domingo, 3 de dezembro de 2023

Paisagens da Peneda-Gerês (MCCXXXIX) - Barragem do Porto da Laje

 


Elemento alterador da paisagem, a Barragem do Porto da Laje está situada na confluência do Rio da Touça e do Rio da Pigarreira, Serra do Gerês.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

sábado, 2 de dezembro de 2023

Caminhadas do blogue Carris em Novembro de 2023

 


Em Novembro de 2023 percorri 228,9 km em caminhada de montanha, com um D+ 9.230 metros, totalizando assim 2.900,8 km e 124.088 metros de D+ em 2023.

Estas foram as caminhadas do blogue Carris em Novembro de 2023:

Serra do Gerês - De Pala Freita ao Pinhô por entre a chuva e a Natureza

353... Minas dos Carris

Trilhos seculares - Sabrosa e Prados da Messe

Serra do Gerês - Da Pedra Bela e pela Encosta do Cocuruto

- Serra do Gerês - Da Bouça da Mó ao Rio do Forno e Albergaria

Trilhos PNPG - Caminhada pelo Trilho da Peneda

Trilhos PNPG - Trilho da Águia do Sarilhão

- Serra do Gerês - Das Caldas do Gerês pelo Vale de Teixeira ao Campo do Gerês

- Serra do Gerês - Entre Xertelo e o Fojo de Alcântara

- Serra do Gerês - Do Arado aos Bicos Altos e Amarela

354... Minas dos Carris

Serra do Gerês - Das Caldas do Gerês ao Campo do Gerês pela GR50

Trilhos seculares - Carris de Maceira e Lomba de Pau

- Serra do Gerês - Entre a Guarda e a Albergaria pela Geira

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

Paisagens da Peneda-Gerês (MCCXXXVIII) - Varziela e Fragas de Corneda

 


Paisagem de fim de Outono na Serra do Gerês com as Fragas de Corneda a fechar a Corga de Cagademos e as cores outonais da Varziela.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

"Vozes na Neblina II"

 


Vozes na Neblina II

Longe vão as fogueiras e as eiras

Secos os ribeiros que trazem a vida

aos ásperos horizontes de memória,

aos serões ao borralho quando a noite não finda.


Já não se ouvem canções no vento

Já não repicam badalos no monte

neste eterno outono de esquecimento,

de histórias esquecidas que não há quem conte.


Por isso digo e repito!

Revoltando-se a terra que me corre nas veias!


Longe vão as fogueiras e as eiras

Ardendo com elas as raízes.


Ao lume... a alma de um povo.


Ao lume, é por ti que ardo.

Ao lume, é por ti que morro.


Texto de Hugo Araújo

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

"Vozes na Neblina I"

 


Vozes na Neblina I

Corre ao longe o ribeiro moldado pela leveza pétrea penetrante.

Sustentado pelo substrato natural, caminham juntos.

Paira levemente o manto Outonal,

O frio silencioso é como um Lobo no bosque...

Esquivo e atento, inalcançável e indomável.

Os sons brotam pelos poros da terra. Húmida e fértil, mesmo em tempo de pousio.

Aconchegando no seu peito a vida pura do rigor que se avizinha.

Ao longe, fitando os montes cor de fogo, espreita o Inverno,

    manchando firme e impondo um ritmo de gelo silenciador.

Vivemos tempos de recolha, de pureza e calma...

Texto de Ricardo Brito

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

Paisagens da Peneda-Gerês (MCCXXXVII) - Epílogo de Outono na Mata de Albergaria

 


O epílogo de Outono na Mata de Albergaria, Serra do Gerês.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

quinta-feira, 30 de novembro de 2023

A nova ponte sobre o Rio Maceira

 


Durante meses e semanas na Mata de Albergaria podia-se ter uma ideia do verdadeiro estado do Parque Nacional da Peneda-Gerês através do aspecto da ponte sobre o Rio Maceira.

Decrépita, a ponte acabaria por ser reparada em finais de Novembro após o financiamento por parte do Município de Terras de Bouro.

Sim, perguntem para onde vai o dinheiro da taxa de acesso à Mata de Albergaria?

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

Condicionamentos para as actividades de Natureza na Área de Ambiente Natural do Parque Nacional da Peneda-Gerês

 


Todos sabemos que os condicionamentos aplicados às actividades de Natureza na Área de Ambiente Natural do Parque Nacional da Peneda-Gerês, andam ao sabor dos ventos, das épocas do ano e dos interesses que vão surgindo. Assim, e para que todos possam se informar sobre estes condicionamentos, publico de novo este texto que nos dá uma explicação concisa sobre os mesmos.

Actualmente gerido pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) I. P., o Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG) surgiu como o sucessor da presença dos Serviços Florestais e como tal sempre foi visto pelas populações como um elemento «repressor» do poder central.

Assim, a relação entre o PNPG e as populações é uma história de uma relação e convivências difíceis. No entanto, convém sublinhar que foram estas populações que moldaram a montanha para conseguir uma simbiose que transformou a Peneda-Gerês naquilo que é hoje. O PNPG foi criado a 8 de Maio de 1971 através da publicação do Decreto-lei n.º 187/71 que pode ser consultado aqui e no qual se refere que "numa síntese da ética de protecção, trata-se de possibilitar numa vasta região montanhosa, de cerca de 60000 ha - quase na sua totalidade já submetidos ao regime florestal -, a conservação do solo, da água, da flora, da fauna e da paisagem, abrindo-a às vastas possibilidades do turismo, mas mantendo uma rede de reservas ecológicas de alto interesse científico, tanto nacional como internacional."

O actual Plano de Ordenamento vem substituir outro que em termos de actividades de visitação era muito mais restritivo, havendo então áreas interditas nas quais era proibida a presença humana. O actual Plano de Ordenamento foi elaborado na premissa e na base de que toda a área do Parque Nacional deve ser visitável, pois de outra forma não faz qualquer sentido tendo em conta a ocupação que há milénios é feita do território e o objectivo do próprio Parque Nacional. No entanto, esta visitação deve ser alvo de regras que permitam uma gestão da protecção a que cada área esteja submetida. Definiram-se assim diferentes zonas de protecção que de uma forma geral definem áreas prioritárias para a conservação da natureza e da biodiversidade. Estes níveis de protecção são definidos de acordo com a importância dos valores naturais presentes e de acordo com a sua sensibilidade ecológica.

Quais são estas zonas de protecção? O Plano de Ordenamento divide basicamente a área do parque nacional em duas áreas: a Área de Ambiente Natural e a Área de Ambiente Rural. Vamos esquecer esta última porque não nos interessa para o caso em questão e porque a gestão da problemática da visitação é muito mais simples. A Área de Ambiente Natural é por sua vez dividida em três zonas: a Área de Protecção Total; a Área de Protecção Parcial de Tipo I e a Área de Protecção Parcial de Tipo II. Casa uma destas zonas tem as suas especificações.

A Área de Protecção Total tem o estatuto de reserva integral e compreende os espaços onde predominam valores naturais físicos e biológicos cujo significado e importância do ponto de vista da conservação da natureza são excepcionalmente relevantes. Estas áreas correspondem a áreas de mais elevada proximidade a um estado de evolução natural e menos alteradas pela intervenção humana e englobam, essencialmente, bosques de carvalho e bosques de carvalho em associação com teixiais e azerais, teixiais, turfeiras e complexos geomorfológicos de relevante importância. Nas áreas de protecção total são prioritários os objectivos de manter os processos naturais num estado dinâmico e evolutivo, sem o desenvolvimento de actividades humanas regulares ou qualquer tipo de uso do solo, da água, do ar e dos recursos biológicos.


O Plano de Ordenamento do PNPG define que na Área de Protecção Total é permitida a visitação pedestre nos trilhos existentes, estando esta sujeita a autorização por parte do ICNF, IP. A autorização é necessária tanto em termos de visitas individuais como em grupos, não podendo estes ser superiores a 10 pessoas.

A Área de Protecção Parcial de Tipo I compreendem os espaços que contêm valores naturais significativos e de grande sensibilidade ecológica, nomeadamente valores florísticos, faunísticos, geomorfológicos e paisagísticos. Correspondem a áreas de elevada proximidade a um estado evolutivo natural e pouco alterado pela intervenção humana e englobam bosques de carvalho, bosques ripícolas, teixiais, azerais, turfeiras, complexos geomorfológicos de relevante importância e matos.


O Plano de Ordenamento do PNPG define que na Área de Protecção Parcial de Tipo I é permitida a visitação pedestre nos trilhos existentes, estradas, caminhos existentes ou outros locais autorizados, estando esta sujeita a autorização por parte do ICNF, IP. quando realizadas ou organizadas por grupos superiores a 10 pessoas e não previstas em carta de desporto de natureza. Isto é, grupos inferiores a 10 pessoas não necessitam de autorização.

A Área de Protecção Parcial de Tipo II estabelece a ligação com as áreas de ambiente rural, constituindo um espaço indispensável à manutenção dos valores naturais e salvaguarda paisagística, correspondendo a áreas de média proximidade a um estado de evolução natural e enquadram bosques de carvalho, azerais, e medronhais arbóreos, teixiais, turfeiras e matos.


O Plano de Ordenamento do PNPG define que na Área de Protecção Parcial de Tipo II é permitida a visitação pedestre nos trilhos existentes, estradas, caminhos existentes ou outros locais autorizados, estando esta sujeita a autorização por parte do ICNF, IP. quando realizadas ou organizadas por grupos superiores a 15 pessoas, bem como nos termos da carta de desporto de natureza. Isto é, não é necessária autorização para grupos inferiores a 15 pessoas.

Resumindo, para caminhar na Área de Protecção Total é necessária a autorização por parte do ICNF. De notar que o plano de ordenamento diz que qualquer actividade independente do número de pessoas, necessita de autorização! Isto é, mesmo uma só pessoa terá de solicitar essa autorização. As actividades de visitação na Área de Protecção Parcial de Tipo I podem ser realizadas sem autorização até um máximo de 10 pessoas. Isto é, para grupos superiores a 10 pessoas deve ser solicitada autorização ao PNPG. O mesmo acontece na Área de Protecção Parcial de Tipo II, mas para um número inferior a 15 pessoas (grupos superiores a 15 pessoas devem pedir autorização ao ICNF).

Fotografia © ICNF (Todos os direitos reservados)

Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

Previsão meteorológica para Nevosa/Carris (30 de Novembro a 7 de Dezembro)

 


Novembro termina como começou, com chuva e algum frio. As promessas de neve ficam-se por isso mesmo, apenas promessas.

Paisagens da Peneda-Gerês (MCCXXXVI) - Moinho de cubo vertical de Xertelo

 


O característico e pitoresco moinho de cubo vertical de Xertelo, Serra do Gerês.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

quarta-feira, 29 de novembro de 2023

A crise dos Serviços Florestais na Serra do Gerês

 


O subfinanciamento das áreas protegidas em Portugal não é um problema dos nossos dias. Na verdade, o Parque Nacional da Peneda-Gerês e, na verdade, qualquer outra área protegida no nosso país, nunca recebeu os fundos necessários para desempenhar as suas tarefas e cumprir os seus objectivos.

Os fundos públicos são sempre usados para encher os bolsos das grandes empresas privadas, construir estádios ou financiar eventos religiosos, além de se perderem nas teias da corrupção endémica que a política liberal aprofunda.

O problema já é velho e mesmo em finais do século XIX os Serviços Florestais, e como consequência os trabalhos realizados na Serra do Gerês, sofriam com isso.

De facto, em 1891 iniciava-se aquilo que Tude de Sousa apelidou como "um período angustioso e demorado para a vida das matas nacionais, cujas consequências o Gerês teve de suportar também." Iniciava-se assim um período durante o qual não se fizeram sementeiras e pequenas foram as plantações.

O mapa seguinte, mostra as despesas liquidadas em 1891 / 1892 nos serviços da Serra do Gerês:



O período de 1892 / 1893 seguiu o mesmo caminho, pois por falta de recursos, os trabalhos realizados nas matas foram reduzidos. Na Serra do Gerês limitou-se a trabalhos de conservação do que já havia sido feito até então.



O período seguinte (1893 / 1894) não viu qualquer evolução nos trabalhos realizados na Serra do Gerês, com os Serviços Florestais a limitarem-se à conservação e vigilância "do que até ali se fizera e à defeza da vegetação espontânea que por si lá ia revestindo a serra."



O período de 1895 / 1895 não trouxe grandes mudanças nos trabalhos realizados pelos Serviços Florestais na Serra do Gerês e mais uma vez "nada mais se podia fazer do que guardar e conservar os trabalhos noutros tempos realizados, pois mais não permitiam os minguados recursos orçamentais."



Tal como nos anos anteriores, o período de 1895 / 1896 não foi favorável à realização de trabalhos na Serra do Gerês, um cenário que finalmente mudaria em 1896 / 1897.


Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

Bibliografia:

- "Mata do Gerês - Subsídios Para Uma Monografia Florestal", Tude Martins de Sousa (1926)

Minas dos Carris em fotografia

 


A História das Minas dos Carris conta-se por palavras mas também por imagens. Este blogue é um passo para se ir escrevendo a História das Minas dos Carris, História essa que todos nós podemos ajudar a escrever.

Ao longo dos últimos anos tenho conseguido reunir um acervo fotográfico considerável sobre as Minas dos carris desde os anos 40 do século XX até à actualidade, sendo os anos 60 a única altura da História deste complexo mineiro que permanece sem qualquer registo.

Acredito que estas fotografias existam e que possam estar guardadas em velhos baús ou arquivos familiares que por vezes estão arrumados.

Para tal peço a quem tiver registos fotográficos sobre as Minas dos Carris que me enviem as suas fotografias para assim ajudar a escrever uma parte da nossa História que ainda se mantém escondida.

Todos os direitos serão reservados aos autores das fotografias que poderão ser utilizadas aqui neste blogue ou em trabalhos posteriores.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

Paisagens da Peneda-Gerês (MCCXXXV) - Bicos Altos desde Pousada

 


Um velho carvalho parece indicar a direcção para os Bicos Altos, Serra do Gerês, aqui vistos desde Pousada.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

Previsão meteorológica para Nevosa/Carris (29 de Novembro a 6 de Dezembro)

 


Dia de chuva em todo o Parque Nacional que amanhã poderá ser de neve nas Minas dos Carris, havendo a previsão de queda de neve até dia 5 de Dezembro, com as temperaturas mínimas a atingir os -3º no dia 1 de Dezembro.

terça-feira, 28 de novembro de 2023

Trilhos seculares - Carris de Maceira e Lomba de Pau

 


A caminhada foi-se fazendo aos sons do Outono que se agarra aos seus últimos dias, numa metamorfose invernal que eventualmente chegará.

Com a dança das nuvens e o ir e voltar das névoas, a paisagem ora se mostrava, ora se escondia. Os tons de cinza num dia soturno faziam com que o verde que resiste surgisse num pálido mostrar do que já foi em dias idos de Primavera e Verão. Estes são os dias do recolhimento e dos serões à lareira, escutando a chuva a embater nas vidraças e o vento que assobia pela chaminé.

Os dias escurecem cedo e por alguma razão, o meu relógio interno acorda-me cedo. Lá fora é ainda sempre escuro e o silêncio preenche a aldeia. São os dias do recolhimento, dos serões à lareira e do ambiente quente das casas, mas há sempre quem queira desafiar este conforto...


Mais uma vez, das centenas já este ano, botas calçadas e mochila pronta. A caminhada seria curta, por isso o manjar era coisa pouca, sem esquecer o costumeiro café que se faz na montanha.

A «viagem» para a Portela de Leonte fez-se pela Estrada Panorâmica das Voltas de São Bento. A Estrada da Geira está, como hei-de dizer, miserável, sendo poucos os pedaços sem gigantes crateras que põem à prova a suspensão dos mais incautos. Quando chegar o Verão quem de direito irá reparar a estrada, os que por cá ficam que se lixem... na verdadeira acepção da palavra porque já não há paciência para politiquices.

Carro parado na Portela de Leonte e começa a jornada, seguindo pela «estrada privada do Estado sob gestão do ICNF» até atingir a ponte sobre o Rio Maceira, virando à direita e entrando no Vale do Rio Maceira. Este troço de carreiro dá-me sempre a sensação de estar a entrar numa parte selvagem da Serra do Gerês, apesar de tão próxima da estrada. Equipado para o frio, pois a chuva ainda se mantinha longe, paro na ponte da madeira que atravessa para a margem direita do Maceira e decido tirar o casaco. Bem mais confortável fiquei, sem a sensação de um escaldão nas costas.



A passagem pelo Curral de Maceira, guardado pelas altas paredes do vale que se afunila a Nascente, mostra-me a subida para as Tábuas. É uma subida que se faz a passo lento com várias paragens para apreciar o deambular das nuvens malucos que correm vale fora e vale acima. O vale, este, fica cada vez mais fundo à medida que se sobre e a paisagem se alarga para o Pé de Cabril que luta por se manter à tona do mar de nuvens que o abraça. Em breve, estou na chã que antecede a subida para Carris de Maceira e o olhar alarga-se para os tons escuros da Mata de Albergaria. O manto de Outono vai desaparecendo aos poucos, dando lugar às árvores despidas e adormecidas para o Inverno.

Subo então para o curral a pouca distância, seguindo na vertente da Corga de Cagademos voltada às Fragas da Corneda e ao longe vislumbro o primeiro rebanho de cabras-montesas do dia. Atentas à minha breve passagem, mantêm-se seguras à distância com o macho dominante nas suas cores de Inverno fitando os meus passos. Estes, levaram-me então ao Curral de Carris de Maceira com o topo do Pé de Medela a espreitar para lá das faldas da serra que ali se encrespa num nervoso granítico miudinho.


Ao longo da caminhada, a chuva havia-se mantido afastada. As nuvens, no seu ir e voltar, iam tornando o ambiente mais ou menos húmido, mas a certa altura - quando o nevoeiro encobriu por completo a paisagem e os vales se transformaram em paredes impenetráveis - lá começou a cair. O abrigo relativo de Carris de Maceira foi de curta duração, pois com a chuva viria também um vento frio.

O segundo rebanho de cabras-montesas escondia-se pelas fragas quando comecei a acelerar o passo para chegar ao abrigo da Lomba de Pau, percorrendo a Corga dos Cântaros e ladeando o cabeço do mesmo nome até atingir o Vale da Lomba de Pau. A chegada ao Curral da Lomba de Pau foi já em chuva abundante e o abrigo deu-me a sensação de uma mansão na qual saboreei um magnífico café feito na hora. Pequenos prazeres.

Enquanto saboreava o café, a chuva acabaria por acalmar, fazendo-se sentir por breves aguaceiros que traziam - de quando em vez - umas gotas mais grossas que se faziam escutar de forma grave no impermeável.

O regresso ao ponto de partida fez-se seguindo para a Chã das Gralheiras e Lamas de Borrageiro, descendo depois para a Chã da Fonte e Preza, e continuando para o Vidoal e Chã do Carvalho, percorrendo a magnífica calçada da Encosta do Murjal e o carreiro até à Portela de Leonte.

Ficam algumas fotografias do dia, enquanto a chuva foi deixando...














Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)