segunda-feira, 10 de junho de 2024

Memória descritiva e justificativa da Mina da Corga das Negras n.º 1

 


A Mina da Corga das Negras n.º 1 era uma das concessões mineiras que compunham as Minas dos Carris. 

Situada na freguesia de Cabril, concelho de Montalegre, distrito de Vila Real, a Mina da Corga das Negras n.º 1 teve como seu primeiro Director Técnico, o Eng. de Minas Francisco da Silva Pinto, proposto a 7 de Julho de 1943.

O Plano de Lavra para esta mina é apresentado à Circunscrição Mineira do Norte a 5 de Julho de 1943, sendo referido que a mina pertencia à firma “Sociedade Mineira dos Castelos, Limitada”, então com sede no Porto, à Rua Fernandes Tomas, 749 – 1.º.

A localização da mina era dada como:

O ponto de partida é definido pelas coordenadas seguintes, referidas ao castelo de S. Jorge M= -91.200,00 e P= -344.650,00.

O ponto de partida está devidamente ligado à rede de triangulação do País, por intermédio das pirâmides geodésicas.

CARRIS.- M= -90.055,1 e P= -344.768,2.

LAMELAS.- M= -91.578,5 e P= -346.280,1.

MATANÇA.- M= -91.620,4 e P= -343.432,1.

A topografia da região era definida como "bastante acidentada" e os terrenos compreendidos na área do manifesto eram referidos "baldios" e onde "não existem culturas". De facto, a referência geológica indicava que a região não apresentava "nada extraordinário sobre o ponto de vista geológico, sendo exclusivamente uma região granítica."

O jazigo para o qual se apresentava o plano de lavra, era "constituído por aluviões de wolframite e nos quais também aparecem disseminados outros minerais que de um modo geral acompanham a sua formação." Pelas pesquisas então realizadas, "verificou-se que a média de altura dos depósitos aluvionares é de 1,5 metros sendo 0,80 a montante da linha de água e 2,50 para jusante. Os depósitos superficiais têm uma espessura de uns 0,20; segue-se-lhe inferiormente uma zona com, aproximadamente, 0,60 de estéril. Junto da rocha encontram-se aluviões mais ricos, com uma espessura de uns 0,30 seguindo-se-lhe superiormente uma zona com uns 0,40 cm de espessura que apresenta muito pouco minério."

As pesquisa realizadas constaram então na abertura de vários poços que se afundaram até atingir 0,10 metros na rocha-base.

O plano de lavra da Mina da Corga das Negras n.º 1 seria feito através da exploração do jazigo consistindo na abertura de valas distanciadas cerca de 25 metros umas das outras que seriam abertas de modo a atingir a profundidade da rocha-base. Estas valas avançariam normalmente à sua direcção e sempre à medida que se retirava a camada mineralizada. Ao mesmo tempo que se fazia o avanço, a parte estéril seria removida utilizando pás para trás, entulhando assim a parte desmontada. Logo que se começassem os trabalhos de desmonte retirava-se primeiramente a camada de terra arável, colocando-a de parte para que, tendo terminado o desmonte de uma faixa, se pudesse recobrir o terreno com ela. As terras mineralizadas era, na altura, sujeitas a uma lavagem em caleiras de modo a obter-se uma concentração suficiente. As terras eram transportadas até às caleiras em carrinhos de mão que de volta aos desmontes transportavam o estéril proveniente da lavagem, indo entulhar os vazios ainda existentes. Os concentrados obtidos eram transportados em muares até ao local denominado Albergaria e daqui por viaturas automóveis à oficina de tratamento que a Sociedade possuía na cidade do Porto. O aluvião a explorar abrangia uma área de 550 x 250 metros, o que com a profundidade média de 1,5 daria um volume de 206.250 m3 de material a trabalhar com um teor médio de 2%.

Na altura, as instalações mineiras existentes na concessão do Salto do Lobo ainda não estavam equipadas com uma Lavaria, referindo-se neste plano de lavra que a Sociedade tinha "em construção, um caminho que ligará Albergaria à sua concessão “SALTO DO LOBO”, pensa-se montar uma lavaria mecânica para tratar diariamente 60 a 100 toneladas, cujo projecto será apresentado, oportunamente."

Todo o transporte de tout-venant e estéril, que inicialmente seria feito em carros de mão, seriam posteriormente feitos o mais rapidamente possível, por material Decauville.

Referindo-se que o pessoal para os trabalhos mineiros "seria recrutado nas povoações mais próximas", era também indicado que a Sociedade Mineira dos Castelos possuía naquela zona, "várias minas cujos processos de concessão estão correndo os devidos tramites e que mais tarde serão objecto de um couto mineiro. Entre estas minas figura a concessão “SALTO DO LOBO” onde por agora se têm concentrado todas as edificações."

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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