quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

O outro caminho...


Carris, 28 de Janeiro de 2007


...e de repente, pelo canto do olhar, surgiu uma linha recta na montanha. No Gerês é difícil encontrarmos linhas rectas bem definidas e aquela chamou-me logo a atenção. Já não me lembro há quanto tempo vai, tive a curiosidade de a procurar na carta antes de a percorrer.

Ali estava ela, sim senhor! Um curto caminho do outro lado do vale... ele existe e não era ilusão óptica. Da vez seguinte tentei pôr-me em seu lugar e é bem mais fácil segui-lo do outro lado do vale, do lado onde toda a gente está, por onde toda a gente passa... mas o velho caminho lá continua, escondido por entre a urze e a vegetação rasteira... para onde conduzirá? Para onde nos levará? O que tem para nos oferecer e que paisagem vamos ver? Pela carta terminar no Cabeço do Madorno, mas qual a razão para surgir tal caminho ali? As encostas são tão íngremes, as pedras tão rebeldes e o rio forte na sua juventude... pujante!

O outro caminho... estou mais do que pronto para uma nova aventura!!!

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Venha-se a próxima...

Carris, 27 de Janeiro de 2007

É tempo agora de reflectir sobre os dois dias passados a conquistar a 100º ida a Carris. Na realidade tratou-se mais de um facto pessoal e foi de forma pessoal que vivi o momento da chegada a Carris. Ao longo da subida o vento foi sempre forte e frio, mas quando cheguei perante os últimos metros antes da antiga cancela de acesso ao complexo, a visão foi a de um mar de neve levantado pelo vento... uma saudação por mais uma vez me encontrar em Carris.


Havia muita gente nesse dia... sem dúvida uma visita rápida e fugaz por entre as casas. A ida á lagoa, o deambular por entre as ruínas, a visita ao abismo que em tempos foi uma entrada para a mina... A meio da tarde já só estavamos nós... terminara a hora da visita. Aproveitando a calmaria para mais uma fotos passei pelas antigas oficinas e casas dos guardas procurando pequenos detalhes, pelo dormitório, cozinha e cantina que já hà muito não sente o cheiro e os sabores da comida. Olhei para o velho depósito de água cheio de lixo e fotografei o Penedo da Saudade já com a luminosidade rubra do pôr-do-Sol.

Foi uma noite gélida com -4,5ºC e muito vento que teimava entrar no compartimento onde nos encontravamos. O novo dia nasceu com mais vento e mais fotografias. O objectivo era tentar obter o maior número possível de imagens dos edifícios antes que estes desapareçam de vez... à medida que o tempo vai passando parece que a destruição em Carris se acentua e torna-se complicado tentar identificar para que serviria este ou aquele edifício. Infelizmente o frio andou a brincar com a minha máquina fotográfica analógica outra vez e algumas fotos saíram mal, mas o objectivo principal foi conseguido.

Chegada a hora de regressar e olhando para trás, é como se fosse um começar de novo... Na descida tive a oportunidade para vislumbrar o velho trilho de pé-posto que em tempos existia na Encosta do Sol... uma nova aventura se adivinha!

Esta foi a 100º ida às Minas dos Carris... venha-se a 101!

Fotografias © Rui C. Barbosa

domingo, 28 de janeiro de 2007

...através do canto da porta, o céu...


Carris, 27 de Janeiro de 2007

Deitado sobre o chão de lona que nos protegia do frio da neve que teimava em permanecer por debaixo sem derreter, reflectia sobre o dia que terminava. Para trás havia já ficado a penosa caminhada desde a ponte do Rio Homem até Carris... a 100ª subida a Carris! Devo confessar que não foi das mais fáceis... estando a recuperar de uma condição gripal que me reduzia em muito a capacidade respiratória, os passos tornaram-se cada vez mais pesados e difíceis à medida que o Cabeço do Madorno ficava para trás. Para mim, chegar aqui é sempre a fase mais complicada do caminho e desta vez não foi excepção.

Tento reflectir um pouco a quente sobre mais esta caminhada e para falar a verdade, quando nos minutos de noite em que me tentava abstrair da respiração do Senhor de Negro da Guerra das Estrelas que decidiu nos presentear até ao nascer do Sol com o seu embalar sonoro, pensei sobre a caminhada e sobre o facto de ali estar mais uma vez... mas esqueci-me do que havia decidido escrever. Por isso, é só esperar mais um pouco pelo relato da subida e dos momentos passados na minha 100ª visita a Carris!

No entanto, houve um momento ali no qual fiquei à parte do grupo no qual me encontrava quando por entre o duplo tecto que dançava com o vento pude ver através do canto da porta o céu estrelado da noite gélida de Carris...

Fotografia © Rui C. Barbosa

sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

A n.º 100


Braga, 26 de Janeiro de 2007

É chegada a hora de cumprir um sonho... subir 100 vezes a Carris! Não é que seja nada de especial, para muitos será mesmo doentio estar a fazer isto... ou um sinal de uma certa demência, acredito. Mas é um objectivo... não um objectivo de vida, pois isso implicaria que não lá voltasse.

Porém, como alguém já o disse, Carris é a minha subida... a minha conquista da montanha mais alta... Carris é a nossa subida! Carris fica para sempre como algo que marcou uma vida e que continuará a marcar. Porquê? Bom, não o consigo explicar por palavras... só mesmo fazendo aquele caminho e chegar lá cima após uma dezena de quilómetros tantas vezes amaldiçoados, é que se pode perceber o seu significado. É uma vertente ingreme de sensações, pensamentos e sentimentos...

Aos que vão espero que consigam disfrutar o mesmo que irei disfrutar. Aos que ficam, não se preocupem... a estória não termina aqui e haverá a 101!

Equipa Carris 100 - Rui Barbosa; José Afonso Duarte; Miguel Grilo; Adão Silva; José Arteiro; Tina; Tózinho; Frederico Matos (aka Khiko); João Silva (aka Minhoquinha); Rui Salsa; Diogo Manso (aka Didi). Saudações ainda para Alberto Dias Pereira (aka Bértinho) e Jorge Cardoso que também irão partilhar o momento!

Fotografia © Rui C. Barbosa

quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

...por entre as nuvens, as estrelas!


Carris, 12 de Abril de 1995

Já fomos a Carris com muitos objectivos. Já fomos por ir, somente... Já fomos porque nos apetecia caminhar até Carris... mais uma vez! Já fomos porque nos disseram que havia uma outra entrada para as minas, e então fomos procurar... encontramos mais tarde. Já fomos porque havia neve, muita neve...

Já fomos porque naquela noite as estrelas iam mudar de sítio... disse alguém, e nós fomos ver as estrelas mudar de sítio! Lá fizemos nós os quase 10 km até Carris, mochila às costas a suar em bica... Chegamos a Carris e o céu estava já a começar ficar coberto de nuvens. O dia havia sido quente e soalheiro, mas agora pregava-nos uma partida... vinham as nuvens!

Por teimosia queríamos ver as estrelas a mudar de sítio, afinal foi por isso que ali vieramos! Dormimos fora do velho depósito da dinamite, não é que fizesse frio... Adormecemos...

...acordei de madrugada... pareceu-me ver uma estrela a correr, por momentos iluminar o céu negro, escuro como as rochas á noite... estarei a sonhar? As estrelas ainda estão lá... não mudaram de sítio...

Fotografia © Rui C. Barbosa

quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

...inferno de gelo.


Carris, 22 de Fevereiro de 2004

Faltava pouco para chegar, mas parecia que faltava o mundo todo para percorrer. A respiração tornara-se demasiado ofegante e o frio apertava o crânio numa dor intensa... A neve, acabada de cair, dificultava os nossos passos que se enterravem até à altura de uma perna... era difícil caminhar.

Encontrava-me só no meio daquele planalto, o peso da mochila, imenso, a puxar-me para baixo... Ao longe a luz ténue das lanternas dançava frenéticamente por entre o vento que empurrava as nuves... corriam rápidas, apressadas como que a fugir de algo que vinha ao nosso encontro...

...são estas situações que por vezes nos fazem pensar se fizemos bem subir Carrs naquele dia que se tinha tornado noite, uma noite escura com o vento feroz que nos trazia os gritos, as lamentações... do inferno de gelo pelo qual caminhavamos.

Faltava pouco para chegar, mas parecia que faltava o mundo todo para percorrer. É esta a nossa maneira de nos sentirmos vivos. É esta a nossa maneira de compartilhar os momentos mais difícieis... sem os outros não chegaria ao fim... sem um ou outro não chegaria ao fim...

...e o frio, que apertava o crânio numa dor intensa...

Fotografia © Rui C. Barbosa

terça-feira, 23 de janeiro de 2007

A música de Carris.


Carris, 11 de Janeiro de 2003

O dia estava relativamente quente e já sentia a pele queimada pelo Sol. Acabava de chegar mais uma vez a Carris e como muitas vezes a aldeia estava sozinha, em paz... Corria uma brisa que ajudava a suportar o calor do meio-dia e que fazia mover a escassa vegetação no chão.

Uma das características que mais marca a nossa presença em Carris é o seu silêncio, ensurdecedor... Dirigi-me para o que resta da casa do engenheiro junto do Penedo da Saudade, procurando a sombra curta da sua cozinha... ou pelo menos do que resta dela ainda de pé... Comi algo e deitei-me em descanso... Senti-me deslizar, lentamente, para o mundo dos sonhos e adormeci por momentos...

Mantinha-se o silêncio por vezes recortado pela leve brisa que suavemente percorria as rochas, as casas, o chão... Naqueles momentos em que nos encontramos no que nos parece um limbo entre a realidade absoluta e os nossos sonhos... comecei a escutar um som de uma música! Lembro-me de saber que tinha de acordar, afinal não estava sozinho... mas quem diabo ia tocar uma flauta para Carris?

Quando acordamos de repente o coração bate mais depressa... assim acordei , como que sobressaltado por uma presença que não conseguia definir... a sua música continuava num nexo desconcertante, uma lógica não linear...

Sentei-me abrigado pela sombra que se movera e sentia a brisa a afagar-me o rosto seco... a música continuava, mas ninguém aparecia... Sabia estar acordado... Não queria ali tentar explicar o que se passava, mas comecei a minha busca pela origem da música... desconcertante, numa lógica não linear...

...encontrei a sua origem, ela ainda está lá... fiquei a sorrir...

Fotografia © Rui C. Barbosa

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

Movimento Perpétuo.


Carris, 28 de Fevereiro de 2006

É como um movimento perpétuo, algo que se inicia e nunca mais termina... vai-se mantendo...
É como ver as estações passar uma atrás da outra e sempre na mesma ordem...
É como aquela curva que está sempre depois daquela outra... ou então ao contrário, mas nunca de outra forma...
É como o Homem que por nós passa, sempre em direcção ao fundo do vale... e nunca ao contrário...
É como as casas que lá estão, aparentemente perpétuas...
É como o grande penedo, que nos trás a Saudade...
É como o virar de costas quando mais uma vez nos despedimos para cedo voltar...
É como as nuvens que passam sempre baixas ou talvez não, mas que vão voltar...
É como a chuva que cai, o nevoeiro que fica, a neve que enregela, o vento que corta...
É como os nossos passos... já no final como um movimento perpétuo...
É como os nossos desejos, perpétuos, de lá ficar...
...só desejo que a memória também seja perpétua.

Fotografia © Rui C. Barbosa

domingo, 21 de janeiro de 2007

Há sempre mais caminho a percorrer


Carris, 27 de Fevereiro de 2005

Lembro-me da primeira vez que fui a Carris no longínquo mês de Setembro de 1989. Lembro-me do mau tempo nesse dia, não chovia mas havia muito nevoeiro e estavam escondidas muitas das paisagens com as quais de deslumbraria mais tarde.

Entrar em Carris, que então se encontrava envolto num manto cinzento, foi uma experiência única... marcante pelo momento. Nessa altura as dificuldades do caminho ficavam definitivamente para trás e era já grande a vontade de voltar a um local onde ainda não tinha chegado.

As ruínas descoloridas, o frio do final do Verão e a visão de uma aldeia só... a sensação de que a qualquer momento um vulto vindo do nevoeiro nos ia saudar ou então dizer para nos irmos dali...

Por muito que se visite Carris há sempre algo mais para ver, algo mais para sentir, algo mais para compreender... por muitos trilhos que se percorram nunca conhecemos a total beleza dos seus recantos... Cada parede tem a sua estória para contar para não deixar morrer a história de Carris.

...e no final haverá sempre mais caminho a percorrer!

Fotografia © Rui C. Barbosa

sábado, 20 de janeiro de 2007

A ida e a volta...


Carris, 28 de Fevereiro de 2006

"...o pequeno hobbit caminhava pelo caminho pedregoso, sabendo certo o seu destino." Não é uma linha dos Senhor dos Anéis, mas muitas vezes é como eu me sinto a caminhar para Carris. Sei para onde o caminho me leva, "...porém nunca sabes o teu destino...".

Cada ida a Carris tem, deve ter, uma volta. O local chama-nos incesantemente, uma voz que se houve por entre os passos pesados sobre o volume da mochila ou um grito longínquio trazido pelo vento que nos afaga o rosto.

Cada ida a Carris tem, deve ter, a sua volta. Sei que um dia tudo terminará e não mais poderei caminhar a Carris, mas o local vai continuar a chamar-me... incessantemente, uma voz que escuto por entre os passos leves no caminho ou um murmúrio vago trazido pelo rio que nos refresca o corpo.

Cada ida a Carris tem, deve ter, a sua volta. Ficando sozinho perante o abismo, a tontura do último passo... o local chamou... incessantemente, um pensamento que se esvai por entre os passos cansados no caminho ou o último olhar... triste?, á montanha que agora nos abraça...

Cada ida a Carris deve ter a sua volta...

Fotografia © Rui C. Barbosa

sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Sentinelas na montanha.


Carris, 18 de Dezembro de 2002

As primeiras estruturas que nos prendem a atenção e que estão relacionadas com as Minas de Carris, surgem junto da Ponte das Abrótegas na base do Outeiro Redondo. Estas estruturas rudes são pequenos pilares efitos em pedra e cimento que serviam de sustentação para condutas de água para o abastecimento da mina. Estas colunas são visíveis em outras zonas de Carris e teriam o mesmo propósito.

São como as sentinelas avançadas da montanha, as que avisam as sombras para estarem alerta e irem para seus lugares...

Fotografia © Rui C. Barbosa

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

Um ano em Carris!!!


Carris, 18 de Dezembro de 2002

Certo dia, após tomar uma refeição no final de mais uma subida a Carris e enquanto arrumava o material pessoal, deparei-me com a presença de um jovem belga por aquelas bandas. O facto de encontrar alguém em Carris não seria nada de especial, não fosse o caso de a pobre criatura me vir dizer que 'morava' ali. Bem, confesso que na altura a vontade de rir foi grande...

Aparentemente o jovem pretendia ficar por aquelas paragens por um ano!!! "Mas, o que é que tu vais comer?" perguntei-lhe eu, para nem falar dos Invernos lá em cima. A sua resposta foi quase de levar às lágrimas... então não é que o homem queria que eu lhe enviasse galinhas para criar em Carris (só faltavam vir de capacete e eram galinhas mineiras...). "Não sei como funcionam os serviços postais na Bélgica, mas acho um pouco complicado o carteiro te entregar as galinhas aqui"... só um bocadinho complicado!!!.

O rapaz já ali se encontrava há mais de uma semana e até então havia se alimentado de plantas silvestres (tinha um pequeno livro ilustrado e tudo!!!) e das conservas que os visitantes de Carris lhe iam deixando )já tinha uma bela colecção de latas lá no seu canto... ).

Lembro-me de que nessa noite caiu um temporal digno de Inverno (isto em pleno Agosto de 1998) e no dia seguinte lá lhe tentei chamar à razão e ver que não aguentaria muito tempo ali sem roupa adequada e sem uma tenda!

Bom, obviamente que não passou um ano em Carris e nem mais uma semana pois os Guardas da Natureza do Parque Nacional da Peneda-Gerês foram buscar o rapaz no dia seguinte... consta-me que depois queria ir para África... boa viagem meu caro!

Fotografia © Rui C. Barbosa

...ad eternum.


Carris, 8 de Maio de 1994

A montanha lá se encontra, firme e eterna para nós...

O tempo vai deixando as suas marcas, cicatrizes pelo Homem... ele não é eterno.

Somos sempre efémeros na nossa presença... e ela sempre olha para nós... mas não por nós!

O tempo vai deixando as suas marcas, mas também as ajuda a apagar... mas a montanha lá se encontra, eterna para nós... ad eternum.

Fotografia © Rui C. Barbosa

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

...amigos de armas (lista actualizada a 28 de Janeiro).


Carris, 23 de Fevereiro de 1991

Ao longo destes mais de 17 anos de subidas e caminhadas a Carris, muitos foram os que compartilharam comigo os dias se sol e calor, de chuva, neve e frio, as noites de Verão ao relento, as gélidas noites de Inverno, as belas paisagens do Gerês, os dias de nevoeiro, as caminhadas à noite, as caminhadas de dia, muitas aventuras...

Esta é a minha homenagem e agradecimento por esses bons momentos (se faltar alguém é só avisar que eu actualizo a lista!)... Estão registados 159 nomes!!!

Adão Silva
Adrien Mathurin
Águeda Silva
Alberto Antunes Soares
Alberto Dias Pereira (aka Bértinho)
Alberto Silva
Alexandra Moreira
Alexandre Aibeo
Alexandre Doursont
Alexis Rudelle
Alice Ferreira
Alice Johnson-Marshall
Amália Cristina Corrente
Ana Carina Ferreira
Ana Carolina Forte
Ana Filipa Calado
Ana Lúcia Brantes
Ana Luísa Pires
Ana Rita Jorge
Ana Sofia Basílio
Anabela Cardoso
André Lopes
Andreia Forte
António Braga (aka Tone)
António Morais
Bárbara
Bárbara Duarte
Barbara Susaynska
Bartolome Vizoso Estrades
Beatriz Matas Escobar
Bruno Andrade (aka Cheese)
Cândida Pinto
Carla Bacelar
Carla Leal
Carla Micaela Braga
Carla Sequeira
Carlos Costa
Carlos Mendes
Catarina Isabel Corrente
César Costa
Cláudia Castro
CrisTina
Cristina Cardoso
Cristina Cunha
Cristina Fernanda Pinheiro
David Jacobs
Davide Almendra
Débora Moura
Deborah Antoine
Diana Gonçalves
Dina Hodurek
Dino
Diogo Silva (aka Kao)
Diogo Vale
Dorota Szostek
Duarte Pacheco Pereira
Dulcídio Mendes
Édson Sá Cardoso
Ema Martins
Emanuel Costa (aka Zézinho)
Estefânia Lima (aka Fani)
Eva Margarida Duarte (aka Guida)
Fernanda Lima (aka Nanda)
Fernando (aka Galego)
Fernando Miguel Gomes
Filipa Alexandra Pereira
Filomena Costa (aka Mena)
Flávio Dias
Fred
Frederico Matos (aka Kikho)
Gilles Nadler
Hélder
Herlander
Hilde Diels
Hugo André Magalhães (aka Pirri)
Inês Silva
Íris Saraiva
Isabel Marques
Iwona Latwinska
Javier Gozalo Cruces
Jeroen Wills
Jessé Abina
Joana Gabriela Dias
Joana Lopes
João Batista Varela
João Carlos Costa (aka Litos)
João Nuno Soares
João Pedro Carrilho
João Ricardo Leite
João Silva (aka Minhoquinha)
Jorge Cardoso
Jorge Miguel Grilo
Jorge Pereira
Jorge Silva (aka Yorga)
José Afonso Duarte (aka Zé Afonso)
José Almendra
José Arteiro
José Barbosa (aka Zé Grande)
José Fonseca (aka Xô Doutor / 18 e meio!)
José Lourenço (aka Sêcas)
José Manuel Cardoso
José Manuel Lourenço
José Miguel
José Pedro Gonçalves
José Ribeiro
Karolina Niewiadowska
Lúcia Cardoso
Lucie Barrau
Luís Filipe Guerra
Luís Gonçalves
Luís Monteiro
Luís Silva
Mafalda Campos
Mafalda Melro Moreira
Manuel Dias Pereira (aka Nele)
Marco
Marek Zmrzlik
Maria Conceição Gomes
Maria Fernandez González
Maria José Ferreira (aka Zéza)
Maria Julieta Barbosa
Maria Teresa Sobreira
Mariana Caldas
Mariana Loureiro
Mariana Ribeiro
Marta Campos
Max Herrmann
Nádia Patrícia Cabral
Natalia Koszeska
Nuno Duarte
Óscar
Patricia Bolano González
Patrícia Cardoso
Paulinho bué
Pedro Almendra
Pedro Barbosa
Pedro Casais Baptista
Pedro Jorge
Pedro Sé Menezes
Renata Almeida
Ricardo Dias Pereira
Ricardo Gonçalves
Ricardo Manuel Batista
Ricardo Rodrigues
Ricardo Saraiva
Rita Assunção
Róbert Joanovits (aka Obo)
Rui Salsa
Rui Vaz (aka Medalhinhas)
Salvatore Sappupo
Sandra (aka Galega)
Sandra Fernandes
Sandra Oliveira
Sara Silva
Sérgio Braga
Sérgio Gomes
Sónia Ferreira
Stefanie Woelki
Tânia Lúcia Neto
Tiago Alexandre Lima
Vera Alexandra Baptista

Fotografia © Rui C. Barbosa

terça-feira, 16 de janeiro de 2007

Magnífica desolação...


Carris, 21 de Agosto de 1999

Percorrer o Vale do Alto Homem é quase como entrar nas postas do paraíso. A paisagem é única no nosso país e a cada passo podemos parar e olhar à nossa volta para nos maravilharmos com o que os nossos olhos nos mostram.

O entusiasmo inicial da caminhada lentamente vai-se esvaindo no suor que brota da pele. Mesmo no Inverno a vontade de entar nas lagoas surge por entre o arrepio do frio que penetra pela roupa, sem dúvida lembranças do último Verão...

Passar ao lado do Cabeço do Modorno e da Rocha da Água do Cando é para muitos já um exercício de sacrifício, uma expiação dos pecados das semanas e meses anteriores... Aqui já não se atormenta só o corpo, mas a alma também já se arrepende...

O tormento não termina antes de percorrermos a subida final no sopé de Carris e então, lá no topo, quando todas as forças parecem se juntar para o esforço final, somos absortos pela magnífica desolação que reina perante nós...

Fotografia © Rui C. Barbosa

...um bom banho?


Carris, 6 de Agosto de 2006

Numa das muitas caminhadas a Carris fui juntamente com um grupo de jovens escuteiros (aliás, é ao Escutismo que devo o facto de hoje conhecer boa parte da Serra do Gerês).

Aquela subida em particular acabou por ser uma caminhada difícil já com neve no final e muito frio. Muitos dos que foram não estavam tão bem preparados para a jornada, mas todos conseguiram lá chegar. O nosso espanto foi quando alguém perguntou "Ok! Onde estão os chuveiros?..."

Fotografia © Rui C. Barbosa


segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

O pêndulo...


Carris, 6 de Agosto de 2006

Já por várias vezes me perguntaram o porquê de subir tantas vezes a Carris. Bom, utilizando um chavão quase que poderia sizer simplesmente "... porque está lá!" Porém, a verdade é que Carris exerce sobre quem o visita um poder algo misterioso (?)... A vontade de lá voltar torna-se uma necessidade, um vício e caminhar pelas suas ruínas uma droga que nos acalma a alma...

É como se fosse um chamamento, como se a montanha chamasse por nós e nós somos atraídos por aquele lugar... fazemos uma peregrinação quase repetitiva numa orgia de sentimentos e sensações, buscando a adrenalina por entre as rochas do caminho...

...sim, é verdade... a montanha chama por nós... "não ouvem??!!"

Fotografia © Rui C. Barbosa

domingo, 14 de janeiro de 2007

...fora.


Carris, 17 de Setembro de 1994

...e lá voltamos na esperança de encontrar algo novo, um novo ímpeto para as semanas que se seguirão. Mas corremos sempre o risco de encontrar algo que deixamos lá ficar... da última vez...

Fotografia © Rui C. Barbosa

sábado, 13 de janeiro de 2007

...dentro.


Carris, 13 de Abril de 2004

Caminhar até Carris dá-nos a oportunidade de olhar para dentro de nós mesmo... dá-nos tempo para pensar, reflectir... coisa que por vezes não fazemos muito...

Fotografia © Rui C. Barbosa


sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

Vento Norte


Carris, 11 de Janeiro de 2003

Somos chegados ao topo e as horas de cansaço ficam para trás... Cresce dentro de nós uma sensação de que conseguimos algo, algo que não conseguimos definir... "...custou, mas cheguei!!!".

Olhamos à nossa volta e a paisagem parece-nos desoladora... destruição, ruínas... O nosso olhar, ainda turvo pelo cansaço e empapado pelo suor que teima em cair da testa, tenta captar algum sinal que nos alegre o espírito... no grupo cada um de nós está sozinho perante a magnífica desolação que reina perante nós...


Se ao final da caminhada planeamos sempre uma festa, uma comemoração de mais uma subida bem conseguida, a verdade é que o cansaço deixa-nos com pouca vontade de o fazer... Para muitos o espectro da descida é martirizante... "Vá lá, a descer custa menos do que subir..." é o que sempre se diz para animar a malta!!

...estamos em Carris e no grupo cada um de nós está sozinho... e o vento norte é tão frio!!!!

Fotografias © Rui C. Barbosa

quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

...memórias do tempo.


Carris, ...anos 60?

Por muito que se procure é complicado descobrir algo sobre as Minas de Carris. Mesmo a literatura especializada, da qual confesso não ser leitor assíduo, é escassa nas referências ás minas.

Resta pois procurar por mim e de longe a longe lá surge algo... Carris anos 60?

Fotografia © Rui C. Barbosa

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

A entrada para as Minas de Moria (ou a segunda entrada para as Minas de Carris)


Carris, 11 de Fevereiro de 2002

...pronto, foi só para fantasiar!!! Porque não posso ter o título assim? Adiante!!!...

Certo dia falaram-me de uma segunda entrada para as Minas de Carris e óbviamente que não descansei enquanto não a encontrei. A descrição da sua localização dava boas pistas para a encontrar, mas no terreno a situação foi mais complicada. Finalmente, consegui descobrir a segunda entrada para as Minas de Carris num frio dia invernal em Fevereiro de 2002.

Não a esperem descobrir perto da entrada principal da mina. Aceder a esta segunda entrada implica ter de andar mais um pouco e mesmo depois de lá chegar tem de se procurar. A entrada está protegida por uma grade o que não deixa de ser curioso, pois ali só irá quem na realidade está à sua procura... ao contrário da entrada principal que por si só representa um grande perigo para quem lá deambula...

Fotografia © Rui C. Barbosa

terça-feira, 9 de janeiro de 2007

Tenho saudade...


Carris, 14 de Agosto de 1994

Tenho saudade de estar em Carris.
Tenho saudade de andar na montanha.
Tenho saudade do seu cheiro.
Tenho saudade do frio da montanha no Inverno.
Tenho saudade do seu calor no Verão.
Tenho saudade de ter sede na montanha.
Tenho saudade de '...apanhar um escaldão!'
Tenho saudade de ouvir o vento na urze.
Tenho saudade de ouvir a música de Carris (descubram lá esta!!!).
Tenho saudade das paisagens do Gerês.
Tenho saudade do peso da mochila.
Tenho saudade de suar.
Tenho saudade de sentir os pés doridos de tanto caminhar.
Tenho saudade de cair nas rochas e de rodopiar no chão...
Tenho saudade de subir ao Pico da Nevosa e de ver ao longe o Borrageiro.
Tenho saudade de beber a água do rio.
Tenho saudade de sentir os dentes quase a partir ao beber a água gelada no Inverno.
Tenho saudade das dores de cabeça por causa do vento frio e de não sentir os dedos gelados.
Tenho saudade de sentir a roupa humida do suor.
Tenho saudade de mergulhar nas lagoas a caminho de Carris.
Tenho saudade de ser ofuscado pelo Sol da manhã na montanha.
Tenho saudade de sentir o calor da fogueira à noite.
Tenho saudade de sentir o frio a entrar pelas costuras do saco cama.
Tenho saudade de dormir ao relento no granito quente.
Tenho saudade de ver as estrelas à noite em Carris.
Tenho saudade de mandar calar alguém porque está sempre a perguntar se ainda falta muito.
Tenho saudade de desmoralizar alguém ao dizer-lhe: '...vês?! Ali é o meio do caminho!!!!'
Tenho saudade de deambolar por entre as ruínas.
Tenho saudade de ver para que raio servia aquilo e aquilo???
Tenho saudade de tentar descobrir o que está diferente.
Tenho saudade de pensar que já só falta a última subida... e que no fim apetece andar mais...
Tenho saudade de chegar a Carris e ver alguém contente... porque chegou ao fim...
Tenho saudade de mergulhar na lagoa de Carris e ter pressa de lá sair!!!
Tenho saudade de me sentir no meu lugar pela imensidão da serra
Tenho saudade de compartilhar mais uma caminhada com os amigos...

...não sei se vou esperar tantas semanas pela número 100!!!

Fotografia © Rui C. Barbosa

sábado, 6 de janeiro de 2007

A vigía.

Carris, 27 de Fevereiro de 2005

Silhueta traçada no céu, ao longe o Pico da Nevosa vigia, silenciosamente, Carris...

Fotografia © Rui C. Barbosa

sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

...à medida que a montanha envelhece...

Carris, 20 de Dezembro de 2005

Cada ida a carris é como a primeira vez... há sempre algo de novo para descobrir, um novo pormenor que nos escapou da última vez. Por outro lado é sempre tudo diferente, mesmo aquelas silenciosas ruínas nos parecem distintas... infelizmente cada vez mais ruínas... Não tanto pela voracidade do tempo e da Natureza, pois à medida que a montanha envelhece ela vai reclamando aos poucos o que em tempo idos foi seu...

Na conquista da montanha o Homem tem de deixar a sua marca... quer seja a sua assinatura, a sua marca particular ou a sua vontade de tudo destruir. Mas destruir para quê? Mas destruir... porquê?

...à medida que a montanha envelhece ela vai reclamando aos poucos o que em tempo idos foi seu...

Fotografia © Rui C. Barbosa

quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

...e tocar o céu.


Carris, 11 de Janeiro de 2003

...os últimos 500 metros são os mais difíceis quando o cansaço já aperta, mas dentro de nós cresce a sensação de poder esticar o braço e tocar o céu.

Fotografia © Rui C. Barbosa