quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Trilho Castrejo

Castro Laboreiro, 20 de Agosto de 2009

Virei-me então para a Serra da Peneda. Muitos dizem ser a serra mais selvagem de Portugal; eu digo ser a serra onde o religioso e o profano melhor se combinam para nos proporcionar um ambiente único e muito peculiar engrandecido pela paisagem agreste do granito que parece rasgar a terra de onde brota.

As alminhas nos cruzamentos transportam-nos para um ambiente onde a crença religiosa vai buscar forças ao oculto. Uma floresta de carvalhos à luz do sol por entre o nevoeiro, carregam-nos com um misticismo que nos faz caminhar mais depressa pois a noite vai chegando. O lusco fusco de uma vela que ilumina a figura santificada, o Cristo sangrento que afugenta as forças do Demónio. É assim Castro Laboreiro com as suas casas em pedra, altivas e seguras num Verão não muito quente. As gentes que trabalham nos campos pois o Inverno não tarda naquelas paragens. As mulheres vestidas de um negrume que marca, um negro que se destaca...

O Trilho Castrejo é um trilho de pequena rota que nos leva a percorrer paisagens peculiares da Serra da Peneda ao longo dos seus mais de 16 km de extensão (marcados pelo GPS). Iniciando com uma subida suave junto do Hotel Castrum Villae, o trilho vai flectir para esquerda nas fraldas da serrania em direcção à aldeia do Barreiro passando por bosques de carvalhos alvarinho onde também se encontram azevinhos, loureiro e medronheiros. Encontramos também teixos, vidoeiros e carvalhos negral. O trilho vai descendo, por vezes de forma acentuada, até atingir uma velha ponte e finalmente cruzar as silenciosas casas do Barreiro. Atingimos depois uma linha de água onde podemos encontrar espécies como o freixo, o salgueiro, amieiro e choupo.

Ao se cruzar esta linha de água convém ter em atenção á direcção do trilho que apesar de estar bem sinalizado em quase todo o seu percurso, pode por vezes induzir em erro o caminhante mais distraído.

Subimos depois para a aldeia da Assureira que nos vai levar a cruzar a estrada entre Ribeiro de baixo e Castro Laboreiro para nos dirigirmos à belíssima Ponte Nova sobre o Rio Laboreiro. Prosseguimos passando ao lado das Cabeçãs e em direcção à aldeia da Curveira após cruzarmos a estrada em direcção à Ameijoeira. Após sairmos da aldeia, que percorremos na companhia de Castros Laboreiros ruidosos e nada afáveis, entramos num trilho de pé posto em direcção ao Bico do Patelo. Pessoalmente foi a parte do Trilho Castrejo que mais gostei, proporcionando belas paisagens à medida que a característica formação geológica se vai tornando cada vez maior. O Bico do Patelo faz-nos lembrar o bico de uma ave petrificada que vigia para toda a eternidade o vale.

Após atingir uma das partes mais altas do vale, o trilho inicia a descida até ao estradão que nos poderá levar ao santuário da Sra. de Numão (ou Anamão). Neste cruzamento seguimos á esquerda em direcção à aldeia da Seara. Foi a poucas centenas de metros da Seara que perdi momentaneamento o trilho, fazendo com que passa-se pela aldeia em vez de seguir pelos caminhos que ladeiam os campos passando ao lado da aldeia de Padrosouro. Nesta fase tomei a estrada até encontrar um desvio numa nova estrada de alcatrão até à aldeia de Caínheiras onde retomei o trilho que cruza mais tarde novamente a estrada para a Ameijoeira e me levou por entre os caminhos da aldeia da Varziela. Após cruzar uma pequena ponte atingia novamente a estrada e pouco depois entrava em Castro Laboreiro fechando assim o trilho.

Recomendo vivamente o Trilho Castrejo. Está muito bem sinalizado em toda a sua extensão, tendo no entanto de se ter especial atenção nos metros antes da chegada à Seara.

Ficam algumas fotografias...

Fotografias: © Rui C. Barbosa

1 comentário:

Anónimo disse...

Viva Rui,
Conheço todos os lugares descritos à 25 anos,gostaria de o informar que existia um trilho, que eu fiz várias vezes, que começa na Várzea e segue ao longo da barragem até ás misturas(confluência dos rios de Tibo e Peneda com o rio Laboreiro)seguindo depois pela direita até à queda do Malho depois é só chegar até à aldeia de Ribeiro de Baixo o resto Você já conheçe.
Atenção, apôs as misturas é perigoso caminhar sem encontrar o trilho ,pois a queda do malho só é transponível pelo lado esquerdo a montante do rio.No tempo em fiz este trajecto foi na pesca desportiva de trutas e conheço Castro Loboreiro muito bem.Aconselho também o trajecto através do rio até à ponte romana da Vila ,a paisagem por de traz do castelo é muito linda.De referir que eram à algum anos atrás trilhos sem sinalização e algo perigosos.
Abraço,
João Dias