Uma paisagem de Inverno nas Minas dos Carris, Serra do Gerês.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
Uma paisagem de Inverno nas Minas dos Carris, Serra do Gerês.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
Muitos dos nomes daqueles que trabalharam nas Minas dos Carris ficaram esquecidos para sempre ou perdidos em arquivos em locais incógnitos.
No entanto são conhecidos alguns dos nomes, apelidos ou alcunhas de trabalhadores ou responsáveis por alguns sectores importantes do complexo mineiro, tais como Joaquim Manuel Bandeirinha (Encarregado no exterior dos Alojamentos, Cozinhas, Refeitórios, Vigilância, Transportes e algum apoio aos Serviços Técnicos, que na realidade era uma espécie de elo de ligação entre os Serviços Administrativos e Técnicos); Lopes (Guarda-livros); Cardoso (Apontador); Tenente Silva Pereira (Caixa e Observatório Meteorológico); Santos (o "Doutor" Santos – Enfermeiro do complexo); Mestre Angelino (Encarregado da Contra-Mina e Exploração subterrânea); Abílio (Encarregado da Carpintaria); Manuel Pereira "Ferreiro" (Encarregado da Lavaria); o Serafim "Rabeca" (Encarregado da Flutuação e Separadora); José "Boxe" (Encarregado do Armazém de Materiais); Alves (Encarregado da Serralharia e Manutenção Mecânica); Lourival (Encarregado da Central e Serviços Eléctricos); Cleto (Desenhador); Teixeira (Serralharia e Forja); Ferreira (Mecânica); Lídia (que servia à mesa e arrumava os quartos) e sua irmã, Ana Joaquina (‘Ana do Guilherme’, esposa do António Ferreira, também conhecido como ‘António Cruzeiro’, Chefe dos Guardas da Mina); a esposa do Angelino e a esposa do José "Boxe" (filha do casal anterior).
Esta lista, de pessoal que trabalhou nas minas nos anos 50, poderia conter muitos outros nomes de pessoas que lá trabalharam nos anos 40 e nos anos 70, mas infelizmente foram apagados da memória nacional com o passar dos anos, perdendo-se assim o registo de uma época ímpar no nosso país.
Conhecem pessoas que trabalharam nas Minas dos Carris? Digam os seus nomes, o que lá faziam e em que altura lá trabalharam?
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
O dia prometia frio, chuva e neve, e estes três não faltaram para tornar em tons perfeitos esta caminhada, a primeira de 2021, às Minas dos Carris.
A chegada à Portela do Homem foi saudada por uma monumental chuvada acompanhada de granizo. Os seis graus que o termómetro marcava estabeleceu o toque para o resto da jornada: frio, sempre muito frio acompanhado por um vento que por vezes fazia desequilibrar na passada.
Ao longo do caminho a paisagem ora foi-se abrindo, ora fechando conforme as nuvens iam preenchendo os espaços. A presença efémera da neve foi-se notando à medida que me aproximava das ruínas do velho complexo mineiro solitário nos píncaros da serra.
Chegado ao único espaço abrigado, e com um vento que empurrava a neve para dentro do abrigo, foi o tempo de trocar de roupa, retemperar forças e beber algo quente, iniciando a jornada de regresso.
Melhor do que descrição, ficam as fotografias que valem mil por cada uma das minhas palavras...
Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
A paisagem solitária dos dias frios nas Minas dos Carris, Serra do Gerês.
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Conforme as indicações do Governo para supostamente tentar inverter os tristes números da pandemia Covid-19 que afectam o nosso país, as forças da Guarda Nacional Republicana procederam ao encerramento da Fronteira da Portela do Homem a 31 de Janeiro de 2021.
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Construído entre os finais do século XVIII e o terceiro quartel do século XIX, o Santuário de Nossa da Senhora da Peneda, Serra da Peneda, estará implantado no local onde terá tido lugar uma aparição da Virgem, Nossa Senhora das Neves, em 5 de Agosto de 1220, a uma pequena pastora. Porém, a mesma lenda reporta-se a uma passagem anterior: por volta de 716 ou 717 os cristãos, fugidos ante a invasão dos sarracenos, teriam deixado uma imagem entre as enormes fragas da Serra da Peneda.
Implantada uma ermida/templo medieval, o culto de Nossa Senhora da Peneda aumentou gradualmente em Portugal e na Galiza, afluindo largos milhares de romeiros ao longo do ano, mas muito especialmente na primeira semana de Setembro. A igreja foi terminada em 1875, embora seja provável que a tradição secular de Nossa Senhora das Neves e a dinâmica beneditina estabelecida pelo percurso dos monges do Mosteiro arcuense de Ermelo para a Fiães, em Melgaço, desse lugar ao estabelecimento de um pequeno espaço de culto em redor do século XIII.
Texto adaptado de Santuário de Nossa Senhora da Peneda.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
Criado em 1971, o Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG) abrange o território de 22 freguesias distribuídas pelos concelhos de Arcos de Valdevez, Melgaço, Montalegre, Ponte da Barca e Terras de Bouro.
Esta Área Protegida forma um conjunto com o Parque Natural da Baixa Limia - Serra do Xurés, constituindo com este, desde 1997, o Parque Transfronteiriço Gerês-Xurés e a Reserva da Biosfera com o mesmo nome.
Muita gente procura informação oficial sobre o PNPG no Facebook, mas infelizmente e ao contrário do que se possa fazer querer, não existe uma página oficial do PNPG nesta rede social. Assim, a informação oficial sobre o nosso único Parque Nacional pode ser encontrada aqui ou ainda aqui.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
A Pala da Bouça do Picado, Serra do Gerês, e servia de abrigo aos homens que trabalhavam na floresta.
Um agradecimento ao Sr. José Pires e ao José Carlos Pires pela informação e ajuda na identificação do local.
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Com a chuva a não dar tréguas nas Minas dos Carris, espera-se uma descida da temperatura nos próximos dias que poderá levar à queda de neve.
Mais uma vez fui beber às palavras de Tude de Sousa para vos passar este magnífico texto que nos fala de túneis secretos e rios recônditos nas serranias Geresianas.
Estes relatos, lendas e mitos perdem-se nas brumas dos tempos, deixando nos nossos dias a semente para a imaginação voar por entre as penedias em busca de sinais ou características que nos ajudam a trazer à luz do dia estas histórias.
No seu livro "Gerez - Notas Etnográficas, Arqueológicas e Históricas" publicado em 1927, Tude de Sousa escreve num rodapé:
A neve poderá voltar de forma momentânea às Minas dos Carris a 30 de Janeiro. Outro episódio de neve poderá ocorrer em meados da primeira semana de Fevereiro.
Há já muito tempo que as caminhadas na Serra do Gerês deixaram de ser somente momentos de escape e relaxamento sendo exercícios de procura de conhecimento e de desvendar histórias perdidas no meio dos bosques e serranias.
Exemplos disto são a Casa Florestal de Palheiros, a Ermida de S. Miguel, as figuras rupestres do Absedo ou mesmo as Minas dos Carris e todos os vestígios mineiros espalhados pela Serra do Gerês. No entanto, por vezes não é necessário ir para muito longe de casa para encontrar lugares mágicos, mas perdidos da memória do Homem.
O dia acordou pesado e húmido com o nevoeiro a cobrir as ruas do Campo do Gerês. Por entre o silêncio, os passos de alguém iam rompendo em ecos pelas ruas estreitas, dissipando-se por entre o casario que se vai acotovelando no Assento. O nevoeiro pesado, plúmbeo, arrastava-se pelas encostas dos montes sobranceiros, preenchendo os vales, a veiga e humedecendo tudo à sua passagem. O silêncio, esse, espalhava-se pela paisagem rural como que antecipando algo que nunca chegou e foi sendo interrompido pelo sino da capela que marca lentamente as horas do dia.
Há já muito que queria recordar os passos pela Quelha Direita (ou como por vezes se diz Quelha D'reita!) e tentar (re)descobrir umas velhas ruínas possivelmente de um moinho que sei que por lá existem. Neste dia, onde a paisagem se tingia de tons de cinza descendo pelas encostas, decidi ir dar uma espreitadela e tentar recordar esse caminho a partir da Bouça da Mó. O caminho que procurava, percorrido há já muitos aos - demasiados anos - liga a Portela de Confurco e o Prado Marelo à Bouça da Mó, descendo estrepitosamente pela Quelha Direita. Em tempos, foi limpo pelas gentes do Campo do Gerês, mas estas batalhas são sempre inglórias, pois a Natureza em pouco tempo reclama o que lhe pertence por direito adquirido.
Assim, pondo pés ao caminho, percorri parte da Estrada da Geira e logo após passar o Ribeiro da Mó, junto de um penedo que me recordava de ser ali onde teria várias vezes chegado, enveredei mato adentro. Não demorou muito a encontrar a primeira velha mariola, e a segunda e a terceira. Entretanto, a vegetação ia-se adensando e em pouco tempo o acto de procurar pelas mariolas que por ali habitam foi-de tornando no acto de lutar contra as silvas que foram ocupando os espaços. Escondido por entre a urze, a carqueja e o tojo, o caminho lá se encontra cortado por velhas árvores que vão apodrecendo e voltando ao Criador.
Com o nevoeiro a adensar, ficou o vislumbre da última mariola que consegui ver e a certeza de o caminho continuar por ali... Decidi então voltar para trás, mas um velho muro coberto de musgo chamou a minha atenção. A área delimitada é de facto considerável. Feito em pedra solta consolidada por anos de existência, o velho muro é por si só um deleite visual com os seus musgos de um verde vigoroso pela humidade que por estes dias tem preenchido o ar. Logo a seguir, a presença de várias grandes rochas levou-me numa determinada direcção e o que se me deparou a seguir encheu-me do espanto de ver algo pela primeira vez. Nunca tinha ouvi do falar daquele abrigo em forma de uma grande pala resguardada nos seus dois lados por dois muros de pedra solta. Um olhar mais atento fez-me entender que estava no interior de um velho curral tomado pelos carvalhos em plena Bouça da Mó. O muro que tinha visto antes era o seu limite. O local tem a magia do esquecimento e a profunda sensação de uma tranquilidade que me preencheu por completo.
O trabalho a seguir é o de tentar saber que lugar é aquele localizado na área da Bouça da Mó, logo abaixo de uma zona denominada 'As Negras' e delimitado a Sul pelo fundo da Quelha Direita. A quem pertenceria este curral? À vezeira do Campo do Gerês? Às gentes de Vilarinho da Furna?
Ficam algumas imagens do dia...
Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)