quarta-feira, 10 de agosto de 2016

O incêndio no Ramiscal que não existe para a ANPC


Um dos mais importantes ecossistemas do Parque Nacional da Peneda-Gerês pode ter sofrido a machadada final ao ser atingido por um fogo florestal. Este incêndio, que a Autoridade Nacional de Protecção Civil pretende esconder ao não o exibir de forma independente no seu mapa de ocorrências, vem delapidar o pouco que restou na catástrofe de 2006 e que foi já açoitado por um incêndio em finais de Julho de 2016.

As fotografias cedidas por Carlos Pontes mostram o incêndio que está a consumir uma das jóias da coroa do nosso único (ainda) Parque Nacional.

Ainda sobre as feridas na Mata do Ramiscal, relembro um artigo de João Dias publicado a 31 de Janeiro de 2011 e onde refere pontos importantes sobre o estado daquela mata: "Muito se tem discutido sobre a regeneração deste micro ecossistema. Muitos deles com inteira razão de ser, mas muitos mais meramente científicos e teóricos. Não vou discutir este último argumento porque não tenho formação na área, o que posso é afirmar, com base na sistemática visitação, no antes e no depois incêndio, que as teses das gentes locais tem toda a razão de ser, quando afirmam que as cinzas, altamente tóxicas, escorreram em enxurrada para o Rio do Ramiscal e mataram todo o património truteiro do rio. Defendem também que o desaparecimento do casal de águias-reais emigrou para outras paragens, não porque tivessem morrido em consequência do incêndio, mas sim por falta de alimento, essencialmente constituído por coelho bravo e perdiz que terá desaparecido. Quando se lamenta a perda de grande parte do património arvoristico milenar, e eu sou testemunha do desaparecimento de uma grande mancha de giestal que servia de refugio a grande quantidade de gado. Por todas estas razões eu continuo a afirmar que o Ramiscal  está ferido de morte."






Fotografias © Carlos Pontes (Todos os direitos reservados)

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