quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Actualização dos incêndios no PNPG (XLVI)

Por vezes arrependemo-nos de seguir as regras. Deve ser um dos defeitos que tenho, seguir as regras dos jogos. Arrependo-me porque jamais verei a Mata do Cabril como ela era antes do incêndio que ainda a consome. Pergunto-me, "Vale a pena seguir as regras? Ou será melhor fazer como a maioria e ignorar as regras a que tanto apelaram?"

Notícia PÚBLICO - Cinco dias de incêndios terão consumido mais de metade da Mata do Cabril.

A reter: "Segundo o director do Parque Nacional, o incêndio continua por extinguir “porque o combate às chamas naquela zona é muito complicado”. “Têm andado lá os sapadores florestais os GIPS (grupos de intervenção, protecção e socorro) da GNR, apoiados por meios aéreos, mas infelizmente o resultado não tem sido grande coisa. É preciso que se perceba que não é nada fácil combater o fogo naquele vale encaixado”, salientou."


"Muitas espécies têm uma idade muito avançada e algumas acabaram por se perder com este incêndio”, disse ainda Lagido Domingos."

Situação operacional às 15:30:

- Incêndio da Mata do Cabril: pelas 14:39 o incêndio mantinha-se dominado e em vigilância.

Notícia PÚBLICO - Rui Pereira: dispositivo de combate a fogos no Gerês actuou para proteger pessoas e bens

A reter: “O dispositivo reagiu protegendo sempre o essencial, pessoas e bens”, realçou em declarações aos jornalistas, em Braga, depois de ter sobrevoado de helicóptero o Gerês para observar a extensão da área ardida nos últimos dias."

"Questionado sobre as críticas surgidas nos últimos dias à alegada falta de meios no parque nacional, Rui Pereira reafirmou o que tem dito: “em tempo de guerra não se limpam armas nem se criam polémicas”, declarou. “Fazemos um apelo à coesão e à solidariedade de todos e todos são aqueles que trabalham no dispositivo, os bombeiros, os membros das forças segurança, em especial os da GNR, os sapadores florestais, os autarcas, e a população” que - sublinhou - “tem ajudado a combater os incêndios”."

Mas será que alguém é capaz de explicar a este senhor que o que falhou foi a prevenção, pois não se faz nada durante anos a fio para precaver estas situações? Mas será que algiém é capaz de explicar a este senhor que em tempos de guerra os generais que actuam mal são presos ou fuzilados por traição à pátria, que é exactamente o que estes senhores têm vindo a fazer? E ainda por cima serve-se do trabalho levado a cabo pelos bombeiros e outros combatentes para enaltecer a porcaria que andaram a fazer nos últimos anos. Basta de palhaços e palhaçadas, e demitam-se todos!

Entretanto a ADERE Peneda-Gerês emitiu a seguinte nota: "A ADERE-Peneda Gerês vem por este meio informar que o Parque de Campismo da Travanca, sito na freguesia de Cabana Maior, concelho de Arcos de Valdevez, reabriu hoje ao público as 15h00 da tarde.


Até se verificarem condições climatéricas menos favoráveis a ocorrência de incêndios florestais, será totalmente proibido realizar fogueiras para recreio, lazer ou para confecção de alimentos no interior do referido Parque de Campismo."

Fotografia © Rui C. Barbosa

9 comentários:

MEDRONHO disse...

estava (já n sei se sim) a pensar escrever um post sobre o que se tem passado no PNPG. Mas ests frase diz o que queria dizer: ""Vale a pena seguir as regras? Ou será melhor fazer como a maioria e ignorar as regras a que tanto apelaram?"..."Arrependo-me porque jamais verei a Mata do Cabril como ela era antes do incêndio..."

Espaço S.Bento disse...

Rui, era o que falava-mos a uns dias, a verdade é que quanto mais se protege mais desaoparece, a solução não esta na proibição mas sim na informação, o PNPG é um patrimonio de todos, não existem limitações, qualquer sere neste mundo pode lá entrar, não pode proibir antes de educar, a solução é o problema e o problema é a solução, desde a cinco anos que me desloco ao geres faço sempre coisas que nem sempre estão na lei, mas estou consciente do que faço, pois se calhar e de certa forma consigo interpretar o meio que nos rodeia de forma a ter o minimo impacto, e sei agir mediante os meus sentimentos, o grande problema do PNPG é as pessoas que o controlam pois estas escondem por de traz da face um grande rosto, se de facto o estado estive-se interesado em conservar a Biodiversidade o PNPG e as suas joias nunca ardiam, temos que ser realistas, não existe patrimonio natural em portugal que não esteja ameaçado e ainda mais para se conseguir algo cada vez mais temos que ir a uniao Europeia, na minha area que é a Agricultura Biologica é exactamente a mesma coisa, o que faz falta é a população ser um pouco mais consciente nas abordagens com a natureza pois assim seria muito mais facil ter extinto o incendio na Mata do cabril, mal surgiu esse incendio nós enquanto cidadães deste país deveria-mos ter agido e deslocarmo-nos ao local para sim nós povo extinguir o incendio, na minha opnião isto é que deveria acontecer, nunca podemos esperar que alguem faça algo por nos pois em pouco tempo já nada existira para contar as geraçãoes seguintes o que era o PNPG.

Alice Lobo disse...

sr. Espaço s.Bento, concordo consigo que a solução nao esta na proibição mas sim na informação, desde que me lembre nunca vi o parque a fazer workshops, ou dar qualquer formação sobre a fauna, ou plantas mais importantes aos habitantes das aldeias mais remotas,e aos mais velhos quando diz que o PNPG é um patrimonio de todos está completamnete enganado o facto de ser Parque Nacional nao significa que seja do estado e logo de todos o PNPG ocupa uma área de 70.290 há, destes só 5.275 ha pertencem ao Estado. "o que faz falta é a população ser um pouco mais consciente nas abordagens com a natureza pois assim seria muito mais facil ter extinto o incendio na Mata do cabril" eu admito que seja necessário haver mais consciencia nas abordagens para com a natureza, e admiro a sua força de vontade , mas acredite que nenhum grupo de pessoas conseguiria apagar aquele fogo na mata de Cabril voce nao tem noção o que é aquela mata a arder.

Rui C. Barbosa disse...

Alice, sem dúvida que o PNPG é um património nacional, logo de todos, da mesma forma que o Algarve é de todos, os Açores são de todos, a Serra da Estrela é de todos, etc. A ideia de que aquelas terras só pertencem a quem lá vive ou que uma parte do território nacional só pertence a quem nela habita, é uma falsa ideia. É óbvio que as pessoas que habitam nas áreas protegidas em nome de todos têm de ser recompensadas por isso. Isso não aconteceu nos tempos dos Serviços Florestais e não aconteceu no tempo do PNPG e muito menos agora com um país falido.

Conto-te um episódio que se passou a quando da discussão do POPNPG nas Caldas do Gerês quando alguém me refere que se sente descriminado só porque a auto-estrada chegava a Braga e ao Gerês nada. Com este tipo de pensamento linear não é fácil convencer seja quem fôr.

Em relação à formação às populações acredito que ela tenha existido nos primeiros anos do PNPG. Se o PREC viu muitas acções populares de informação à população, certamente que terá visto acções de formação na área ambiental. Agora, uma questão curiosa: como se convence alguém com 50, 60 ou 70 anos e com um nível de formação primário (pois infelizmente muita da população do PNPG só tem esse nível de formação) de que se deve preservar o lobo, o javali, etc quando aquilo que sempre ouviu desde muito novo é que o lobo é ruim, o javali é mau, etc? Concordarás que é complicado.

Conheço muita gente que trabalha no PNPG e sei que eles dão o melhor que podem na profissão que desempenham, mas, e como em todo o lado, há bons e maus profissionais.

A única conclusão a que se pode chegar depois desta catástrofe é que falhou a prevenção, ou melhor esta nem existiu! Não se aprendeu com os erros do passado. Não se aprendeu com os grandes incêndios do passado e infelizmente assim iremos continuar.

Alice Lobo disse...

Claro que o parque nacional da peneda gerês é de todos, mas tb gostaria de te informar que desde o Marco que divide o Monte da Ermida, Vilarnho das furnas e Germil. todaa serra do marco ate Ermida e lourido aquelas lagoas etc até Froufe é uma foral propriedade privada que pertence aos 3 lugares, e que o parque teve 5 anos a tentar convencer a foral a pertencer ao parque, pois os habitantes nao queriam, todos os anos os habitantes pagam a contribuição da foral, assim como o parque nao pode fazer nada nessa area sem a autorização dos 3 lugares. e como acontece nestes lugares ainda existe outras forais., claro que é dificil convencer uma pessoa de 50 anos a fazer certas coisas mas tb é chato ouvir constantemente por parte da FAPAS do director do parque que os habitante ssão mal educados, s eeles pouco fazem para mudar.

Alice Lobo disse...

tb conheço a mentalidade de muitos que pensam assim, e discordo, assim como querem fazer uma via rapida ate lindoso, continuo a discordar mas vai ser feita infelizmente.

Rui C. Barbosa disse...

Alice, tens toda a razão no que dizes. temos de ver a conjectura na qual foi criada o PNPG e ter em conta a história de uma certa preservação na Serra do Gerês.

Toda a animosidade contra o PNPG vem desde o início do Século XX com a chegada dos Serviços Florestais que impõe um determinado ordenamento da serra. As populações não gostaram. Depois surge o PNPG que impõe um novo ordenamento e desta vez das quatro serras. Aspopulações não gostaram e desta vez nem piavam porque senão tinham a PIDE à porta dias depois. Muitos destes problemas não foram resolvidos após 1974 e os confrontos continuaram.

Hoje tem importância o foral que falas, não sei se teria tanta importância para a governação na altura em que o PNPG foi criado.

As coisas têm de mudar no PNPG para bem de todos e principalmente das populações. Estas não têm de ter somente obrigações e nem podem nem devem ser privadas dos direitos.

Em relação ao FAPAS; o PNPG não pode ser uma coutada dos ambientalistas. O FAPAS não se pode pronunciar da maneira que o fez. É indecoroso e acima de tudo extremamente ofensivo.

A conservação tem de ser feita; eles é que são os doutos, eles é que têm de a saber fazer mantendo o equilíbrio. Se não sabem, então arranjem-se outros que o saibam fazer.

Alice Lobo disse...

A foral sempre teve importancia para os 3 lugares Ermida/Lourido e Froufe desde sempre sendo a foral da Terra da Nóbrega, outorgado por D. Manuel a 14 de Outubro de 1513" do qual temos um documento que dá aos 3 lugares o direito a essa propriedade. Sempre foi mais importante para os responsaveis do Parque que esta propriedade se integrasse , que para os habitantes, claro que na decada de 60/70 ninguem tinha autonomia, pois viviamos numa ditadura. a zona que mais ganhou com o Parque nacional foi o Gerês, (turismo) e nao a serra amarela ou a peneda, se reparas te nas noticias apenas referiam Gerês. Logo nos nao ganhamos nada em estar mos integrados no Parque e apesar de nao ganharmos nada, como os da vila do gerês e etc, tentamos sempre conservar o "monte"

Rui C. Barbosa disse...

Sim, isso é verdade e demonstra a má informação que foi dada pelos orgãos de comunicação social sobre os incêndios ao se referirem, por exemplo, ao "Soajo, Gerês".