Carris, 27 de Abril de 2008
O último dia da nossa estadia nas Minas dos Carris estava reservado para o reconhecimento do interior do 1º piso da concessão do Salto do Lobo. O objectivo desta incursão era o de tentar encontrar algum vestígio que nos ajudasse a escrever um pouco da vida no interior da mina.
Com uma entrada cautelosa a equipa percorreu lentamente a galeria de acesso à mina devido à grande quantidade de água. Após vários metros esta galeria divide-se em três galerias de igual largura. A galeria central leva-nos ao elevador principal da mina, enquanto que a galeria do lado direito nos leva a uma nova galeria e um pouco mais à frente à entrada do elevador. Esta nova galeria conduziria à exploração inicial e encontra-se selada, sendo no entanto possível observar a sua continuação para lá da parede de pedra com o olhar a alcançar uma derrocada que acabou por selar a galeria de forma definitiva. Esta conduzia ao poço inicial que se encontra a céu aberto e que é facilmente visível pelo visitante. A galeria esquerda leva-nos a uma nova galeria que tem no seu início a base de um vagão de minério abandonado e mais uma vez ao elevador. É impossível a progressão por esta galeria devido a várias derrocadas mas ainda é visível uma parede em betão que retém uma enorme quantidade de água.
Após a visita ao primeiro piso da concessão do Salto do Lobo decidimos entrar numa galeria que dá acesso ao poço inicial. Este acesso é possível devido a um desmoronamento que acabando por selar a ligação entre os dois poços, criou um acesso à exploração mais antiga. A progressão foi feita com extremo cuidado e no seu interior foi possível observar três níveis de extracção. No entanto foi também possível constatar o alto nível de perigosidade que se encontra naquela área. Com o granito muito alterado a estabilidade do local é mínima. O acesso à mina permite entrar numa galeria com uma altura considerável. Em resultado de várias derrocadas foram criadas uma série de rampas que permitem uma fácil progressão no seu interior. Após alguns metros chegamos a uma zona onde a luz do dia nos permite visualizar uma catástrofe à espera de acontecer: vários blocos de pedra estão suspensos ao longo de vários metros desde a superfície criando um poço e uma verdadeira armadilha a quem de forma descuidada caminhe no exterior onde o poço se encontra encoberto por intensa vegetação. No interior a rampa leva-nos a uma plataforma que dá acesso ao velho poço uns metros mais à frente. Porém, caminhar nesta zona é extremamente perigoso pois parece que todo o chão está assente em velhas barras de madeira que sustentam muito peso e que podem colapsar a qualquer momento. Após esta constatação e a obtenção de algumas fotografias do interior, decidimos abandonar o local rapidamente...
Fotografias: © Rui C. Barbosa