Há cerca de dois anos decidi por uma forma de vida que me proporciona um maior contacto com a Natureza e a possibilidade de a poder mostrar tentando transmitir as sensações e emoções que me tem proporcionado ao longo de muitos anos de jornadas por estas montanhas.
Assim, é sempre um prazer poder acompanhar quem quer desfrutar destes espaços e observar uma Natureza quase em estado puro onde a convivência com o Homem, por vezes num equilíbrio relativo, a moldou sem a alterar de forma irreversível. Certamente que aquilo que nós vemos pelos espaços montanhosos de Portugal não vai corresponder à paisagem que tínhamos há 100, 300 ou 500 anos, mas isso não quer dizer que quem cá habitou tenha de sair destes espaços. O ser humano faz parte da Natureza como uma parte de todo este sistema; terá de reaprender a viver nele de forma mais harmoniosa possível.
O percurso deste dia foi bastante simples e dividido em duas partes distintas: a parte inicial que partiu do Campo do Gerês, levou-nos por carreiros de montanha até à Junceda, e a parte final (a partir daquele lugar) por uma paisagem mais humanizada percorrendo uma estrada florestal.
Assim, saindo da aldeia de Campo do Gerês toma-se um caminho florestal que nos vai levar a percorrer as margens do Ribeiro da Roda até chegarmos às Vitoreiras que nos levam às imediações do topo da Fraga do Suadouro. Aqui, o caminho (numa das suas opções) vira à direita e inicia uma «suave» subida - pois a pior já ficou para trás - para o Curral de Gamil. Estes pequenos percursos, não muito afastados das aldeias, permitem aos menos experientes e àqueles que não querem depender de um traçado GPS já feito por outros, se irem habituando a orientar na montanha. As mariolas são sempre uma grande ajuda e um estudo prévio de uma carta militar ou mesmo das imagens disponíveis no Google Earth, são acções que nos preparam para uma simbiose que mais tarde ou mais cedo irá trazer os seus frutos.
Saindo das Vitoreiras, a paisagem vai-se abrir para as vertentes agrestes da Serra Amarela e para o verde profundo da Serra de Sta. Isabel. Por seu lado, o Curral de Gamil leva-nos aos tempos da transumância geresiana com o seu abrigo (forno) pastoril bem conservado e que nos permite ter uma ideia do que seriam as longas noites de guarda na serra.
Deixando o Curral de Gamil, com o seu velho carvalho, para trás, vamos seguir o traçado do Trilho da Silha dos Ursos que nos leva a passar na Manga da Tojeira e Vale do Meio, chegando à Casa Florestal de Junceda. Daqui, o percurso foi seguindo a estrada florestal passando pelo Miradouro de Junceda e até ao Curral de Lameirinha, virando então na direcção do Campo do Gerês passando à sombra do Penedo das Quatro Esquinas.
Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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