sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Outros lugares de Carris (XLI)

Carris, 23 de Dezembro de 1993

Em tempos, foi o único edifício que oferecia um telhado e um abrigo aos visitantes das Minas dos Carris... o vandalismo e finalmente os elementos acabaram por transformar o paiol numa ruína...

Fotografia: © Rui C. Barbosa

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Notas históricas (XXV)

Carris, anos 50

Tal como referi num comentário a uma questão colocada na entrada anterior, estou a tentar determinar com a maior precisão possível a data da construção da estrada que faz a ligação até às Minas dos carris pelo Vale do Alto Homem.

A estrada terá sido construída provavelmente no início dos anos 40 pois a 20 de Abril de 1943 é feito um requerimento à Iª Circunscrição Florestal da Direcção-Geral dos Serviços Florestais, para reparação e melhoramento do caminho no Vale do Homem desde Albergaria. A autorização é concedida a 19 de Maio e emitida a 24 de Maio. A 16 de Junho é autorizada a utilização do caminho Leonte – Albergaria por despacho emitido a 22 de Junho. Os trabalhos desenrolam-se com 1000 operários no período máximo de actividade e em 3 meses são melhorados 6200 metros de caminho.

A 18 de Agosto é comunicado à Sociedade Mineira dos Castelos que ficara sem efeito o despacho de 19 de Maio que dava autorização para os arranjos no caminho entre Albergaria e os Carris. A Sociedade Mineira dos Castelos é surpreendida com a decisão de suspensão dos trabalhos mas acata de imediato a ordem. No entanto em carta dirigida ao governo refere que cerca de 800 homens (na sua maior parte chefes de família que ali obtêm o seu ganha pão) serão despedidos.

De notar que ao requerimento é feito para reparação e melhoramento do caminho no Vale do Homem. Na realidade é difícil de concluir que nesta data já existia uma estrada larga ou se a reparação e melhoramento do caminho se refere à abertura da mesma. No passado dia 29 de Janeiro (Notas históricas (XX)) publiquei uma fotografia onde se vê um pequeno trilho onde hoje passa a estrada para as Minas dos Carris. Apesar de não datada penso que esta fotografia será do princípio da década de 40 e ao olharmos para ela com atenção não vemos qualquer sinal da actual estrada.

Assim, talvez se possa concluir que a construção da estrada para as Minas dos Carris terá ocorrido entre Junho de 1941, data do primeiro pedido de concessão mineira por Domingos da Silva, e 1943, ano no qual se desenrolam os trabalhos de reparação da estrada.

Fotografia: © José Rodrigues de Sousa

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Notas históricas (XXIV)

Vale do Rio Homem, data indefinida

Esta semana deparei-me com a fotografia em cima que ilustra um postal antigo de uma colecção sobre a Serra do Gerês e cuja legenda refere "Cascata no rio Gerez". O usual visitante daquelas paragens facilmente constata que a legenda do postal está errada, pois a fotografia mostra a paisagem conhecida do Rio Homem junto do Prado de S. Miguel onde hoje se localiza a ponte que permite a passagem para a Portela do Homem.

No entanto, e não conseguindo datar a fotografia, é interessante observar que na margem esquerda do Rio Homem parece existir já um caminho ou trilho que percorrerá o vale até aos pontos mais elevados da Serra do Gerês.

Talvez seja possível ter uma ideia aproximada da data deste postal (ou da fotografia que o ilustra) ao compararmos com outros da sua colecção. Caso alguém consiga datar este postal agradecia a ajuda.

Fotografia: © Rui C. Barbosa

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Notas históricas (XXIII)

Carris, anos 50

As Minas dos Carris assistiram ao seu maior desenvolvimento com a entrada em cena da Sociedade das Minas do Gerês, Lda. em 1950. O pedido de transmissão da concessão para esta sociedade dá entrada no respectivo ministério a 5 de Fevereiro de 1950. A transição da concessão ocorre a 25 de Julho de 1950 (a pedido de uma Comissão Liquidatária da Sociedade de Minas dos Castelos, Lda.).

A autorização de transferência da concessão para a Sociedade das Minas do Gerês é dada a 2 de Novembro de 1950 e a certidão de transferência é passada pelo notário Francisco Mário de Sousa, do Porto, a 4 de Dezembro de 1950, sendo deferido o requerimento a 18 de Dezembro. O alvará de transmissão da concessão tem o número 4712 (referente à mina 2234 Salto do Lobo).

A fotografia que ilustra esta entrada mostra o início da construção do que viria a ser o edifício onde seriam colocados os geradores que iriam fornecer energia eléctrica às Minas dos Carris.

Fotografia: © José Rodrigues de Sousa

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

A mariola azul... (II)

No passado dia 23 de Fevereiro um grupo de caminheiros pertencentes ao Grupo de Amizade levou a cabo uma marcha na qual tiveram a oportunidade de visitar as Minas do Borrageiro, passando pela Lage dos Infernos e Lagoa do Marinho. Uma fantástica caminhada que lhes proporcionou a oportunidade para sentirem umas das paisagens que a Serra do Gerês e o Parque Nacional têm para nos oferecer.

Infelizmente os membros deste grupo viram também as já famosas mariolas azuis, pesadelo único daquela zona do Parque Nacional, para além de setas em azul e de uma inscrição final.

É de louvar a atitude dos caminheiros do Grupo de Amizade para a preservação da paisagem que a Serra do Gerês após ter sido pintada por alguém cuja consciência ambiental e paisagística da zona ficou perdida no meio da sua única sinapse.

Para saberem mais sobre esta e outras actividades do Grupo de Amizade podem aceder ao seu blogue em http://ecdcportugal.blogspot.com/.

Fotografias: © Jorge Nogueira (EC/DC de Portugal / Grupo de Amizade)

Segredos na Serra do Gerês...

Carris, 23 de Dezembro de 1993

Carris tem ainda muitos segredos por descobrir e muitas estórias por revelar. Aos poucos completa-se o vazio que preenche esta história perdida no tempo. Surgem datas, factos, acontecimentos que marcaram uma época mas que em poucos anos parecem tão esquecidos e longínquos no passado que por vezes parece estar a desvendar uma época milenar.

Faltam ainda pormenores importantes sobre as pessoas e as sociedades que exploraram as concessões mineiras nos Carris. Qual a relação que se estabeleceu com outras explorações mineiras? Como foi feito o abandono das Minas dos Carris? São questões à procura de uma resposta que mais tarde ou mais cedo irá surgir...

Fotografia: © Rui C. Barbosa


domingo, 24 de fevereiro de 2008

Carlos Sousa (1944 - 2008)


Carlos Sousa
(1944 - 2008)

Foi com triste pesar que recebi a notícia do falecimento de Carlos Sousa, um dos colaboradores deste blogue. Nunca tive a oportunidade de conhecer pessoalmente o Carlos mas através das nossas trocas de e-mail fui capaz de me aperceber da sua maneira de estar na vida.

Com muitas das informações prestadas e através do seu contacto inicial, este blogue e o trabalho que desenvolvo para escrever a história das Minas dos Carris deu um salto qualitativo que jamais seria possível sem a sua ajuda. Descansa em paz Carlos...

Fotografia: © José Rodrigues de Sousa

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Procuro fotografias das Minas dos Carris

Carris, 22 de Junho de 2003

A História das Minas dos Carris conta-se por palavras mas também por imagens. Este blogue é um primeiro passo para tentar escrever a História das Minas dos Carris, História essa que todos nós podemos ajudar a escrever. Para tal peço a quem tiver registos fotográficos sobre as Minas dos Carris que me enviem as suas fotografias para assim ajudar a escrever uma parte da nossa História que ainda se mentém escondida. Todos os direitos serão reservados aos autores das fotografias que poderão ser utilizadas aqui neste blogue ou em trabalhos posteriores.

Fotografia: © Rui C. Barbosa

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Carris, orónimo (II)

Carris, 1891

Já anteriormente havia escrito um pequeno texto sobre a minha teoria que procura explicar a origem do orónimo Carris (datado de 27 de Março de 2007). Sempre achei que esta designação é muitíssimo anterior à existência das minas de volfrâmio e o mapa que ilustra esta entrada no blogue serve mais uma vez para o provar.

O mapa que aqui reproduzo foi publicado pela primeira vez em 1891 no livro "Caldas do Gerez - Guia Thermal" da autoria de Ricardo Jorge.

Este mapa é muitíssimo interessante e revela-nos uma Serra do Gerês com pormenores que muito desconhecem. De notar na sua parte superior direita a marcação dos Carris e o interessante detalhe de não estar assinalado qualquer caminho para o ponto mais alto da Serra do Gerês através do Vale do Alto Homem.

Mapa: © Ricardo Jorge

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

A mariola azul...

Carris, 10 de Fevereiro de 2008

Muitas vezes imaginamos a montanha como algo de imutável, algo que tem tendência para se conservar com o tempo. O mesmo acontece às características humanas que marcam a serra tais como os abrigos dos pastores, os seculares trilhos ou as úteis mariolas que nos ajudam a encontrar os caminhos. Os trilhos que atravessam a Serra do Gerês são o resultado de anos e anos de actividade pastorícia na montanha, sendo em tempos idos também utilizados pelos peregrinos para chegar aos locais de culto no São Bento da Porta Aberta ou mesmo como caminhos em direcção a Santiago de Compostela. Podemos imaginar em tempos medievais, qual cenário tirado de um romance de Umberto Eco, os peregrinos a percorrer as cinzentas montanhas num verdadeiro ambiente medieval.

Para aqueles que calcorreiam as montanhas contemplando o seu esplendor, aquilo que a caminhada proporciona é retribuído preservando os espaços e tentando deixar o lugar um pouco melhor do que o encontrou. Na montanha esperamos ver cores naturais, cores da montanha, foi por isso com um certo espanto que me deparei na minha última caminhada aos Carris a partir da Lagoa do Marinho com alguns exemplares do que talvez venha a ser um novo aspecto característico da Serra do Gerês: mariolas azuis! Confesso que não faço a mínima ideia de quem terá sido a ideia de pintar as mariolas de azul. Se a ideia partiu dos pastores então talvez faça algum sentido e como tal será daqui a algum tempo um pormenor interessante para o visitante. Se por outro lado a ideia partiu de alguma empresa de turismo ambiental, então não compreendo como terão sido capazes de fazer tamanha aberração e pergunto mesmo com que direito transformam assim a paisagem serrana? Ou será que a ideia partiu do bom planeamento de uma operação de socorro? Gostava de saber a resposta...
Fotografias: © Rui C. Barbosa

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Parque Nacional da Peneda-Gerês é candidato à eleição das Sete Maravilhas da Natureza

O Parque Nacional da Peneda-Gerês, que ocupa uma área de 70290 hectares, estende-se pelos concelhos de Arcos de Valdevez, Montalegre, Ponte da Barca, Terras de Bouro e Melgaço. Criado em 1971, o PNPG, que é o único parque nacional português, integra 114 aldeamentos, onde residem cerca de 10 mil pessoas, que se dedicam na maioria à agricultura, pastorícia e pecuária.

Para votar: http://www.new7wonders.com/nature/en/index/

A represa das Minas dos Carris

Carris, 10 de Fevereiro de 2008

Construída em 1956, a represa das Minas dos Carris é um lugar de visita obrigatória para aqueles que caminham até às ruínas do velho complexo mineiro. A represa teria como função proporcionar a água necessária para a lavagem do minério na lavaria sendo ainda possível distinguir em alguns locais os suportes das condutas que ligavam os dois pontos.

Sendo um local de contemplação e a partir do qual se pode ter uma vista privilegiada sobre a Garganta das Negras e em direcção ao Pico da Nevosa, é também um local de tragédia pois foi aqui que ocorreram as mais recentes mortes registadas naquela zona. Se no Verão é um local que convida a um mergulho refrescante nas suas águas escuras, no Inverno todo o cuidado é pouco pois o frio intenso gela as suas águas criando uma armadilha mortal.
Fotografias: © Rui C. Barbosa

domingo, 17 de fevereiro de 2008

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

O volfrâmio perdido na Lamalonga

Carris, 7 de Outubro de 2007

Apesar de uma das concessões mineiras existentes nos Carris se referir à Corga da Lamalonga, a exploração nesta zona limitou-se à extracção do volfrâmio existente nos aluviões. Este foi sempre um trabalho a céu aberto não se dando a prospecção do minério em profundidade.

Com o decorrer das sondagens levadas a cabo na área dos Carris, tornou-se evidente que o filão volfrâmico evoluía em profundidade terminando do chamado Filão Paulino explorado na Garganta das Negras.

A concessão do Salto do Lobo foi a exploração mais importante das Minas dos Carris. Após extraído das profundezas da Terra, o minério era trazido à superfície e encaminhado para a lavaria existente no topo da Corga da Lamalonga. Daqui o minério era transportado para os fornos e outros processos que o preparavam para a viagem até aos locais de venda. No entanto, algum do minério acabava por ficar na escombreira da Lamalonga onde era recolhido por pessoas não pertencentes à 'companhia' e vendido individualmente, ajudando assim a economia de algumas famílias serranas.

Fotografia: © Rui C. Barbosa

Carris e o Parque Nacional da Peneda-Gerês

Carris, 10 de Fevereiro de 2008

Chega mais um fim-de-semana e provavelmente muitos irão procurar caminhar até às Minas dos Carris. Curiosidade levantada pela sensacionalista abordagem aos acontecimentos de há duas semanas feita pelos meios de comunicação social, que em pouco tempo fizeram o que dezenas de blogues não tinham feito durante meses, muitos irão rumar à Serra do Gerês.

Tal como tem acontecido em outros portais na Internet, também este blogue é descoberto por muitos que procuram na rede informações sobre as 'minas dos Carris', o 'alto da Nevosa', 'os perdidos no Gerês', e muitas outras palavras.

Espero que as talvez dezenas de pessoas que nos próximos fins-de-semana visitem o Parque Nacional da Peneda-Gerês em geral e os Carris em particular à procura de vestígios dos 'perdidos', tenham plena consciência do local onde se encontram. O Parque Nacional da Peneda-Gerês é a única, ÚNICA, área protegida existente em Portugal com esta classificação. Para quem desconhece o que é um parque nacional transcrevo aqui uma definição dada no sítio do Instituto Conservação da Natureza e Biodiversidade: "Área com ecossistemas pouco alterados pelo homem, amostras de regiões naturais características, paisagens naturais ou humanizadas, locais geomorfológicos ou habitats de espécies com interesse ecológico, científico e educacional. "

Por outro lado, a zona da Serra do Gerês que visitarem encontra-se perto de áreas de protecção parcial ou mesmo integral, isto é áreas que devem ser respeitadas por serem verdadeiros santuários da Natureza existentes em Portugal e que são um património único e de todos nós.

Assim, ao visitar o Parque Nacional da Peneda-Gerês convém lembrar que não deve conduzir o seu carro para fora das estradas; a pé deve seguir os caminhos e os trilhos existentes; deve acampar apenas nos Parques de Campismo; não deve fazer lume; deve levar consigo o seu lixo ou coloque-o nos recipientes apropriados; não deve colher plantas, flores, cogumelos, frutos ou amostras minerais; deve respeitar as indicações dos guardas, vigilantes e técnicos do Parque; não perturbe a tranquilidade dos locais que visita; e deve sempre cumprir os regulamentos de caça e pesca!

Garanta o nosso único Parque Nacional para as gerações futuras.

Fotografia: © José Afonso Duarte

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Edifícios das Minas dos Carris (XVI)

Carris, 10 de Fevereiro de 2008

A História das Minas dos Carris desenvolveu-se ao longo dos anos passando por diversas fases. Se numa fase inicial a organização sócioeconómica da mina era rudimentar, com a chegada da Sociedade das Minas do Gerês surgiu a intenção de se criar um verdadeiro núcleo mineiro na Serra do Gerês onde se apostava na organização e na criação de um complexo tecnologicamente avançado.

Quando hoje percorremos as ruínas das Minas dos Carris e observamos a sua organização não imaginamos a sua complexidade para além do que os nossos olhos alcançam. Por outro lado, parecem existir peças que não encaixam no puzzle que são as ruínas dos Carris e somente com a feliz ajuda de antigos registos fotográficos podemos determinar que em certos locais existiam estruturas há muito desaparecidas da paisagem.

Quando cuidadosamente caminhamos naquela a que eu chamo a zona industrial das Minas dos Carris podemos observar várias zonas de colapso, isto é zonas onde seguramente se deu o colapso das galerias subterrâneas com evidentes efeitos à superfície. A zona industrial dos Carris é acessível através de uma rampa que tem início junto da antiga casa do pessoal superior da mina. No final desta rampa, mais precisamente no seu lado esquerdo, observamos a mais recente zona de colapso, uma indicação de que as galerias subterrâneas se estendiam até àquela distância e que não se encontram a uma profundidade muito grande. Um pouco mais à frente e do lado direito encontramos uma outra zona de colapso, mas esta bem mais antiga do que a anterior. Sempre vi este local assim e desde a primeira vez que me intrigou o porquê de se encontrar assim? Obtive a resposta a esta pergunta na minha mais recente ida às Minas dos Carris e através da comparação com a seguinte fotografia. É assim que se vai escrevendo a História dos Carris...
Fotografia: © Rui C. Barbosa

Fotografia: © José Rodrigues de Sousa

Fotografia: © Rui C. Barbosa

Cidadelhe, Lomba / Cadeiró e Romião (II)

Carris, 10 de Fevereiro de 2008

A concessão provisória 999-P Romião destinava-se à exploração de filões de quartzo na Serra do Gerês. Localizada não muito longe da actual albufeira da Barragem da Paradela, esta concessão não estava ligada à exploração de volfrâmio nem às diferentes sociedades mineiras que exploraram as Minas dos Carris.

Por outro lado, continua o mistério de se saber a localização da concessão 3213 Lomba / Cadeiró. Esta deve estar situada perto da Lagoa do Marinho mas esta designação é desconhecida pelos pastores que percorrem a Serra do Gerês.

Nos próximos dias deverei visitar concessão de Cidadelhe onde se chegaram a levar a cabo alguns trabalhos de sondagem e prospecção.
Fotografia: © Rui C. Barbosa

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Outros lugares de Carris (XXXVIII)

Carris, 10 de Fevereiro de 2008

...ao nível da água, uma perspectiva da represa dos Carris.

Fotografia: © José Afonso Duarte

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Perdidos... (V) - Actualização...

Carris, 10 de Fevereiro de 2008

Uma pequena actualização a esta entrada no blogue só para referir que o valor da coima que poderá ser aplicada poderá atingir os € 2493,00, tal como é referido na edição de hoje do Jornal de Notícias.

Noticiado pelo semanário Sol, sabemos agora que os três montanhistas resgatados na Serra do Gerês no passado dia 4 de Fevereiro serão presenteados com uma multa por parte do Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB). Esta multa tem por base o Plano de Ordenamento do Parque Nacional da Peneda-Gerês que prevê este tipo de situações e que refere a necessidade de uma autorização prévia para a realização deste tipo de desportos.

Os três montanhistas encontravam-se dentro de uma área de protecção parcial (!!!!!) com um elevado valor ecológico e onde as actividades desportivas carecem de autorização.

Isto leva-me às seguintes perguntas: se essa área é sistematicamente e repetidamente violada nos meses de Verão pelos domingueiros dos pic-nic's, violada pelos passeios de 'chinelo de meter e dedo', violada pelas milhares de fraldas, lixo, detritos, etc., que conspurcam as margens do Rio Homem à procura das magníficas lagoas naturais do Gerês, porque razão terão estes três montanhistas de pagar a multinha? Será que o ICNB vai colocar uma banca à entrada do caminho com um guarda lá sentado munido de um livro de multas para quem se atrever a desafiar a área restrita? Ou será que os três montanhistas foram vítimas da mediatização e do show-off do caso?

Fotografia: © Rui C. Barbosa

Outros lugares de Carris (XXXVII)

Carris, 10 de Fevereiro de 2008

...preencher um plano.

Fotografia: © Rui C. Barbosa

Notas históricas (XXII)

Carris, anos 50...

Com a preciosa ajuda de alguns elementos do UPB (http://umpardebotas.blogs.sapo.pt/), tive a oportunidade de conversar com um antigo trabalhador das Minas dos Carris. O seu testemunho é importante e as suas estórias são úteis na construção do puzzle histórico destas minas.

Durante a nossa conversa fez referência ao dia-a-dia dos turnos dos mineiros recordando que no 5º piso da mina existia um espaço, mais ou menos isolado, no qual os mineiros se podiam sentar e comer as suas refeições que eram baixadas para a mina no interior da 'jaula'. Assim, o turno de trabalho era um período longo e árduo passado nas entranhas na Terra tentando sempre fazer melhor do que o turno anterior.

A imagem em cima é a única até à data que nos mostra o interior de uma das galerias das Minas dos Carris.

Fotografia: © José Rodrigues de Sousa

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Reflexos...

Carris, 10 de Fevereiro de 2008

Reflexos na montanha que nos trazem à memória o mar distante...

Fotografia: © Rui C. Barbosa

domingo, 10 de fevereiro de 2008

116!

Carris, 10 de Fevereiro de 2008

Uma semana após as emoções fortes vividas na Serra do Gerês por um grupo de três montanhistas, decidi voltar aos Carris para encontrar um cenário muito diferente do que nos foi descrito então. Um dia abençoado com um tempo fantástico para a caminhada, lancei-me na busca da primeira das três concessões mistério existentes na Serra do Gerês.


Apesar do estudo preparatório que levei a cabo antes da saída para o campo, não me foi possível desta vez localizar a concessão da Lomba / Cadeiró que se situará muito perto da Lagoa do Marinho. Nem utilizando recursos disponíveis na Internet consegui obter uma localização satisfatória para esta concessão no sentido de evitar uma interminável busca por essa zona da Serra do Gerês. Certamente que mais trabalho terá de ser levado a cabo junto das populações das aldeias próximas da área e nomeadamente nas aldeias de Cabril, Xertelo ou mesmo Paradela.


O segundo objectivo desta saída era o início dos preparativos para futuras actividades de pesquisa nas Minas dos Carris e a obtenção de registos fotográficos que possam ser úteis na comparação com registos mais antigos. A caminhada para as Minas dos Carris foi iniciada junto do abrigo localizado perto da Lagoa do Marinho seguindo depois pelo vale do Ribeiro do Couce em direcção ao Couce e mais parte passando ao largo dos Cocões do Concelinho. Zona única no Parque Nacional da Peneda-Gerês, os Cocões do Concelinho presenteiam-nos com uma paisagem magnificamente soberba que deixa o visitante em êxtase perante a Natureza em todo o seu esplendor. Seguindo o pequeno trilho de montanha passando ao lado do pico de Maceiras (alt. 1350 metros), chegamos a um declive que põe em prova as pernas mais resistentes e os pulmões mais capazes. No topo somos brindados com a paisagem de um Rio Homem à nascença nas Lamas de Homem até atingirmos a Ponte das Abrótegas, tomando aqui o clássico caminho em direcção às Minas dos Carris na sua extensão final. A chegada aos Carris foi feita flanqueando o Salto do Lobo e penetrando no topo da Corga da Lamalonga tendo como pano de fundo a antiga lavaria das minas.
Tendo visitado Carris 17 vezes nos últimos 13 meses apercebo-me como a degradação do complexo atingiu uma fase exponencial de degradação. Em minha opinião resta pouco tempo para que alguns dos segredos das Minas dos Carris fiquem para sempre fechados nas profundezas da Terra. É um tempo que urge ao trabalho para preservar a memória de um local que nos marca e nos faz abrir o imaginário de um tempo há muito esquecido.

Fotografias: © Rui C. Barbosa

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Cidadelhe, Lomba / Cadeiró e Romião

Carris, 1 de Abril de 2007

Quando há já algum tempo enveredei pelo trabalho que estou a levar a cabo, foi-me oferecido um pequeno mapa no qual estavam indicadas as diversas concessões mineiras que constituam as Minas dos Carris. Nesse mesmo mapa encontravam-se indicadas outras concessões mineiras na Serra do Gerês, concessões essas onde terão sido levados a cabo trabalhos de extracção ou sondagem.

Se bem que as três concessões mineiras existentes nos Carris são já matéria para um bom estudo, é também chegada a altura de tentar determinar a localização exacta das restantes concessões. Já o ano passado tive a oportunidade de visitar o Castanheiro, local onde ainda podemos encontrar vestígios de que o homem remexeu a terra em busca do minério. O meu próximo objectivo é determinar a localização da concessão n.º 3213 de Lomba / Cadeiró.

Outros pontos a visitar serão Cidadelhe e mais tarde Romião, onde existia uma concessão provisória (999-P). A Serra do Gerês é assim mesmo, não nos para de surpreender com os seus segredos e a suas estórias...

Se alguém por ventura possuir fotografias destas áreas pedia-lhe para me contactarem.

Fotografias: © Rui C. Barbosa

Quotidianos...

Carris, ...anos 50

A uma distância de 50 anos é-nos hoje um pouco difícil tentar imaginar como era a vida em Portugal nesse tempo. Se por vezes a memória do 25 de Abril de 1974 para alguns é algo tão distante como a chegada à Índia, tentar imaginar um país orgulhosamente no seu canto Atlântico com todas as suas faltas e necessidades é como escrever um argumento de uma trilogia fantástica que nos transportaria para um tempo antes desta Terra.
Restam-nos pois as imagens para nos ajudar a ver o que era o Portugal do volfrâmio e o que era o Portugal que existia nessa altura. As imagens aqui reproduzidas mostram instantâneos de um quotidiano que nos é desconhecido e que vão ajudar a transportar no silêncio da montanha, o nosso imaginário. É um exercício... estarmos no Penedo da Saudade ou sentados à entrada do complexo mineiro dos Carris e fechar os olhos, imaginar por entre o passar do vento e o zumbido de um insecto, todo o burburinho que nos idos de 50 marcava a serra. Ou então sentados à margem da represa dos Carris e tentar escutar o ruído grave que nos chega do outro lado do pequeno monte, o som dos homens a trabalhar, o constante passar longínquo daqueles que transportam pesadas cargas. Muitos teriam os rostos carregados e fechados, tal como um país que aguardava o momento da sua liberdade não realizada...

Fotografias: © José Rodrigues de Sousa

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Perdidos... (IV)

Segundo foi comentado neste blogue, o Comandante do CDOS de Vila Real, Almor Salvador, referiu à Rádio Renascença que os montanhistas resgatados na Serra do Gerês não terão de desembolsar um euro pelo, notando que "este tipo de socorro nunca foi pago".

Recordo aqui o que foi referido na edição de 5 de Fevereiro do Jornal de Notícias acerca deste caso: "Resgatar os três montanhistas que estiveram perdidos no Gerês, entre as 16 horas de domingo e as 12,30 de ontem custou, à Protecção Civil, cerca de 15 000 euros. Atendendo a que o helicóptero esteve mobilizado para esta acção durante seis horas no ar o que dá o valor arredondado de 15 mil euros. Seja como for, as autoridades garantem que, como em outras situações idênticas, "a factura seguirá para a casa dos três indivíduos". (...)"

Resta pois saber quem foi o autor desta infeliz e triste frase...

Fotografias: © Rui C. Barbosa

Notas históricas (XXI)

Carris, anos 40

Apesar de por vezes nunca ter merecido muito a nossa atenção, existe uma parte da História recente de Portugal que se mantém mais no domínio dos investigadores mas que ocupa espaços de mito urbano nas nossas memórias. Muitas vezes são temas recorrentes nas nossas conversas as histórias daqueles que enriqueceram com a exploração de volfrâmio. Pessoas que no limiar da pobreza dos restos do nosso império, se viam da noite para o dia com verdadeiras fortunas resultantes da descoberta de volfrâmio. O enriquecer era de tal ordem que surgem as velhas estórias dos que utilizavam as notas de 500$00 para fazerem os seus cigarros.

Claro que não o posso afirmar, mas certamente que em resultado das explorações iniciais de volfrâmio naquilo que viriam a ser as Minas dos Carris, muitos terão vivido essas experiências. Num país onde a PVDE mantinha todos sobre vigilância e onde a pobreza reinava, uns quilogramas de volfrâmio dariam para constituir uma pequena fortuna que se desvaneceria tão rapidamente como surgira.

A fase inicial da exploração do volfrâmio no Salto do Lobo, já depois de terminada a querela entre os dois concessionários originais, foi controlada pela Sociedade Mineira dos Castelos. No entanto o que podíamos encontrar naquela zona seria um pequeno conjunto de edifícios na sua maioria dedicados ao processamento do minério recolhido por dezenas de 'apanhistas' que seriam então pagos pelo seu trabalho.

Em muitas aldeias limítrofes da Serra do Gerês, encontramos ainda velhas histórias daqueles que na penumbra da noite calcorreavam as serras escondidos da guarda em busca do negro minério para o depois vender em Vieira do Minho, na Póvoa do Lanhoso ou em outras vilas que ligação com a cidade de Braga era mais rápida. Outra parte do minério seria também vendida nas Caldas do Gerês que para além de ser a zona termal que todos conhecemos, seria um ponto de comércio do ouro negro em direcção aos grandes centros urbanos.

Transportar o minério pela serra era algo de muito arriscado, tendo pelo receio da guarda, sempre vigilante em defesa dos interesses do omnipresente estado, como pelo medo dos salteadores, sempre à espreita de uma oportunidade.

As condições vividas nas Minas dos Carris seriam paupérrimas e hoje fazem-nos lembrar as melhores cenas de um verdadeiro western americano. Não deixa de ser curioso ter sido esta mesma comparação que me foi referida a quando da primeira descrição que escutei relacionada com as Minas dos Carris.

Fotografia: © José Rodrigues de Sousa