai-se dividir em dois; decidi fazer o denominado 'Caminho das Vacas', criado devido à dificuldade em ultrapassar alguns passos que se foram formando no carreiro mais em baixo. Este caminho não será muito aconselhável aos mais sensíveis devido às vertigens ou à incapacidade de lidar com espaços curtos.

Não há fotografia que consiga transmitir a sensação de se estar a entrar nas entranhas de algo maior do que nós. Se lá, no fundo, o rio corre intensamente barulhento, lá no alto os cumes parecem faróis que nos indicam o caminho a seguir. O carreiro serpenteia pela encosta marcado com as velhas mariolas. Em certas zonas a vegetação começa a tomar o seu lugar e as torrentes de água poderão em certas alturas do ano dificultar a passagem em alguns regatos, mas rapidamente nos aproximamos do velho Curral do Porto da Laje que foi destruído para a construção da barragem que por momentos aprisiona o Rio da Pigarreira e o Rio da Touça. As águas, imaculadamente transparentes, permitiam ver o leito da pequena albufeira e as marcas dos animais estão por todo o lado.

Assim, ao caminharmos por este vale vamos ser sempre, mas sempre, surpreendidos por aquilo que iremos ver, pois as paisagens que nos oferece vêm na linha do que Fafião já nos habituou. Em tempos disse que ninguém deve dizer que conhece a Serra do Gerês sem conhecer estes domínios, pois é aqui onde o Gerês flecte os seus músculos! O estreito carreiro pelas vertentes - num constante sobe e desce cuidadosamente traçado na encosta - intercala-se com a visão do Rio Fafião e as suas lagoas no fundo vale, com a imensidão de Porta Roibas que parece o fechar. Aqui, o azul do céu surge em tons só ali apreciados.

Passando a pequena represa que ali existe, ultrapassou-se sem grande problema os escassos metros do leito do rio em direcção ao Curral da Touça onde surgiu o nosso descanso. A seguir seguiríamos pelo Vale do Rio Laço, passando pelo curral de mesmo nome e trepando a encosta final até ao Estreito, tendo por detrás de nós uma das paisagens que nos corta a respiração. Esta parte constitui o verdadeiro desafio de toda a jornada, com o carreiro a esconder-se por entre a vegetação que conquista o seu lugar natural e todo o vale parece se fechar sobre nós em paredes que por vezes se vão alcantilar em vertentes pálidas de tons de granito. Incessantemente procuramos nos altos o vislumbre de uma cabra guardião, mas este dia não nos abençoou com tamanha visão.

A «pouca» distância do topo o carreiro empina-se e a passada deve-se tornar cadenciada e forte para vencer o declive. Os metros finais são quase uma luta com a vegetação para ir descobrindo o carreiro que se esconde no chão. No entanto, a chegada ao Estreito dá-nos o prémio merecido e permite-nos ver a Roca Negra, a Rocalva e a Roca das Pias, bem como a Arrocela, o colosso de Iteiro d'Ovos e o promontório granítico da Meda de Borrageiros «logo ao lado» de Porta Roibas. Tudo é grande! Tudo é imenso! Tudo, mas tudo, é medonho para a nossa pequenez!

Voltávamos assim ao «traçado» do Trilho da Vezeira de Fafião que havíamos abandonado no Curral da Touça e seguíamos em direcção ao Curral de Pradolã, continuando a descida para Pousada à vista dos Bicos Altos e do Vidoal, local de passagem pela manhã no outro lado do vale. Na sua interminável descida o carreiro embrenha-se por um pinhal que nos levaria às Chãs de Touro Trigo e ao Salgueiro, e depois ao traçado da Grande Rota da Peneda-Gerês.

O caminho levou-nos então para a parte final da Corga de Carnicente que se despenha para o Rio Fafião e nos leva a atravessar para a sua margem esquerda na Ponte de Matança. O caminho irá mais adiante juntar-se ao estradão inicial que nos levará ao nosso destino, Fafião.

Ficam algumas fotografias do dia...


























Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)


Paisagens da Peneda-Gerês (MDCLXXV) - Primeira luz de Outono

 


A porta para o Reino Maravilhoso, Porta Roibas - Serra do Gerês, recebe a primeira luz de Outono.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

Terminou o período de pagamento da taxa de acesso à Mata de Albergaria - para onde vai o dinheiro?

 


Terminado o período de pagamento da taxa de acesso à Mata de Albergaria, muitos questionam "para onde vai o dinheiro?"

Na verdade, é uma pergunta que se coloca desde 2007, quando começou a ser cobrada esta taxa, mas como a maioria só se preocupa com os seus problemas, os seus interesses e o seu umbigo, todos os anos esta questão tem passado pelos «pingos da chuva».

Na verdade, é que nem um cêntimo destas quantias cobradas na Mata de Albergaria foi alguma vez aplicada no que interessa e no objectivo pela qual é cobrada, isto é, "assegurar a preservação dos frágeis ecossistemas que caracterizam a Mata de Albergaria." Isto passa também por preservar o património ali existente e cuja degradação começa a colocar em risco a segurança de quem por ali passa, sejam residentes ou visitantes.

Portanto, vamos todos contentes continuar a olhar para o nosso umbigo e deixar as coisas andar da maneira como estão e quando for tarde de mais, chamamos as TV's todos empertigados para «aparecer».

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Sementeira dos currais em Lagoa (Serra do Gerês) - Nova data

 


Devido às más condições meteorológicas registadas no dia 16 de Setembro de 2023, os Baldios de Cabril e Pincães adiaram para o dia 27 de Setembro a sementeira dos currais em Lagoa, Serra do Gerês.

Esta acção é aberta ao público em geral, mas requer inscrição prévia através do correio electrónico baldiosdecabril@gmail.com ou através do telefone 253 659 970.

O dia começa pelas 8h30 com a concentração na Pastelaria e Padaria de Cabril. Os trabalhos em Lagoa iniciam-se pelas 9h30 e pelas 13h00 terá lugar o almoço oferecido pelos Baldios de Cabril e Pincães.

Sementeira dos currais em Lagoa - a alma de um povo, seus usos e costumes.

ICNF sem dinheiro para reparar a ponte sobre o Rio Maceira na Mata de Albergaria

 


Recentemente, e devido à constante passagem de veículos, a ponte de madeira sobre o Rio Maceira na Mata de Albergaria, apresentou sinais de sérios danos, com uma parte da ponte a ser vedada.

A situação já aqui foi referida a 2 de Setembro.

Desde então a situação tem piorado e as guardas da ponte encontram-se agora seguras com uma corda atada a uma árvore e uma outra parte encontra-se presa da forma como a imagem seguinte mostra.

A verdade, é que o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas parece não ter fundos para proceder aos trabalhos de reparação daquela estrutura que, pasme-se (!), foi anteriormente reparada em 2017.

É tempo de deixarmos de brincadeiras e de prestar atenção ao Parque Nacional da Peneda-Gerês e a quem lá vive e trabalha!



Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)