quarta-feira, 30 de novembro de 2022

O caminho velho para a Portela do Homem

 


Quando lemos as descrições do naturalista alemão Link, de escritores portugueses como Ramalho Ortigão ou de naturalistas nacionais como Ricardo Jorge, ou mesmo quando imaginamos o pintor portuense Arthur Loureiro maravilhado com as paisagens da Portela de Leonte, dificilmente imaginamos como seria chegar aos profundos e fechados vales que se entrepunham entre o Vilar da Veiga e as Caldas, e as zonas mais recônditas da serra.

Caminhar então na Serra do Gerês, era caminhar por frondosos bosques comparáveis às florestas britânicas ou alemãs, nas palavras de Link, através de um caminho que era usado para levar a vezeira para as pastagens de altitude. Passando pelas Caldas do Gerês, o caminho seguiria pelo Curral do Vidoeiro, passando a Corga da Quelha Verde, Corga da Figueira e Secelo, subindo à Preguiça, Curral da Laja e Curral da Mijaceira, antes de seguir por perto da Cascata de Leonte e Escalheiro, chegando então à Portela de Leonte. Daqui, baixava perto do Curral de S. João do Campo, passava o Rio Maceira e seguia junto da Pala da Barrosa, passando depois pela Encosta de Corneda e Ranhado. Continuava para a Albergaria, passando o Ribeiro de Cagademos, e o Rio do Forno já perto dos velhos Currais de Albergaria das gentes de Vilarinho da Furna. Algures na Albergaria, o caminho entroncaria com a Geira Romana na sua direcção para a Portela do Homem. 

Nos nossos dias ainda conseguimos vislumbrar os restos do velho caminho que vencia a distância e a altura para a Portela do Homem, pequenos troços tomados pelo bosque e escondidos pela folhagem de décadas de desuso. Outras partes foram cobertas pela nova estrada que inicialmente ligou as Caldas do Gerês à Portela de Leonte, e que mais tarde - em 1942 e 1943 - se prolongou pela Mata de Albergaria para ligar à Mina do Salto do Lobo.

Hoje, chegamos à Portela do Homem em 15 ou 20 minutos de automóvel, porém, há cerca de 150 anos, a ida à Portela do Homem era uma longa jornada por entre árvores seculares, riachos que desciam vertiginosos as encostas da serra e grandes rochas que faziam contornar o caminho. O Homem foi-se adaptando à montanha numa simbiose quase perfeita.

Isto mostra que a ocupação do território é milenar e não de poucas dezenas de anos como o Parque Nacional da Peneda-Gerês ou os ambientalistas radicais nos querem fazer querer. Estuda-se e conta-se a História que está à vista e faz-se por esquecer a outra parte da presença do Homem neste território.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

Paisagens da Peneda-Gerês (MCDXLVIII) - Encosta da Cantina

A Encosta da Cantina, Serra do Gerês, oferece-nos paisagens de bosques autóctones ao mesmo tempo que podemos testemunhar os antigos trabalhos de reflorestação dos Serviços Florestais a caminho da Portela de Leonte.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

Previsão meteorológica para Nevosa/Carris (30 de Novembro a 8 de Dezembro)

 


Dia de chuva nas Minas dos Carris. Os dias soalheiros voltam entre 1 e 3 de Dezembro.

terça-feira, 29 de novembro de 2022

Paisagens da Peneda-Gerês (MCDXLVII) - Curral de Cubatos

 


O abrigo pastoril do abandonado Curral de Cubatos, Serra do Gerês.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

1912 e a abertura do caminho para a Pedra Bela

 


O ano de 1912 assinalou o final da abertura do caminho para a Pedra Bela desde o então Curral do Vidoeiro.

As obras para a abertura do caminho foram iniciadas na segunda quinzena de Agosto de 1907 e o primeiro carro de parelha chegou à Pedra Bela a 12 de Agosto de 1912, sendo este um carro dos Serviços Florestais que, entre outros, transportou Tude Sousa - Regente Florestal - para avaliar as condições de trânsito do caminho e para fiscalizar os trabalhos então encetados.


Fotografia do dia 12 de Agosto de 1912 onde se vê o primeiro carro de parelha que chegou à Pedra Bela.


Tude de Sousa voltaria à Pedra Bela a 22 de Agosto, sendo nesse dia acompanhado pelo silvicultor Melo e Sabo, na altura superintendente nos trabalhos no Gerês. Nesse mesmo dia ficou determinada a localização do novo observatório meteorológico e de uma nova casa de guarda, que ainda não teria sido construída em 1926.

Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

Trilhos PNPG - Trilho da Cidade da Calcedónia (alargado)

 


Manhã outonal no Trilho da Cidade da Calcedónia com início e fim no estacionamento para a Fonte do Padre.

Um texto anterior, aqui

Foi uma caminhada com 9,5 km e com um D+ de 461 metros, totalizando 2.692,7 km percorridos em 2022 com um total de D+ 118.176 metros.

Ficam as fotografias do dia...






























Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

Previsão meteorológica para Nevosa/Carris (29 de Novembro a 7 de Dezembro)

 


Os dias serão de céu pouco nublado ou limpo nas Minas dos Carris, com apenas um dia a registar precipitação.

segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Trilhos seculares - De Leonte à Raiz e ao Curral de Cubatos

 


Neste dia fui caminhar pela Costa da Cantina, Serra do Gerês, subindo ao Curral da Raiz por entre um frondoso bosque, memória das plantações feitas pelos Serviços Florestais em princípios do século XX.

A caminhada iniciou-se na Portela de Leonte seguindo pelo velho caminho que ligava as Caldas do Gerês àquela zona serrana. O caminho, que passava junto do abrigo pastoril ali existente, leva-nos pelo Escalheiro e baixa para a estrada, passando mesmo ao lado da Cascata (Fecha) de Leonte. Continuando por mais algumas dezenas de metros, e passando a ponte sobre o Ribeiro de Mourô, encontramos o caminho que leva encosta acima, logo depois da Fonte da Cantina.


Infelizmente, a parte inicia do caminho já foi tomada pelas mimosas que irão dominar o espaço caso o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas. Este caminho foi utilizado para as sementeiras e plantações dos Serviços Florestais e o resultado desse trabalho é ainda bem visível com a variação de paisagem vegetal que vamos apreciando à medida que vamos subindo. A certa altura, o bosque de azevinhos que domina a parte superior daquela área, dá lugar à típica paisagem serrana do Gerês. O Curral da Raiz fica logo ali acima por entre uma magnífica paisagem que se projecta vale abaixo até à Preguiça e à Curva da Morte, passando pela Encosta de Istriz, Escalheiro e Pé de Cabril.


O Curral da Raiz é característico pelos seus grandes carvalhos e pelo abrigo pastoril ficar um pouco afastado, tendo sido recuperado nos anos 50 do século XX.

Deixando a Raiz para trás, segui pela Corga de Mourô à vista das Quina de Mourô e Chã do Carvalho,  passando pelo Mourô e chegando ao Prado do Vidoal, onde parei para o almoço. Antes de terminar a caminhada, decidi passar por uma zona que já não visitava há uns bons anos e assim rumei ao Curral de Cubatos com o seu pequeno abrigo pastoril à vista do Pé de Cabril. A descida para a Portela de Leonte foi feita pela Água da Adega até tomar o velho caminho florestal que passa ao lado do Curral do Campo e junto à velha Fonte da Mata Nacional.

Foi uma caminhada com 6,0 km e com um D+ de 370 metros, totalizando 2.683,2 km percorridos em 2022 com um total de D+ 117.715 metros.

Ficam algumas fotografias do dia...





































Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)