sábado, 22 de junho de 2024

365... Carris e Pico da Nevosa

 


Esta caminhada levou-me ao alto dos Carris e depois ao ponto mais elevado da Serra do Gerês, o Pico da Nevosa.

Quiseram as vicissitudes da partilha de território e da definição de fronteira entre Portugal e Espanha, que o ponto mais elevado do maciço da Nevosa ficasse localizado no lado português. Com os limites de fronteira a serem definidos pelos pontos mais elevados, não deixa de ser curiosa esta divisão naquele ponto. Por outro lado, também não deixa de ser curioso o facto de o ponto mais elevado da Serra do Gerês não ter merecido um marco geodésico, estando - por exemplo - o alto dos Carris contemplado com tal estrutura.

A caminhada até ao alto dos Carris fez-se seguindo o percurso da antiga estrada mineira até chegar à grande Chã das Abrótegas. Depois de passar o Curral de Cabanas Novas, seguiu-se pelo início da Corga do Concelho, mas logo de imediato flectindo a Nascente e seguindo as mariolas até chegar ao marco geodésico. O caminho leva-nos pelo relativo caos granítico das alturas geresianas e passa junto de velhas explorações mineiras que passam despercebidas à maioria dos que visitam aquelas paragens. Estas poderão ter sido explorações de volfrâmio ou de berílio, pois nas proximidades ocorreram concessões que então exploravam o glicínio.



Após a passagem pelo marco geodésico, iniciou-se a descida para a Represa das Minas dos Carris e daqui seguiu-se para o Colo de Marabaixo, iniciando-se depois a subida ao ponto mais elevado da serra. Há muitos anos, esta subida fazia-se por um velho carreiro perfeitamente delineado na encosta, porém, com o intuito de encurtar caminho dos novos «montanhistas», fez-se um trajecto quase a festo, perdendo-se assim o velho carreiro por entre a vegetação.

O ponto mais alto da Serra do Gerês eleva-se a 1.548 metros de altitude e nos últimos tempos tem sido um objectivo de muitos que demandam o Parque Nacional. De facto, neste dia seriam certamente mais de 50 pessoas a visitar aquele alto.

O regresso à Portela do Home foi feito passando pelas ruínas das Minas dos Carris e depois descendo o Vale do Alto Homem.



O Pico da Nevosa

O texto a seguir foi retirado do blogue Garcias - Montanhas de Portugal e faz uma excelente descrição do Pico da Nevosa. O texto integral pode ser acedido aqui (de notar que o texto foi inscrito há já bastante tempo, fazendo ainda referência à taxa que então o ICNF cobrava pela apreciação dos pedidos de autorização para caminhar nas áreas nas quais eram necessárias, mas que, entretanto, foi há muito abolida).




O pico da Nevosa com 1548 metros de altitude é a montanha mais alta e proeminente da serra do Gerês e do distrito de Vila Real, bem como a montanha mais alta de toda a região norte de Portugal.  

A nível nacional é a 5ª montanha mais alta de Portugal Continental (todas as quatro primeiras ficam na serra da Estrela).

No que respeita a proeminência topográfica esta montanha conta com 763 metros de altitude relativa o que faz dela a 4ª montanha mais proeminente do país (Continente) e a mais proeminente da serra do Gerês e do distrito de Vila Real. A sua "montanha pai" é o Cabeço de Manzaneda na Galiza.

O cume desta montanha fica situado no território da freguesia de Outeiro, no concelho de Montalegre. A fronteira com Espanha passa uns escassos 50 metros do cume, mas este está localizado no lado de Portugal.

O cume da Nevosa fica numa zona de difícil acesso no coração da serra do Gerês / Xurés, pelo que todas as rotas para lá chegar são longas e cansativas. Felizmente nenhuma estrada chega perto do cimo desta montanha, o que permite que se sinta uma alegria especial ao alcançar o cume.

A Nevosa é uma das montanhas que separa a bacia hidrográfica do rio Lima (a norte) da bacia hidrográfica do rio Cávado (a sul). Entre a Nevosa e o Pico do Sobreiro nasce a ribeira das Negras que mais abaixo toma o nome de Ribeira de Cabril e desagua no Cávado junto à aldeia de Cabril.

(...)

Desde o cume a vista é fantástica! Ao longe podemos vislumbrar serras tão distantes como a noroeste as serras do Suido, Paradanta e Faro de Avión na Galiza, a nordeste as serras de S. Mamede e de Manzaneda habitualmente nevadas no inverno, e a este a Peña Trevinca, Segundeira, Gamoneda (onde a neve é ainda mais frequente) que se erguem entre as províncias de Ourense e Zamora e se prolongam para sul nas serras de Montezinho, Coroa e Nogueira já em território português.

A montanha mais próxima da Nevosa é o Pico do Sobreiro a cerca de um quilómetro a sudoeste, atrás da cumeada dessa montanha à direita vemos a serra Amarela na qual identificamos facilmente a Louriça e com maior dificuldade a Cruz de Touro.

A norte da serra Amarela surgem algumas elevações mais modestas ao longe entre as quais podemos identificar a serra de Arga e o Corno do Bico. Continuando a rodar para a direita vemos o Gião, Guidão ,  Pedrada e Peneda na serra do Soajo. Um pouco mais próximo erguendo-se do vale do Lima vemos a serra do Quinxo na Galiza. Atrás desta identificamos com dificuldade os cumes do Fojo, Outeiro Alvo, Penameda e Aguieira/ Chã da Matança e Cabeço do Pico na serra da Peneda e ainda mais à direita o planalto de Castro Laboreiro ou serra do Laboreirón culminado no Giestoso. A este do Laboreiro os relevos vão sendo mais aplanados e descendo gradualmente de altitude.

A nordeste de onde nos encontramos uma linha de cumeada liga a Nevosa à Fonte Fria formando a crista montanhosa que define a fronteira luso-espanhola.

A zona da Fonte Fria é formada por várias fragas graníticas como  a Ourela Branca, a Fraga da Espinheira, a Fraga de Brazalite, a Roca Sendeia e o Coto das Gralheiras. Além das Gralheiras e da Portela de Pitões, as elevações (Alto do Pisco, Rochão, Alto de Candal) continuam a suceder-se até ao Larouco sempre perto da linha de fronteira mas o relevo é muito mais arredondado, muito diferente dos pináculos rochosos da zona de Fonte Fria.

Atrás do Larouco a nordeste deste vemos as serras espanholas já referidas anteriormente maciços de Manzaneda e Trevinca.

A sul do Alto do Pisco vemos a aldeia de Pitões de Júnias e à direita desta a Fraga de S. João encimada pela capela com o mesmo nome.

Mais a sul vemos as albufeiras da barragem da Paradela e da barragem de Pisões / Alto Rabagão, assim como as serras do Facho e do Barroso culminando no cume do Facho, Lamas/Alto de Oral e Cerdeira na serra do Facho e  na Armada e S. Domingos na serra do Barroso.

A sudeste vemos ao longe as serras do Alvão, Falperra, Marão e de Montemuro e finalmente a sul podemos identificar a Seixa, o Alto do Facho, Torrinheiras e o Talefe na serra da Cabreira.

A sudoeste é visível a montanha de Coções do Concelinho e um pouco mais longe a Rocalva, Roca Negra e Borrageiro.

Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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