quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Visitar as Minas dos Carris


Devido aos recentes acontecimentos, não é demais voltar a publicar este texto que já surgiu aqui no blogue há algum tempo e aconselho também a leitura desta publicação.

Nos últimos anos, as Minas dos Carris na Serra do Gerês têm-se tornado um destino, um objectivo preferido de muitos montanheiros e afins. Situadas nos píncaros geresianos, estas minas são vistas não só como um objectivo em si, mas também como um local rodeado com uma certa aura de mística e mistério, certamente devido ao seu entorno e às ruínas que tornam aquele local tão especial.,

Podemos chegar às Minas dos Carris percorrendo vários caminhos, uns mais fáceis do que outros mas sempre constituindo longas caminhadas. Antes de falar destes caminhos, convém desmitificar a situação destas minas perante o actual ordenamento do Parque Nacional da Peneda-Gerês. Muitos são aqueles que em busca de informações são mal informados tanto pelos serviços do parque nacional como dos postos de turismo da zona. Infelizmente, o facto de alguém trabalhar nestes locais não lhe garante o total conhecimento sobre os condicionalismos que são impostos à visita e acabam por mal informar os visitantes. Assim, desde já convém referir que NÃO É PROIBIDO VISITAR AS MINAS DOS CARRIS! Por outro lado, as Minas dos Carris não se encontram dentro da zona de protecção total do Parque Nacional da Peneda-Gerês, o que implica que não é necessária qualquer autorização para a sua visitação. Porém, o mesmo já não acontece com alguns dos caminhos que terão de ser percorridos.

Durante a visita às ruínas convém ter extremo cuidado aos nos aproximarmos dos poços mineiros bem como de algumas ruínas, nomeadamente na lavaria. Não convém também esquecer que este é um património único e que apesar de desprezado pelo Parque Nacional da Peneda-Geres, deve ser devidamente conservado e respeitado! Qualquer acto de vandalismo ou destruição do património deve ser comunicado ao PNPG ou à GNR.

Falemos então de como chegar às Minas dos Carris. Como é óbvio existem vários caminhos para chegar ali. Destes vou indicar três opções, sendo que duas delas percorrem em parte a zona de protecção total. O que é que isto implica? Implica que caso queiram percorrer estes caminhos terão de pedir uma autorização ao Parque Nacional da Peneda-Gerês a qual não tem de ser paga!

O caminho mais curto para chegar às Minas dos Carris percorre o fabuloso Vale do Alto Homem, famoso no Verão pelo Rio Homem e pelas suas lagoas naturais. O caminho tem uma extensão de cerca de 9,5 km e vai subindo a montanha. O seu estado é muito mau devido à incompreensível falta de conservação por parte do PNPG que o levou a uma degradação extrema. No entanto, não deixa de ser o caminho mais curto, apesar de penoso. Este caminho percorre a zona de protecção total quase desde o seu início até à entrada na Corga da Carvoeirinha, já quase no final do percurso.

A segunda opção será tentar chegar às Minas dos carris passando pelas galegas Minas das Sombras. Podem iniciar a caminhada na Ermida da Nª. Sra. do Xurés (Vilaméa) e seguir a Ruta das Sombras. Ao chegar às Minas das Sombras deve-se tomar um trilho de pé posto que se inicia junto do velho barracão dos mineiros e daí atingir a fronteira na Amoreira. Seguindo o trilho em direcção ao marco geodésico dos Carris, terão de percorrer cerca de mais 2 km para chegar às Minas dos Carris. Entre a Amoreira e o marco geodésico dos Carris, estarão a percorrer a zona de protecção total. Muito azar se algum guarda aparecer por aqui, mas nunca se sabe!...

A terceira opção será utilizando o trilho que se inicia em Chã de Suzana (Xertelo) e seguir em direcção ao Castanheiro onde se pode observar os restos de mineração das Minas do Castanheiro. Percorrendo sempre em trilho de pé posto, o caminho seguirá o bordo do Vale da Ribeira das Negras em direcção aos Currais das Negras e daqui subir ao paiol ou então seguir em direcção à Garganta das Negras até atingir a linha de fronteira e depois virar à esquerda, atingindo a represa dos Carris. Uma outra opção será atravessar a Ribeira das Negras e após passar no sopé da Matança, atingir a Lamalonga e daqui subir em direcção à lavaria. Este percurso nunca entra na zona de protecção total e como tal não é necessária qualquer autorização para grupos inferiores a 10 pessoas (pois percorre em parte a zona de protecção parcial Tipo I).

É óbvio que existem outras opções (por Pitões das Júnias, pelo Vale da Abelheira, pela Lagoa do Marinho,  por Sáa (Galiza)), mas estes serão os percursos mais interessantes. 

Fotografia: © Rui C. Barbosa

3 comentários:

RB disse...

Boa noite Rui,

Perdoe o offtopic mas estou a pensar e ir até à Rocalva no sábado partindo do Arado ou da Tribela. Estou em dúvida sobre onde deixar o carro pois se o deixar na Ermida a caminhada fica um pouco puxadota para as horas de luz disponíveis (acho eu...).

Em Outubro fui com companhia até ao Poço Azul e deixei o carro no Arado mas fico um pouco reticente de o deixar lá todo o dia... Sabe de algo mais chato que tenha acontecido ao veículo de algum companheiro?

Desde já o meu obrigado.

PS Carris talvez fosse um objectivo interessante (ambiciono subir no Inverno, Verão já está) mas à luz dos acontecimentos recentes ficará para uma outra altura!

Cumprimentos
Rui

Rui C. Barbosa disse...

Caro Rui,

De facto são mais uns quilómetros!! Não tenho tido registo que terem ocorrido problemas por lá ultimamente. De facto, há duas ou três semanas fiz um trajecto semelhante entre o Arado e a Rocalva e não houve qualquer problema com as viaturas.

Boa caminhada!

NobreLuso disse...

Depois de ler sobre visitas a tantos lugares que me fazem sonhar, concluo facilmente que afinal não conheço o verdadeiro Gerês.
E só mesmo na companhia de um Mestre me atreverei a fazer alguns desses percursos, enquanto as minhas pernas com 65 anos ainda mostram coragem e genica...
Claro que o amigo Rui Barbosa é o Mestre que eu procuro...