sábado, 14 de agosto de 2010

Actualização dos incêndios no PNPG (XXIX)

(As fotografias nesta entrada mostram os efeitos do incêndio da Calcedónia entre o Vale do Rio Gerês e o cruzamento para a Junceda na estrada entre S. João do Campo e as Caldas do Gerês)

No final deste dia encontro-me como a personagem Neo no filme Matrix após ter escolhido engolir o comprimido vermelho e ter encarado a realidade da profunda catástrofe que se abate(u) sobre o Parque Nacional da Peneda-Gerês. É uma vastidão sem fim de terra queimada, um negro que ocupou um lugar de destaque numa paisagem que conhecia verda ainda há poucos dias atrás e que agora não passa de uma terra desolada. É o ar triste da população de Germil neste dia só a combater o fogo que teima eu massacrar as suas terras. É a profunda sensação de nada poder fazer para poder ajudar a pôr cobro ao incêndio que destrói a Mata do Cabril, lá longe naquele vale profundo. É a desolação das terras, o silêncio que se adivinha numa paisagem que estará estéril por muito tempo.

É a revolta quando se ouve que tudo estava pronto para combater os incêndios neste país, ter de aturar os governantes que nos mentem com aquele ar de quem nos goza e tira gozo nisso. É esperar por demissões que nunca chegarão, pois ninguém é capaz de assumir que errou neste país de incompetentes. É o saber que a opinião pública ignorante é deliberadamente enganada com falsos números de estatísticas e que a imagem de novos veículos de combate a incêndios só servem para encher o olho ao povo que não questiona como isto foi possível? Oh, Portugal como te deixas enganar assim?

São as terras queimadas de Vilarinho da Furna. São as terras queimadas de Brufe e Germil. As terras queimadas e o inferno do Soajo, o desespero das populações evacuadas. As terras queimadas do Mezio e da Travanca. Os picos serranos negros da Amarela e a carnificina da Mata do Cabril. As alturas queimadas de Carris e as encostas fumegantes de fafião e da Portela do Monte. A triste sina da Calcedónia e o negro das encostas do Rio Gerês e da albufeira da Caniçada. Os mirantes negros, varandas para a desolação carbonizada do Gerês.

Esta noite os incêndios podem estar calmos, voltará amanhã o Inferno?

Situação operacional às 8:00:


- Incêndio de Cabril - Lindoso (Mata do Cabril): pelas 13:20 o incêndio encontra-se com 2 frentes activas. Às 16:33 saída do Governador Civil de Braga do Teatro de Operações e às 17:20 encontravam-se a actuar no local dois aviões bombardeiros ligeiros espanhóis. O incêndio foi dominado às 20:00.

- Incêndio do Mezio/Travanca: pelas 16:39 assumia o Comandante das Operações de Socorro (COS), o Segundo Comandante Operacional Distrital (2º CODIS). Às 21:06 o incêndio encontra-se com várias frentes activas e às 22:11 chega ao teatro de operações um equipa do Grupo de Análise e Uso de Fogo (GAUF).












































Fotografias © Rui C. Barbosa

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