sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Anarquia no PNPG - Um Parque Nacional ao abandono


Era minha intenção escrever algo sobre o que o Alexandre Matos me descreveu após a sua mais recente visita ao Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG) e mais precisamente sobre a verdadeira anarquia que se tem vivido todos os dias em plena Serra do Gerês.

Porém, acho que o texto do Alexandre que publicou no seu blogue, Mundo da Alma, acaba por reflectir os meus sentimentos sobre o tema e certamente o sentimento de muitos que durante todo o ano visitam aquelas paragens.

No entanto, não posso deixar de sublinhar que o que vemos nas fotografias e no vídeo, é um exemplo de uma profunda falta de civismo de quem por ali está, uma profunda ignorância sobre o local que visitam e acima de tudo uma profunda falta de respeito pela casa dos outros e por um todo que é nosso. Não é espantar que isto aconteça. Temos uma sociedade funcionalmente analfabeta que só se interessa pelo que é acessório e despreza o essencial.

Temos um Parque Nacional ao abandono! Se pensávamos que o PNPG havia atingido o fundo do poço, enganamo-nos pois ele continua a afundar-se no lodo do desprezo e da falta de investimento ao qual foi deitado pelos sucessivos governos deste país.

O PNPG é incomparável com outras áreas protegidas no estrangeiro. Simplesmente, determinadas zonas do território não têm a capacidade de carga para suportar tamanha afluência de visitantes que vão em busca das fotografias das lindas cascatas em sítios que promovem a massificação sem respeito e sem se aperceber dos dias de seca que o país tem atravessado, encontrando um cenário a configurar um problema de saúde pública em zonas de pouca água corrente.

O verdadeiro estudo do impacto dos visitantes deveria ser feito agora, nesta altura na qual o PNPG é invadido por uma horda sem respeito pela Natureza e não durante os meses nos quais a paz e a tranquilidade regressam à serranias e onde o silêncio é apenas quebrado pelo pisotear das botas de quem tem consciência dos locais que pisa.

Fica aqui o testemunho do Alexandre Matos e a ligação para a sua publicação original "Portela do Homem - Passado, presente e futuro", bem como as fotografias e o vídeo que testemunham que o que se constrói em 11 meses pode ser destruído em meia dúzia de dias.

Citando o Alexandre Matos, "Este maravilhoso parque de centenas de pessoas que justamente têm o direiro de estar aqui, sim, não é maravilhoso. Não, por causa do lixo espalhado e contentores abarrotados nestes belos locais, dos acidentes regulares, do ruído de tantas centenas de carros, dos carros estacionados em zonas proibidas a criar engarrafamentos imagine-se, numa zona de proteção de estatuto assim garantido, e que por via de tanto desgaste, até essa via que esteve na origem da abertura do posto está agora tão degradada por buracos enormes, que quase só de jipe se recomenda? A Zona de Proteção Total, é nestes meses, percorrida por muitas dezenas de pessoas, estradão acima, de chinelo e lancheira( que por ser difícil de carregar naquele local chega a ser deixada no rio ou caminho). Ora...há plano de ordenamento ou não há? Se há, é para ser fiscalizado, e para toda a gente."

Vídeo © Alexandre Matos (Todos os direitos reservados)

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