TSF - Falta de dinheiro retira vigilância do Parque Nacional da Peneda-Gerês

Um leitor chamou-me a atenção para esta notícia da TSF. Actualizado com introdução de notícia do jornal PÚBLICO sobre o circo dos incêndios em Portugal: Mais de 2000 incêndios nos últimos seis dias em Portugal continental.

Se por um lado é extremamente preocupante, por outro esta notícia não me surpreenda minimamente pois já era sabido que o Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG) nem dinheiro tinha para mandar arranjar o seu parque de viaturas tal como já havia alertado aqui há muitos meses.

Infelizmente, o que se passa no PNPG é só uma ponta muito pequena (mas mesmo muito pequena) de um gigantesco iceberg que representa o cadavérico das instituições públicas e serviços estatais de Portugal. Não nos devemos surpreender com esta falta de dinheiro para a vigilância e serviços no PNPG, o mesmo se passa noutras áreas protegidas nacionais e não só. Porém, e como somos ricaços, podemos construir pontes e aeroportos, mais auto-estradas, comprar submarinos, pagar a políticos e gestores milionários, safar bancos dos ricos, financiar maus tratos a animais, gastar montes de dinheiro com visitas eclesiáticas, financiar vergonhosos Magalhães que estão todos no prego, organizar campeonatos europeus e mundiais de futebol, etc. enquanto que o país se afunda numa agonia silenciosa e vergonhosamente estrondosa.

Assim, valerá a pena nos manifestarmos contra este estado de coisas, já chega! Queremos ser governados com inteligência, mas não por malandros com cursos terminados aos fins-de-semana...

Quando as florestas do Parque Nacional arderem, de quem vai ser a culpa? Quando o Parque Nacional deixar de existir, de quem vai ser a culpa? Quando as montanhas do Gerês, da Amarela, do Soajo e da Peneda não passarem de montes de cinzas fumegantes, de quem vai ser a culpa? Quando as maravilhas naturais não passarem de fotografias amareladas em enciclopédias, de quam vai ser a culpa?

Transcrição do texto da notícia da TSF que pode ser lida aqui:

"Mais de 20 fiscais do Parque Nacional da Peneda-Gerês não podem trabalhar há mais de um ano, por causa da falta de dinheiro. Em época estival, esta situação torna-se ainda mais preocupante.



São 23 os fiscais no Parque Nacional da Peneda-Gerês que agora passam os dias em casa, sem condições de vigiar mais de 280 mil hectares.



A falta de dinheiro tem justificado que a viatura fique parada e, consequentemente, que não haja fiscalização. As saídas eram feitas, ainda há meses, por transportes públicos, algo que já não acontece por falta o dinheiro, como confirmou à TSF o presidente do conselho directivo dos baldios de Vilar da Veiga.


«Os meios referem-se apenas a um simples problema que uma viatura tem», explicou Alexandre Pereira.


Para além disso, até para sair de casa, a pé, os fiscais precisam de uma autorização do director do parque. Trata-se de uma prisão domiciliária, comentou à TSF, com ironia, um dos guardas.


A viver no coração da Peneda do Gerês, Alexandre Pereira, também empresário, tem a noção do que a falta de vigilância pode trazer.


«Quando passamos pela serra vemos árvores que estão no seu limite de idade e que precisam de ser abatidas», alertou.


Nesta altura do Verão, o Parque Nacional enche-se de turistas e emigrantes, sendo que todos os dias surgem relatos de piqueniques, com os vigilantes parados.


O ano passado, o Ministério do Ambiente aprovou um plano de prevenção que previa uma vigilância feita por 23 pessoas e com meios, que nunca foram usados.


Só esta semana é que foi requisitada uma viatura para Castro Laboreiro, mas porque, em breve, o parque recebe a visita da Comissão Parlamentar da Agricultura.


Contactado pela TSF, o director do Parque Natural Peneda Gerês remeteu qualquer comentário para o Ministério do Ambiente.


O Instituto de Conservação da Natureza garantiu, entretanto, à TSF que foram desbloqueadas as verbas para pagamento dos salários aos vigilantes e também para garantir dinheiro para combustíveis e equipamentos."