Elemento alterador da paisagem, a Barragem do Porto da Laje está situada na confluência do Rio da Touça e do Rio da Pigarreira, Serra do Gerês.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
Elemento alterador da paisagem, a Barragem do Porto da Laje está situada na confluência do Rio da Touça e do Rio da Pigarreira, Serra do Gerês.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
Em Novembro de 2023 percorri 228,9 km em caminhada de montanha, com um D+ 9.230 metros, totalizando assim 2.900,8 km e 124.088 metros de D+ em 2023.
Estas foram as caminhadas do blogue Carris em Novembro de 2023:
- Serra do Gerês - De Pala Freita ao Pinhô por entre a chuva e a Natureza
- Trilhos seculares - Sabrosa e Prados da Messe
- Serra do Gerês - Da Pedra Bela e pela Encosta do Cocuruto
- Serra do Gerês - Da Bouça da Mó ao Rio do Forno e Albergaria
- Trilhos PNPG - Caminhada pelo Trilho da Peneda
- Trilhos PNPG - Trilho da Águia do Sarilhão
- Serra do Gerês - Das Caldas do Gerês pelo Vale de Teixeira ao Campo do Gerês
- Serra do Gerês - Entre Xertelo e o Fojo de Alcântara
- Serra do Gerês - Do Arado aos Bicos Altos e Amarela
- Serra do Gerês - Das Caldas do Gerês ao Campo do Gerês pela GR50
- Trilhos seculares - Carris de Maceira e Lomba de Pau
- Serra do Gerês - Entre a Guarda e a Albergaria pela Geira
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
Paisagem de fim de Outono na Serra do Gerês com as Fragas de Corneda a fechar a Corga de Cagademos e as cores outonais da Varziela.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
Longe vão as fogueiras e as eiras
Secos os ribeiros que trazem a vida
aos ásperos horizontes de memória,
aos serões ao borralho quando a noite não finda.
Já não se ouvem canções no vento
Já não repicam badalos no monte
neste eterno outono de esquecimento,
de histórias esquecidas que não há quem conte.
Por isso digo e repito!
Revoltando-se a terra que me corre nas veias!
Longe vão as fogueiras e as eiras
Ardendo com elas as raízes.
Ao lume... a alma de um povo.
Ao lume, é por ti que ardo.
Ao lume, é por ti que morro.
Texto de Hugo Araújo
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
Corre ao longe o ribeiro moldado pela leveza pétrea penetrante.
Sustentado pelo substrato natural, caminham juntos.
Paira levemente o manto Outonal,
O frio silencioso é como um Lobo no bosque...
Esquivo e atento, inalcançável e indomável.
Os sons brotam pelos poros da terra. Húmida e fértil, mesmo em tempo de pousio.
Aconchegando no seu peito a vida pura do rigor que se avizinha.
Ao longe, fitando os montes cor de fogo, espreita o Inverno,
manchando firme e impondo um ritmo de gelo silenciador.
Vivemos tempos de recolha, de pureza e calma...
Texto de Ricardo Brito
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
O epílogo de Outono na Mata de Albergaria, Serra do Gerês.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
Durante meses e semanas na Mata de Albergaria podia-se ter uma ideia do verdadeiro estado do Parque Nacional da Peneda-Gerês através do aspecto da ponte sobre o Rio Maceira.
Decrépita, a ponte acabaria por ser reparada em finais de Novembro após o financiamento por parte do Município de Terras de Bouro.
Sim, perguntem para onde vai o dinheiro da taxa de acesso à Mata de Albergaria?
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
Novembro termina como começou, com chuva e algum frio. As promessas de neve ficam-se por isso mesmo, apenas promessas.
O característico e pitoresco moinho de cubo vertical de Xertelo, Serra do Gerês.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
O subfinanciamento das áreas protegidas em Portugal não é um problema dos nossos dias. Na verdade, o Parque Nacional da Peneda-Gerês e, na verdade, qualquer outra área protegida no nosso país, nunca recebeu os fundos necessários para desempenhar as suas tarefas e cumprir os seus objectivos.
Os fundos públicos são sempre usados para encher os bolsos das grandes empresas privadas, construir estádios ou financiar eventos religiosos, além de se perderem nas teias da corrupção endémica que a política liberal aprofunda.
O problema já é velho e mesmo em finais do século XIX os Serviços Florestais, e como consequência os trabalhos realizados na Serra do Gerês, sofriam com isso.
De facto, em 1891 iniciava-se aquilo que Tude de Sousa apelidou como "um período angustioso e demorado para a vida das matas nacionais, cujas consequências o Gerês teve de suportar também." Iniciava-se assim um período durante o qual não se fizeram sementeiras e pequenas foram as plantações.
O mapa seguinte, mostra as despesas liquidadas em 1891 / 1892 nos serviços da Serra do Gerês:
O período de 1892 / 1893 seguiu o mesmo caminho, pois por falta de recursos, os trabalhos realizados nas matas foram reduzidos. Na Serra do Gerês limitou-se a trabalhos de conservação do que já havia sido feito até então.
O período seguinte (1893 / 1894) não viu qualquer evolução nos trabalhos realizados na Serra do Gerês, com os Serviços Florestais a limitarem-se à conservação e vigilância "do que até ali se fizera e à defeza da vegetação espontânea que por si lá ia revestindo a serra."
O período de 1895 / 1895 não trouxe grandes mudanças nos trabalhos realizados pelos Serviços Florestais na Serra do Gerês e mais uma vez "nada mais se podia fazer do que guardar e conservar os trabalhos noutros tempos realizados, pois mais não permitiam os minguados recursos orçamentais."
Tal como nos anos anteriores, o período de 1895 / 1896 não foi favorável à realização de trabalhos na Serra do Gerês, um cenário que finalmente mudaria em 1896 / 1897.
Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
Bibliografia:
- "Mata do Gerês - Subsídios Para Uma Monografia Florestal", Tude Martins de Sousa (1926)
A História das Minas dos Carris conta-se por palavras mas também por imagens. Este blogue é um passo para se ir escrevendo a História das Minas dos Carris, História essa que todos nós podemos ajudar a escrever.
Ao longo dos últimos anos tenho conseguido reunir um acervo fotográfico considerável sobre as Minas dos carris desde os anos 40 do século XX até à actualidade, sendo os anos 60 a única altura da História deste complexo mineiro que permanece sem qualquer registo.
Acredito que estas fotografias existam e que possam estar guardadas em velhos baús ou arquivos familiares que por vezes estão arrumados.
Para tal peço a quem tiver registos fotográficos sobre as Minas dos Carris que me enviem as suas fotografias para assim ajudar a escrever uma parte da nossa História que ainda se mantém escondida.
Todos os direitos serão reservados aos autores das fotografias que poderão ser utilizadas aqui neste blogue ou em trabalhos posteriores.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
Um velho carvalho parece indicar a direcção para os Bicos Altos, Serra do Gerês, aqui vistos desde Pousada.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
Dia de chuva em todo o Parque Nacional que amanhã poderá ser de neve nas Minas dos Carris, havendo a previsão de queda de neve até dia 5 de Dezembro, com as temperaturas mínimas a atingir os -3º no dia 1 de Dezembro.
A caminhada foi-se fazendo aos sons do Outono que se agarra aos seus últimos dias, numa metamorfose invernal que eventualmente chegará.
Com a dança das nuvens e o ir e voltar das névoas, a paisagem ora se mostrava, ora se escondia. Os tons de cinza num dia soturno faziam com que o verde que resiste surgisse num pálido mostrar do que já foi em dias idos de Primavera e Verão. Estes são os dias do recolhimento e dos serões à lareira, escutando a chuva a embater nas vidraças e o vento que assobia pela chaminé.
Os dias escurecem cedo e por alguma razão, o meu relógio interno acorda-me cedo. Lá fora é ainda sempre escuro e o silêncio preenche a aldeia. São os dias do recolhimento, dos serões à lareira e do ambiente quente das casas, mas há sempre quem queira desafiar este conforto...
Mais uma vez, das centenas já este ano, botas calçadas e mochila pronta. A caminhada seria curta, por isso o manjar era coisa pouca, sem esquecer o costumeiro café que se faz na montanha.
A «viagem» para a Portela de Leonte fez-se pela Estrada Panorâmica das Voltas de São Bento. A Estrada da Geira está, como hei-de dizer, miserável, sendo poucos os pedaços sem gigantes crateras que põem à prova a suspensão dos mais incautos. Quando chegar o Verão quem de direito irá reparar a estrada, os que por cá ficam que se lixem... na verdadeira acepção da palavra porque já não há paciência para politiquices.
Carro parado na Portela de Leonte e começa a jornada, seguindo pela «estrada privada do Estado sob gestão do ICNF» até atingir a ponte sobre o Rio Maceira, virando à direita e entrando no Vale do Rio Maceira. Este troço de carreiro dá-me sempre a sensação de estar a entrar numa parte selvagem da Serra do Gerês, apesar de tão próxima da estrada. Equipado para o frio, pois a chuva ainda se mantinha longe, paro na ponte da madeira que atravessa para a margem direita do Maceira e decido tirar o casaco. Bem mais confortável fiquei, sem a sensação de um escaldão nas costas.
A passagem pelo Curral de Maceira, guardado pelas altas paredes do vale que se afunila a Nascente, mostra-me a subida para as Tábuas. É uma subida que se faz a passo lento com várias paragens para apreciar o deambular das nuvens malucos que correm vale fora e vale acima. O vale, este, fica cada vez mais fundo à medida que se sobre e a paisagem se alarga para o Pé de Cabril que luta por se manter à tona do mar de nuvens que o abraça. Em breve, estou na chã que antecede a subida para Carris de Maceira e o olhar alarga-se para os tons escuros da Mata de Albergaria. O manto de Outono vai desaparecendo aos poucos, dando lugar às árvores despidas e adormecidas para o Inverno.
Subo então para o curral a pouca distância, seguindo na vertente da Corga de Cagademos voltada às Fragas da Corneda e ao longe vislumbro o primeiro rebanho de cabras-montesas do dia. Atentas à minha breve passagem, mantêm-se seguras à distância com o macho dominante nas suas cores de Inverno fitando os meus passos. Estes, levaram-me então ao Curral de Carris de Maceira com o topo do Pé de Medela a espreitar para lá das faldas da serra que ali se encrespa num nervoso granítico miudinho.
Ao longo da caminhada, a chuva havia-se mantido afastada. As nuvens, no seu ir e voltar, iam tornando o ambiente mais ou menos húmido, mas a certa altura - quando o nevoeiro encobriu por completo a paisagem e os vales se transformaram em paredes impenetráveis - lá começou a cair. O abrigo relativo de Carris de Maceira foi de curta duração, pois com a chuva viria também um vento frio.
O segundo rebanho de cabras-montesas escondia-se pelas fragas quando comecei a acelerar o passo para chegar ao abrigo da Lomba de Pau, percorrendo a Corga dos Cântaros e ladeando o cabeço do mesmo nome até atingir o Vale da Lomba de Pau. A chegada ao Curral da Lomba de Pau foi já em chuva abundante e o abrigo deu-me a sensação de uma mansão na qual saboreei um magnífico café feito na hora. Pequenos prazeres.
Enquanto saboreava o café, a chuva acabaria por acalmar, fazendo-se sentir por breves aguaceiros que traziam - de quando em vez - umas gotas mais grossas que se faziam escutar de forma grave no impermeável.
O regresso ao ponto de partida fez-se seguindo para a Chã das Gralheiras e Lamas de Borrageiro, descendo depois para a Chã da Fonte e Preza, e continuando para o Vidoal e Chã do Carvalho, percorrendo a magnífica calçada da Encosta do Murjal e o carreiro até à Portela de Leonte.
Ficam algumas fotografias do dia, enquanto a chuva foi deixando...
Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)