sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Toponímia geresiana - memórias históricas sob ameaça


Como todos sabem, o Parque Nacional da Peneda-Gerês é um destino turístico por excelência para dezenas de milhares de turistas nacionais e estrangeiros que durante todo o ano, e em especial nos meses de Verão, chegam àquela área protegida.

Por outro lado, as redes sociais ajudam a promover este espaço e os seus recantos. Porém, esta promoção acaba por ter um efeito negativo em alguns aspectos, nomeadamente na propagação de nomes de locais que não existem. Infelizmente, a culpa não é só do veraneante de ocasião que pouco está interessado na toponímia ou no que ela significa para a história local. Muitas das pessoas que são naturais e que vivem no território, ajudam a manter nomes que não são verdadeiros, chegando mesmo ao ponto extremo de alguns dos mais jovens não conhecerem a sua terra pelos seus verdadeiros nomes (topónimos).

O caso mais flagrante acontece na Fecha de Barjas erradamente designada por 'Cascatas dos Tahiti'. Outros casos existem, como o da Cascata de Cela Cavalos ('Cascata Dulce Pontes'), ou mesmo as 'Sete Lagoas' que designam as lagoas ao longo do Rio Cabril entre as Lajes dos Infernos e o início da Corga Escuro.

Sem dúvida que através da Internet, estes nomes falsos são propagados como fogo num campo seco, ignorando-se a história de cada local. Poucos são os sítios ou páginas em redes sociais que complementam a informação falsa (pasme-se!) com o topónimo verdadeiro. Mas infelizmente, mesmo os meios de comunicação sociais tradicionais são vectores de transmissão de informação errada. Em vez de ajudar a preservar os velhos topónimos acabam por espalhar os nomes errados.

Exemplo flagrante tem sido as notícias que têm surgido no Jornal de Notícias referentes aos acidentes na Fecha de Barjas. Exemplos disso estão aquiaqui, aqui, e aqui. Outros exemplos existem, bem como em outros meios de comunicação social (nos quais não conto o Correio da Manhã por se tratar de uma sanita jornalística!).

A verdade é que já por várias vezes alertei para este facto, mas sem um sucesso aparente pois o nome errado continua a ser utilizado muitas vezes sem a indicação do topónimo correcto. Nestas notícias falha o rigor da informação, um dever que é sublinhado no estatuto do jornalista.

Assim, decidi enviar ao Jornal de Notícias (jn.online@jn.pt, noticias@jn.pt) um correio electrónico tendo por base os parágrafos anteriores, no qual apelo mais uma vez para que não se utilizam nomes falsos para designar áreas na Serra do Gerês e que se eleve o rigor das notícias publicadas por aquele jornal.

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