Carris, 26 de Outubro de 2008
Uma nova caminhada até às Minas dos Carris...
Começamos o dia bem cedo. Pelas 5h30 já estávamos junto do Café Jovem, em Braga, prontos para seguir rumo a Xertelo. Ao longo da viagem testemunhamos o nascer do Sol e a variação de cores nas encostas da Serra do Gerês. Percorremos o longo estradão da EDP e chegamos às Lagoas do Marinho, magníficas nos primeiros dias de Outono.
O dia não estava muito frio e pelo aspecto do céu previa-se até um certo calor que pouco depois de iniciarmos a caminhada começou a fazer efeito com o despir de algumas camisolas mais quentes. Os mais corajosos arriscaram a manga curta e não se arrependeram.
A caminhada foi suave pelo Couce ao longo do ribeiro com o mesmo nome até atingirmos os magníficos Cocões do Concelinho onde nos refrescamos e renovamos as reservas de água em antecipação da curta mas um pouco complicada subida até às Lamas de Homem.
Ao longo deste trilho mais uma vez fomos testemunha da estupidez de uns quantos palermas que insistem em marcar o trilho com cores numa paisagem a nada disso habituada. Enquadrar um horizonte bucólico com uma mariola vermelha provoca-me um movimento peristáltico que me apetecia descarregar em algumas cabeças mais iluminadas... Agora, até temos indicações inscritas em pedra com as distâncias até Carris, como se o verdadeiro amante da Natureza e da Serra do Gerês tivesse de agradecer pela informação ao estúpido que aquilo escreveu.
Atingimos o caminho para as Minas dos Carris junto da Ponte das Abrótegas no local onde há 100 anos acampou uma das primeiras expedições do reino com o intuito de estudar a Serra do Gerês. Mais um abastecimento de água e prosseguimos o caminho. Decidimos 'atacar' o cume (ou o final da caminhada) penetrando pelas imediações do Salto do Lobo. Passando ao lado das velhas escombreiras e subindo um pouco o granito, fomos saudados pelas primeiras imagens da velhas minas iluminadas por um Sol matinal que nos abraçava com um suave calor e uma brisa agradável.
Antes de nos dirigirmos ao complexo habitacional fomos visitar a velha mina e atestar o seu interior (fotos noutra entrada neste blogue). Registamos os filões de volfrâmio e vimos amostras de molibdénio.
Com os olhos a habituarem-se de novo à luz do dia seguimos até às velhas e irresponsavelmente abandonas casas onde acalmamos a ira de um corpo que pedia alimento e um pouco de descanso.
Como esta ia a carris tinha um objectivo específico, rumamos de seguida ao Penedo da Saudade para prestar homenagem ao Miguel no seu dia de aniversário. Perante a imponente e majestosa paisagem desde o Pico da Nevosa, passando pela Garganta das Negras e terminando nos arrabaldes da Matança, cada um nós homenageou o Miguel...
Prosseguimos então a visita a Carris passando pelos restos da velha antena em direcção às escombreiras das explorações a céu aberto antes de chegarmos à represa. Para lá desta tentei perceber o porquê de um poço junto ao qual parece existir uma base de sustentação de um guindaste ou elevador que serviria para elevar água (?) ou minério (?).
A curiosidade pela velha mina aumentava à medida que comentávamos o que havíamos observado e foi então que foi decidido regressar e fazer mais uma incursão às profundezas da Terra antes de regressarmos a casa pelo mesmo caminho... Pelo trilho iámos retirando a gonorreia cerebral vermelha que havia escapado à primeira passagem e substituindo-a pela cor natural da Serra do Gerês... ipsis verbis!
Fotografias: © Rui C. Barbosa