Este é o final de um primeiro conjunto de histórias sobre o Inverno na Serra do Gerês com particular ênfase nas Minas dos Carris. É possível que já tenha publicado aqui este texto que nos conta a dureza da vida na Serra do Gerês no longínquo ano de 1944 durante um duríssimo Inverno.
As histórias servem também de aviso e conselho para aqueles que nos próximos dias irão demandar as paisagens serranas. Sublinhando a importância da segurança e da gestão do risco em montanha, fica aqui a parte final deste conjunto de histórias.
Na transcrição em baixo não foi corrigida a ortografia.
A partes anteriores deste artigo podem ser lidas em Histórias de Inverno nas Minas dos Carris (I), Histórias de Inverno nas Minas dos Carris (II), Histórias de Inverno nas Minas dos Carris (III) e Histórias de Inverno nas Minas dos Carris (IV).
Com as equipas de socorro a chegarem aos Carris, o ‘Diário de Notícias’ ainda irá referir o acontecimento dos dias 3 e 4 de Março.
BRAGA, 2 – Têm sido aqui muito apreciadas as reportagens do «Diário de Notícias» sobre a tempestade de neve que caiu na serra do Gerez e bloqueou centenas de homens nas minas dos Carris.
As comunicações entre as Caldas do Gerez e o alto da serra já se encontram inteiramente restabelecidas e os estafetas da Empresa Mineira Lisbonense retomaram o seu serviço habitual. Os últimos trabalhos de desobstrução dos caminhos ficaram concluídos hoje á tarde, assistindo a eles o Sr. Trindade dos Santos, administrador do concelho de Terras de Bouro. Mas trabalha-se ainda na remoção da neve, no percurso de 17 quilómetros, entre Albergaria e os Carris.
Como é muita e o frio intenso, foi suspensa a exploração das minas. Em consequência, logo que foram libertados do bloqueio, os mineiros dirigiram-se para as Caldas do Gerez e ali se conservam.
Havia o receio de que, por terem suportado o peso de 5 metros de altura de neve, as construções em volta das minas tivessem ficado inutilizadas. Os engenheiros que hoje se deslocaram aos Carris mandaram descobri-las e verificaram, segundo nos consta, que nenhuma sofrera qualquer prejuízo. A segurança das minas é completa. Para os Carris têm ido grandes quantidades de mantimentos.
Hoje regressaram ao Hotel Maia, nas Caldas do Gerez, de onde partiu a organização dos serviços de socorro, os srs. José Rodrigues de Sousa, engenheiros António Cruz e Alípio Martins e cinco trabalhadores que, como dissemos, constituíram a primeira brigada de assistência enviada aos bloqueados.
De tarde, na serra, começou a chover. Não tarda, pois, o degelo. O tempo coadjuva, assim, o esforço dos homens.
CALDAS DO GEREZ, 3 – Nas minas dos Carris continuam suspensos os trabalhos, ainda devido ao forte nevão dos últimos dias. Em toda a serra choveu hoje ininterruptamente, o que veio acelerar o degelo.
Pelas vertentes da serra correm grandes massas de água, que vão precipitar-se no rio Homem e aumentam consideravelmente o volume deste. Não há perigo, todavia, de inundações, porque as margens do rio são altas.
A tempestade de neve no Gerez
Os mineiros foram libertados
BRAGA, 2 – Têm sido aqui muito apreciadas as reportagens do «Diário de Notícias» sobre a tempestade de neve que caiu na serra do Gerez e bloqueou centenas de homens nas minas dos Carris.
As comunicações entre as Caldas do Gerez e o alto da serra já se encontram inteiramente restabelecidas e os estafetas da Empresa Mineira Lisbonense retomaram o seu serviço habitual. Os últimos trabalhos de desobstrução dos caminhos ficaram concluídos hoje á tarde, assistindo a eles o Sr. Trindade dos Santos, administrador do concelho de Terras de Bouro. Mas trabalha-se ainda na remoção da neve, no percurso de 17 quilómetros, entre Albergaria e os Carris.
Como é muita e o frio intenso, foi suspensa a exploração das minas. Em consequência, logo que foram libertados do bloqueio, os mineiros dirigiram-se para as Caldas do Gerez e ali se conservam.
Havia o receio de que, por terem suportado o peso de 5 metros de altura de neve, as construções em volta das minas tivessem ficado inutilizadas. Os engenheiros que hoje se deslocaram aos Carris mandaram descobri-las e verificaram, segundo nos consta, que nenhuma sofrera qualquer prejuízo. A segurança das minas é completa. Para os Carris têm ido grandes quantidades de mantimentos.
Hoje regressaram ao Hotel Maia, nas Caldas do Gerez, de onde partiu a organização dos serviços de socorro, os srs. José Rodrigues de Sousa, engenheiros António Cruz e Alípio Martins e cinco trabalhadores que, como dissemos, constituíram a primeira brigada de assistência enviada aos bloqueados.
De tarde, na serra, começou a chover. Não tarda, pois, o degelo. O tempo coadjuva, assim, o esforço dos homens.
O degelo no Gerez
Aumentou o volume do Rio Homem
CALDAS DO GEREZ, 3 – Nas minas dos Carris continuam suspensos os trabalhos, ainda devido ao forte nevão dos últimos dias. Em toda a serra choveu hoje ininterruptamente, o que veio acelerar o degelo.
Pelas vertentes da serra correm grandes massas de água, que vão precipitar-se no rio Homem e aumentam consideravelmente o volume deste. Não há perigo, todavia, de inundações, porque as margens do rio são altas.
Texto adaptado de "Minas dos Carris - Histórias Mineiras na Serra do Gerês", Rui C. Barbosa - Dezembro de 2013
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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