sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Germil


Um vale majestoso marcado por socalcos de vinha, demonstra o domínio hábil do homem naquele lugar, ladeado pela vegetação autóctone onde se distinguem carvalhos e castanheiros. Ao cimo, a aldeia de Germil na cota dos 600 metros, encaixada nos pequenos socalcos e que constitui um exemplo típico de uma povoação de habitat serrano. Germil é uma típica aldeia de montanha situada num dos muitos cumes da Serra Amarela, em pleno Parque Nacional da Peneda Gerês (PNPG) e a escassos quinze quilómetros da sede de concelho, Ponte da Barca. 


A altitude (que varia entre os quatrocentos e os oitocentos metros) traçou Germil como sendo mais um daqueles locais de difícil acesso, isolada e voltada para si mesma. A aldeia é composta por apenas dois aglomerados populacionais e, como seria de esperar, sofreu ao longo dos tempos de um mal que afectou todo o país durante décadas: a emigração desenfreada. Por isso, a agricultura de subsistência, aliada ao pastoreio em regime extensivo fizeram de Germil uma aldeia auto-sustentavél e isolada.
Com a pedra de granito a dominar grande parte das construções, o visitante pode observar diversos aspectos da vida comunitária. 

Bastante antigos, são alguns dos espigueiros em granito perto de uma igreja datada de 1880. Uma velha azenha, mais uma vez testemunha o aproveitamento das forças da natureza pelo homem. A recolha dos carros de bois puxados por barrosãs e ritmados pelo tilintar dos badalos, mostra que mais um dia de trabalho está a terminar. Galinhas e pintos passeiam-se pelos recantos da aldeia. A pequena estrada que continua aldeia dentro leva-nos até ao concelho de Terras de Bouro. Um pequeno bosque de carvalhos e castanheiros logo à saída de Germil aguarda por nós para um pequeno descanso antes de regressarmos. 

Daqui, contempla-se também a bonita aldeia numa outra perspectiva.


Germil e a vivência comunitária

A pequena aldeia de Germil merece uma incursão a pé. O caminho até lá, estrada estreita a serpentear pela serra acima, deixa-nos imaginar como seria remoto aquele lugar antes de existirem modernas vias de comunicação e meios de transporte. Numa cota perto dos 600 metros, apercebemo-nos já das características que marcam uma típica aldeia serrana, onde um maior isolamento face a outras povoações, obriga a sua população a uma vida mais comunitária.

Um dos aspectos que o visitante deve ter em conta, é o facto de nas áreas de menor altitude existir uma maior dispersão de povoações e habitações. À medida que nos dirigimos para as cotas mais elevadas, não só a distância entre as povoações aumenta, como também as características das mesmas se transformam, passando a verificar-se uma maior concentração habitacional. A aldeia de Germil é um desses exemplos. Com uma estrada estreita que atravessa a aldeia em direcção a Terras de Bouro (só recentemente alcatroada), toda a aldeia se encontra aglomerada num pequeno núcleo de ruas muito estreitas, algumas delas cobertas por vinhas. O característico granito das habitações, apenas deixa de existir em casas mais modernas, geralmente de emigrantes. 


Antigos espigueiros e uma azenha atestam também algumas das tradições ainda em uso nesta pequena aldeia. A recolha do gado ao fim do dia, assim como as pequenas áreas de cultivo em torno da aldeia, demonstram a forte componente rural que existe ainda hoje em Germil. Como numa boa parte destas aldeias, o vestuário negro é comum em muitas das mulheres idosas.











Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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