Ao estudar os mapas da zona de Pitões das Júnias, bem como tirando partido das informações contidas no OSM, deparei-me com o traçado de um carreiro que, saindo de Vergaças se dirige para Sudoeste e depois começa a subir a vertente Sul do Cabeço de Fitoiro. Achei o percurso interessante e decidi então voltar a paragens por onde já não caminhava há demasiados anos...
O dia começou com o pequeno-almoço no alojamento e depois um café na Padaria de Pitões. A partir daqui, lá tivemos a companhia das cadelitas da D. Gracinda que nos guiaram por aquelas paragens. Deixando a aldeia, seguimos inicialmente o traçado da pequena rota PR11 MTR Trilho do Pastoreio que nos levaria até à Cabana de Vergaças passando pelas leiras junto do povoado e descendo para o carvalhal, seguindo para as imediações da aldeia velha do Juriz e do Castelo, e seguindo depois para o Curral do Rebolo da Porca.
Sendo um percurso habitualmente utilizado, o carreiro está bem definido e a chegada a Vergaças fez-se sem qualquer problema, como seria de esperar. O «desafio» começava aqui, isto é, tentar então seguir o "misterioso" traçado que supostamente nos levaria a rodar o Cabeço de Fitoiro.
A saída de Vergaças na direcção Oeste acabaria por ser ligeiramente problemática, pois não sendo já zona muito calcorreada, os carreiros encontram-se muito fechados com a vegetação. No entanto, a presença dos animais por aquelas paragens, ajudam ainda ao vislumbre de um carreiro esquecido. Seguindo inicialmente por este carreiro, logo cedo chegamos à conclusão que não estávamos a seguir na direcção que desejávamos. Nestas situações, nada melhor do que voltar atrás e olhar o cenário que se nos depara.
A verdade, é que por onde deveria seguir o percurso que desejávamos fazer, não se vislumbrava qualquer sinal de um velho carreiro ou mesmo de mariolas (fossem antigas ou recentes). A encosta estava coberta de vegetação que alguns pontos parecia baixa, mas que acabava por dificultar a progressão. Acabaríamos por subir o cabeço seguindo por zonas de pouco mato ou de rocha, chegando depois a um outro carreiro - este já assinalado por mariolas - que percorre as alturas desérticas daquelas paragens.
Admito que a encosta possa em tempos ter sido vítima de uma queimada ou incêndio florestal que com o passar dos anos viesse a esconder ou fazer desaparecer o caminho, mas uma consulta às «velhas» fotografias de satélite disponíveis no Google Earth, acabaria por revelar que aquele traçado desenhado no OpenStreetMap simplesmente não existe e nunca terá existido.
Este caso não único e o OSM está cheio de traçados nas zonas mais inóspitas do Parque Nacional da Peneda-Gerês que certamente serão resultantes de aventuras individuais que terão marcado alguém, mas que nunca terão sido caminhos reais. Esta situação faz-me lembrar o que acontecia há vários anos na plataforma Wikiloc (e parece ainda ser recorrente) onde eram publicados ou disponibilizados traçados que haviam sido desenhados no Google Earth e que não resultavam de uma experiência real no terreno. A ânsia de se mostrar conhecedor de um território ou a vaidade de publicar muitos trajectos, leva a estas situações por parte de indivíduos que pequeno ego ou de conhecimento esparso.
Desistindo assim de procurar o percurso que me fez desafiar a montanha neste dia, descemos para o Curral da Tulha para um já, mais do que merecido, repasto e descanso, seguindo depois pela Corga da Tulha até encontrar de novo o traçado do PR11 MTR que fizemos em sentido contrário até Pitões das Jùnias.
As duas meninas que nos acompanharam portaram-se muito bem e ao chegar à aldeia, seguiram na direcção de um merecido descanso com as patitas um pouco doridas.
Ficam algumas fotografias do dia...
Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
