Assim, Ricardo Jorge fala-nos de paisagens conhecidas e das sensações que elas proporcionam começando por uma viagem entre Braga e as Caldas do Gerês...
O texto transcrito abaixo é mantido na sua forma original e com o português que era escrito em finais do Século XIX.
A Villegiatura e a Serra, por Ricardo Jorge
"Para as Caldas. A pittoresca e antiga Braga, estação terminus da via férrea, é ponto forçado de transito para a grande maioria dos forasteiros gerezianos. Tres comboios por dia se offerecem á opção do viajante; ha duas carreiras diarias de diligencia para o Gerez; mas o transito mais commodo e rapido nos trens fretados da Companhia Carris de Braga, que tem montado um serviço perfeito, com mudas a meio caminho, de modo a não exceder a jornada quatro horas.
Raro é aquelle que por distracção e até conveniencia hygienica não pousa á ida ou á volta na bella estancia do Bom-Jesus, a formosa collina do sanctuario, erriçada de carvalhos e capellas, com os seus parques frondosos, as suas fontes perennes, encaixilhada em soberbos panoramas. Sagrada pelo culto religioso e pela opulencia da natureza, a arte moderna do conforto veio completal-a; quem gozar da ascensão no elevador funicular e se alojar no Grande Hotel, terá com que contentar o seu orgulho nacional. D'alli saúda o viajante a serra do Gerez que lhe estendera em face a espinha anfractuosa, d'onde preminam as culminancias do Cabril e Borrageiro, como a giba d'um dromedario.
O trajecto para as caldas tem uma variante que custa apenas meia-hora, para o que desejar vêr a confluencia do Homem e Cavado na Ponte do Bico e atrevessar o sítio d'Amares. Em geral prefere-se a via mais curta, que galga o Cavado, na archi-secular Ponte do Porto, obra dos romanos."
Fotografia © Rui C. Barbosa
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