As Velas Brancas servem de pano de fundo à grande mariola na passagem do Rendeiro, Serra do Gerês.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
As Velas Brancas servem de pano de fundo à grande mariola na passagem do Rendeiro, Serra do Gerês.
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É uma das questões que muitas vezes me colocam: diz-se "Fichinas" ou "Fechinhas" quando nos referimos ao curral ou ao vale na Serra do Gerês?
A toponímia ajuda-nos a compreender os lugares dando-nos pistas sobre as suas características ou sobre acontecimentos que ali ocorreram. Veja-se o exemplo de "Matança" ou o exemplo do caso em questão.
Assim, deve-se dizer "Fichinhas" ou "Fechinhas"? Olhemos para o vale que se eleva em direcção à Lameira da Mourisca. O vale é percorrido por um curso de água onde existem muitas pequenas cascatas ou quedas de água. Na Serra do Gerês o termo "fecha" é um regionalismo que significa "cascata". De facto, para manter o rigor da toponímia, não se deveria utilizar este termo (Cascata do Arado, Cascata do Zanganho, Cascata de Cela Cavalos), mas sim "fecha" (Fecha do Arado, Fecha do Zanganho, Fecha de Cela Cavalos), tal como se utiliza em "Fecha de Barjas".
Quando escrevemos "Fichinhas" estamos reproduzir a forma como dizemos (erradamente) o nome e não a reproduzir a sua forma verdadeira, isto é, "Fechinhas" - pequenas quedas de água que existem ao longo do rio que percorre o vale onde está situado o curral.
Um erro semelhante surge em "Arrocela"; neste curral foi colocada uma placa com a inscrição "Arrucela". Ou referir "chá" em vez de "chã".
Assim, "Curral de Fechinhas" e não "Curral de Fichinhas".
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O Prado de Teixeira e a imensa Corga de Areeiro num dia tórrido na Serra do Gerês.
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Em Junho de 2025 percorri 196,8 km em caminhada de montanha, com um D+ 8.356 metros, totalizando 1.220,1 km e 48.293 D+.
Estas foram as caminhadas do blogue Carris em Junho de 2025:
- Trilhos seculares - Do Arado à Rocalva
- Trilhos PNPG - Trilho de Germil
- Trilhos seculares -Entre Cabril e a Portela do Homem, uma caminhada pela Serra do Gerês
- Trilhos seculares - De Leonte ao Vale de Teixeira (via Borrageiro)
- Serra do Gerês - Entre Parada de Outeiro e Paradela
- Trilhos seculares - Caminhando pelas memórias da Vezeira de Fafião
- Serra do Gerês - Pitões das Júnias (mosteiro e cascata)
- 384... Minas dos Carris com passagem pelas Lamas de Homem e por uma ruína
- Serra do Gerês - Do Campo do Gerês a Gamil e Lameirinha
- Trilhos seculares - Pico da Nevosa desde a Corga da Abelheira
- Outros trilhos - Grande Rota do Vale do Côa (Etapa 6: de Castelo Mendo a Almeida)
- Trilhos seculares - Prados da Messe por Fechinhas
- Trilhos seculares - A demanda por Pitões das Júnias
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
Um mar de nuvens cobre parte da Serra Amarela vista desde a Casa do Facho, Serra do Gerês.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
A partir do dia 4 de Julho de 2025 estará patente na Praça - Mercado Municipal de Braga, a exposição fotográfica "Gerês: A Terra Fala", de Luís Borges.
O Gerês tem voz. E fala através da terra, dos rios, das aldeias e dos nomes que guardam memórias de outras gerações.
Nesta exposição, o fotógrafo Luís Borges convida-nos a escutar a paisagem e a redescobrir a riqueza da toponímia da região, através de uma seleção de imagens que celebram a linguagem e a identidade do Gerês.
Uma viagem fotográfica pela beleza e pelo tempo.
Integrada no projeto MEMORAR – Mediação Cultural do Arquivo Municipal de Braga
Segundo publicação da Associação de Baldios do PNPG, estão abertas as candidaturas no sítio do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas ao programa «Floresta Ativa», que se destinam a apoiar a gestão e manutenção ativa dos espaços florestais em Portugal continental, em particular das pequenas propriedades que não perfaçam mais de 10 hectares.
Intervenções elegíveis: gestão de combustíveis, através do controlo da vegetação espontânea, nos estratos herbáceo e arbustivo; redução da densidade dos povoamentos ou cortes seletivos para criar descontinuidades nos materiais combustíveis; podas de formação e desramações necessárias à manutenção dos povoamentos; aproveitamento da regeneração natural; e controlo e remoção de espécies invasoras lenhosas.
Prazo: As candidaturas decorrem até dia 1 de agosto de 2025 (às 18h00).
Apoio Financeiro: 650 €/ha para candidaturas individuais e 800 €/ha para candidaturas coletivas.
Área de intervenção:mínima de 0,10 ha e máxima de 10ha.
Âmbito geográfico: as intervenções a realizar obrigam a que os terrenos se encontrem registados no Balcão Único do Prédio (BUPi).
Os técnicos da ABPNPG estão disponíveis para preparar e submeter estas candidaturas.
Para mais informações, entrem em contacto connosco, podendo também consultar o programa através do seguinte link: https://icnf.pt/apoios/icnf/apoios2025
Quem percorre as serranias do Gerês, certamente já deve ter reparado na diferença da paisagem.
Aquilo que vemos, é algo que nos faz lembrar o pináculo do Verão em pleno Agosto; porém, estamos em princípios de Julho e a paisagem está queimada pelo Sol, seca.
Os pequenos ribeiros há muito que deixaram de ter água e a secura dos seus leitos complementa a paisagem com as planuras amarelecidas da vegetação queimada pelo Sol. A visão das grandes barragens cheias de água, engana a percepção daqueles que «visitam» o Parque Nacional e se indignam pela Cascata do Arado ser "só um fio de água!" Não tarda e a culpa também é do Parque Nacional ou da Câmara Municipal.
Tal como o resto do planeta, o Parque Nacional da Peneda-Gerês sente os efeitos destas alterações do clima. O Verão alonga-se mais quatro semanas, afectando assim todo o ciclo da vida. Um Inverno quase inexistente, apesar da muita chuva que se perdeu toda no oceano, pois a neve quase nem deu para as fotografias. Entretanto, os animais vão-se adiantando na vezeira e ocupam prados mais elevados onde o pasto ainda resiste e é mais fresco. Os próprios pastores dizem que este ano "há muito menos água." Os vales mais baixos surgem desolados, tristes, vazios... Os rios são com um corpo exangue, de escassos caudais ou secos, levando a que a qualidade da água não tarde a ser um problema de saúde pública nas zonas balneares mais procuradas no interior da serra.
Para quem caminha nos carreiros serranos a busca de água começa a ser problemática, pois é preciso saber onde estão as fontes que não secam e saber fazer uma boa gestão do consumo de água nos dias tórridos que preenchem o calendário.
Continuando este calor, começará a ser problemático caminhar e frequentar os espaços florestais onde todo o cuidado será pouco para evitar incêndios.
Estamos perante uma montanha a morrer de sede e o Verão ainda agora começou...
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
O Vale do Alto Homem, Serra do Gerês, fotografado desde a passagem do Modorno.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
Já havia referido a intenção por parte do Município de Terras de Bouro de proceder à recuperação e reutilização de algumas Casas Florestais existentes neste concelho.
O seguinte texto foi publicado na edição n.º 179 do Boletim Municipal disponível aqui.
No dia 11 de Fevereiro foi assinado um Protocolo entre o Município de Terras de Bouro e Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), entidades representadas no ato pelo Presidente da Câmara Municipal de Terras de Bouro, Manuel Tibo e pela Vogal do Conselho Diretivo e Diretora Regional da Conservação da Natureza e Florestas do Norte, Sandra Sarmento, tendo em vista a cedência de 6 casas florestais existentes no nosso território, importante património histórico e que serão assim requalificadas.
Assim, prevê-se a reabilitação e adaptação da Casa Florestal de Leonte, da Casa Florestal da Pedra Bela, da Casa Florestal da Ermida, da Casa Florestal da Junceda, da Casa Florestal de São Bento e da Casa Florestal do Beiral, algo que o Município de Terras de Bouro já procurava realizar há muito tempo, terá como objetivos: a recuperação das referidas casas; a realização de atividades de dinamização ambiental, preservação e conservação considerando a forte vocação de sensibilização e educação ambiental em torno dos valores naturais do Parque Nacional da Peneda-Gerês; exposições temáticas e outras ações de cunho técnico-científico, de caráter permanente ou temporário; ações de formação, workshops e eventos temáticos, designadamente na área da Educação e Sensibilização Ambiental, dirigidos às comunidades científica e educativa e à sociedade civil; apoio a projetos de investigação e promoção de circuitos de visitação para motivação e incrementação dos conteúdos programáticos e promoção dos recursos naturais do Parque Nacional da Peneda-Gerês.
Importante referir, por último, que relativamente à Casa Florestal da Ermida já existe verba disponível para a instalação de um Centro Interpretativo da Cabra Montês e igual procedimento para a Casa da Pedra Bela, que será reconvertida no Centro Interpretativo da Vezeira. Muito em breve, as obras avançarão nas restantes casas florestais cedidas pelo ICNF.
Imagem: Município de Terras de Bouro
Descendo para o Prado do Vidoal, Serra do Gerês, surge-nos à distância a paisagem do Pé de Medela numa tórrida tarde de Verão.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
A paisagem serrana, em finais do mês de Junho de 2025, mostra-se quase árida, tal como um deserto, onde a falta de água molda os tons das cores da palete com que se pinta um cenário de seca.
Pitões das Júnias encima uma colina de campos amarelados em tons de meados de Agosto, sendo batida pelos ventos secos de Sul. A Capela de S. João da Fraga surge no alto do promontório granítico, altiva como um farol nos dias quentes do estio.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
Sem dúvida que a grande travessia por excelência que se pode fazer no Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG) é iniciada na Portela do Homem e finalizada em Pitões das Júnias. Percorrer os velhos carreiros que a Serra do Gerês nos oferece, é uma experiência única tanto a nível físico como pessoal (da maneira como a quiserem entender!).
Já referi que, em tempos, um dos antigos directores do PNPG perguntava-se como era possível os visitantes não terem um percurso que ligasse estes dois extremos do Parque Nacional na Serra do Gerês? Decorridos tantos anos, tal ainda não existe e, na verdade, não vejo que venha a existir, mas pelo que se tem visto nos últimos tempos, se calhar é melhor que assim seja.
Esta caminhada foi um evento organizado por RB Hiking & Trekking que nos levou desde a Portela do Homem até à aldeia de Pitões das Júnias num magnífico dia de montanha pelo Parque Nacional da Peneda-Gerês. Neste dia fez-se um percurso de cerca de 27 km, cuja primeira parte envolveu a travessia do Vale do Alto Homem.
Vencido o Vale do Homem, inicia-se uma verdadeira demanda por Pitões das Júnias. Neste tipo de caminhadas, onde o percorrer quilómetros para se atingir o objectivo se torna a prioridade, a concentração é um dos aspectos mais importantes a ter em conta. Saber dosear o esforço tanto a nível físico, como a nível psicológico (sendo este talvez o mais importante) é o segredo para atingir o final e isto torna-se particularmente importante num dia quente, como foi o caso!
Relativamente à travessia que se quer fazer entre a Portela do Homem e Pitões das Júnias é importante referir o total desconhecimento por parte do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e do Parque Nacional da Peneda-Gerês, do estado dos carreiros de montanha. A utilização abusiva e viciantemente aditiva das ferramentas de escritório e o desconhecimento do terreno, leva a que por vezes se proponha a quem desejar fazer uma actividade deste tipo, trajectos que não são os mais aconselhados. Com a justificação de que "não se devem abrir novos caminhos", sugerem-se traçados de percurso que não são utilizados há muitos anos, levando a uma perda de tempo e um despender de esforço nestas actividades que não é aceitável.
Por outro lado, sabemos que partes da serra já não são percorridas pelas vezeiras, perdendo-se os seculares rituais e deslocações que mantinham os caminhos abertos. Isto leva a que por vezes se tenham de percorrer verdadeiros campos de mato o que, associado à má selecção da roupa, possa levar a um certo desespero por parte de quem se desafia a estas aventuras.
Neste dia, prosseguindo pelos velhos carreiros e tomando a orientação das mariolas, seguiu-se na direcção do Salto do Lobo percorrendo a sua margem direita até descermos a Corga de Lamalonga. Daqui, seguimos para o Curral de Lamalonga (Curral do Teixeira) e iniciamos a descida para os Currais da Matança, atravessando de seguida a Ribeira das Negras em direcção à mariola bifurcada. Neste ponto, seguimos para o Curral das Rochas de Matança (já no Vale da Ribeira de Biduiças) e, caminhando na margem direita da ribeira, chegávamos enfim ao Curral de Biduiças. Estávamos assim num mundo de quase silêncio onde os grandes blocos de granito compunham a paisagem por entre o caos e a saudade, numa paisagem glaciar onde a profusão de moreias assinala tempos em que o planeta estava mais frio.
Aqui, perante uma ribeira que se extingue a cada dia que passa neste Verão intenso de calor, tivemos oportunidade de um descanso e de saciada a sede. Seguia-se, talvez, a parte mais dura do percurso.Sempre com o colosso dos Cornos de Candela à nossa esquerda, entrou-se na Corga de Pala Nova e seguimos em direcção ao velho Curral d'Arrabeças e daqui subimos para Currachã, perante a magnífica paisagem que nos proporcionavam os Cornos da Fonte Fria e os campos de Pitões das Júnias.
Nesta altura, o grupo teve de se dividir, pois uma situação inesperada levou a que tivesse de tomar a decisão de não permitir que um dos elementos do grupo continuasse o seu desafio. O calor, a quase desidratação e o cansaço, foram os sinais para um «socorro» em Currachã.
O resto do do grupo prosseguiu a sua demanda, atravessando o Ribeiro de Teixeira já com os olhos postos no objectivo final da caminhada. Porém, faltava ainda a passagem pelo Fojo de Pitões das Júnias (um belo fojo de cabrita) e o Carvalhal do Teixo, tomando então o caminho para a Mata do Beredo e para o Porto da Lage, iniciando então a «interminável» subida para Pitões das Júnias.
Ficam as memórias e algumas fotografias do dia...
Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
O Prado do Vidoal visto enquanto subimos a encosta do Outeiro Moço, Serra do Gerês.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
O colosso de Velas Brancas perfila-se perante o Curral de Fechinhas, Serra do Gerês.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)