terça-feira, 23 de janeiro de 2007

A música de Carris.


Carris, 11 de Janeiro de 2003

O dia estava relativamente quente e já sentia a pele queimada pelo Sol. Acabava de chegar mais uma vez a Carris e como muitas vezes a aldeia estava sozinha, em paz... Corria uma brisa que ajudava a suportar o calor do meio-dia e que fazia mover a escassa vegetação no chão.

Uma das características que mais marca a nossa presença em Carris é o seu silêncio, ensurdecedor... Dirigi-me para o que resta da casa do engenheiro junto do Penedo da Saudade, procurando a sombra curta da sua cozinha... ou pelo menos do que resta dela ainda de pé... Comi algo e deitei-me em descanso... Senti-me deslizar, lentamente, para o mundo dos sonhos e adormeci por momentos...

Mantinha-se o silêncio por vezes recortado pela leve brisa que suavemente percorria as rochas, as casas, o chão... Naqueles momentos em que nos encontramos no que nos parece um limbo entre a realidade absoluta e os nossos sonhos... comecei a escutar um som de uma música! Lembro-me de saber que tinha de acordar, afinal não estava sozinho... mas quem diabo ia tocar uma flauta para Carris?

Quando acordamos de repente o coração bate mais depressa... assim acordei , como que sobressaltado por uma presença que não conseguia definir... a sua música continuava num nexo desconcertante, uma lógica não linear...

Sentei-me abrigado pela sombra que se movera e sentia a brisa a afagar-me o rosto seco... a música continuava, mas ninguém aparecia... Sabia estar acordado... Não queria ali tentar explicar o que se passava, mas comecei a minha busca pela origem da música... desconcertante, numa lógica não linear...

...encontrei a sua origem, ela ainda está lá... fiquei a sorrir...

Fotografia © Rui C. Barbosa

1 comentário:

Anónimo disse...

...ó tempo volta para trás...que saudade destas caminhadas,desta liberdade de ir sem dizer a quem,de ir sem saber a onde,de me cansar sem nunca estar cansado.

Fizeste-me abrir o Baú das recordações e descobrir o troféu da minha 1ª subida (penso que das poucas sem a tua presença)em 30 de Abril de 1989...vai fazer 18 ANOS!!! da 2ªnão encontrei(mas sei que existe) e da 3ª em 9 de Dezembro de 1989 (penso que já com a tua presença), depois sei que as contabilizei até á 16ª e acabei por perder o rasto porque comecei a trabalhar para a minha "equipa de futuros caminhantes nos CARRIS".Pelo meio foram tantas as histórias boas e inesqueciveis que a minha mente se recusa a escolher uma para relembrar aqui.
Gostava imenso de estar contigo na centésima,estou a fazer tudo para estar....já alguem aqui disse, dantes não era preciso marcar alguem se lembrava e dizia... vamos!!!...era isso que queriamos ouvir.

Bertinho