Carris, 22 de Fevereiro de 2004
Ao iniciar um estudo particular relacionado com as Minas dos Carris não fazia a ideia de que a história deste local pudesse ser tão rica em pormenores e detalhes particulares que a tornaram cada vez mais interessante à medida que me embrenhava no seu passado.
De umas simples ruínas abandonadas em plena Serra do Gerês pela primeira vez por mim visitadas em 1989, a história das Minas dos Carris é algo que não deve ficar esquecido na penumbra da memória nem somente servir para adornar o chá ao pôr-do-Sol tomado no Penedo da Saudade. É uma história rica mas cujos contornos não os vamos conseguir definir na sua totalidade, pois muitas recordações pertencem agora a um passado irrecuperável.
Porém, e apesar de na sua quase totalidade a história das Minas dos Carris estar agora referenciada, surge-me sempre a vontade de perguntar se não poderemos descobrir algo que permanece oculto nas sombras da serra? Será que as velhas casas e as ruínas ainda têm algo para nos dizer? Haverá algum segredo, algum pormenor que tenha escapado à ânsia de descobrir na fugaz observação da paisagem granítica do local?
De cada vez que visito as Minas dos Carris acabo por encontrar algum pormenor interessante. É quase como que o local se fosse revelando aos poucos. Para aquele que visita Carris uma só vez, não passará de mais uma caminhada na montanha ou mais um registo para o currículo. Para mim cada caminhada é o desvendar de um pequeno segredo e o escrever de mais um parágrafo na sua história.
Espero um dia poder proporcionar a todos a oportunidade de rever num museu a história das Minas dos Carris através dos testemunhos fotográficos que vou recolhendo, das estórias que vou registando. É por esta razão que terá lugar brevemente aquela que deverá ser a primeira arqueoexpedição às Minas dos Carris. Tal como o trabalho que tem sido feito até aqui, será um trabalho amador que terá por base os objectivos que sempre nortearam os meus objectivos em relação a este projecto que foi iniciado com o blogue.
A recolha de informações sobre as Minas dos Carris (fotografias, relatos, estórias pessoais, etc.) não vai parar, bem como a tentativa de que no futuro o local e a sua memoria mereça um maior destaque do que tem sido feito até aqui. Com outro tipo de pensar provavelmente o local estaria aproveitado de outra maneira. Não vale a pena numa altura destas tentar apontar as culpas (e elas existem!) a quem deixou as Minas dos Carris chegarem ao estado no qual se encontram. É uma perda de tempo e recursos que podem no futuro ser aproveitados para que a memória das minas não se perca.
José de Sousa disse-me em tempos que o ano de 2008 seria o ano das Minas dos Carris. Quero acreditar que assim seja e que 2008 marque o voltar de página em relação a este local.
Fotografia: © Rui C. Barbosa