Única na Serra do Gerês, esta paisagem do Vale do Alto Homem, transmite-nos toda a imensidão e grandeza do nosso único Parque Nacional.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
Única na Serra do Gerês, esta paisagem do Vale do Alto Homem, transmite-nos toda a imensidão e grandeza do nosso único Parque Nacional.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
Caminhar na Mata de Albergaria deveria ser um dos maiores prazeres - se não o momento alto - de muitos dos que visitam o Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG). No entanto, nos meses de Verão, torna-se um exercício de resistência física e, acima de tudo, dos pulmões de quem por lá caminha devido à constante e irritante passagens de viaturas que, por vezes, parecem acelerar à vista de alguém que está a caminhar.
Sendo um dos maiores tesouros naturais que existe no Parque Nacional da Peneda-Gerês, a Mata de Albergaria é classificada como reserva biogenética pelo Conselho da Europa em 1988.
Embora existam outras manchas de carvalhal importantes no Parque Nacional – Castro Laboreiro, Mata do Cabril, Beredo e Rio Mau – a Mata de Albergaria distingue-se pela sua extensão e por ser única em Portugal, uma dos mais bem conservadas da Península Ibérica, ocupando uma área de 1.371,3 ha na Serra do Gerês, ao longo do vale do Rio Homem e dos seus tributários.
A Mata é em si um bosque climácico dominado pelo carvalho-alvarinho, mas onde surge também o carvalho-negral bem como outras espécies características dos carvalhais galaico-portugueses que constituíam a vegetação primitiva da grande parte do noroeste português.
É este património natural único em território português que deveria servir de atractivo a quem visita o Parque Nacional da Peneda-Gerês..., sim, porque para quem cá vem fazer praia, certamente que isto pouco importância terá. No entanto, aquele que verdadeiramente aprecia a Natureza, é incapaz de usufruir na sua plenitude deste património, tendo de estar sempre atento aos aceleras de rally na estrada de terra batida ou então suster a respiração até que o pó assente e a poeira passe, um verdadeiro exercício de apneia.
Sendo uma reserva biogenética designada pelo Conselho da Europa em 1988, a Mata de Albergaria merece viver essa distinção e como tal seria pertinente fazer-se um condicionamento do trânsito nos meses de Verão, por exemplo - e a manter-se o roubo da taxa de acesso, durante o período de cobrança destas mesmas.
A Estrada da Geira entre a Bouça da Mó e a Albergaria deveria ser preferencialmente pedonal entre as 9h00 e as 19h00, sendo somente permitido o acesso automóvel a residentes, veículos de emergência e veículos de serviço do PNPG. Deveria definir-se um período de visitação turística com viaturas para as empresas de animação turística durante 1h 30m na parte da manhã e da parte da tarde. O controlo de velocidade deveria ser aumentado com a colocação de lombas limitadoras de velocidade que não deveria ser superior a 30 km/h.
O Parque Nacional deve ser reconhecido por todos como uma área protegida, o nosso ÙNICO Parque Nacional, e não como um parque de diversões balnear.
Assim, ponhamos de facto «pés a caminho» e deixemos de estar alucinados a «seguir o Sol» com futilidades e fait-divers que nada trazem ao Parque Nacional da Peneda-Gerês!
Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
Há anos que estava para percorrer esta pequena rota, mas havia sempre uma razão que o ia adiando. Depois de o percorrer, percebi o porquê.
O Trilho de D. Nuno tem uma extensão de pouco mais de 22 km, sendo um percurso circular com um nível de dificuldade média. Tem início e termino na Vila de Salto, no Parque do Torrão da Veiga, percorrendo as paisagens do Barroso próximas da vila. O seu traçado cruza algumas pequenas aldeias, com destaque para a aldeia de Paredes de Salto onde encontramos algumas ruínas interessantes.
Tirando isto, e devido à sua extensão, torna-se um percurso demasiado enfadonho e com poucos pontos de interesse.
A informação e folheto do percurso pode ser encontrada aqui.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
A assustadoramente imensa Corga do Cagarouço, Serra do Gerês, tributária do Vale do Alto Homem.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
Os grandes colossos da Serra do Gerês, gigantes de granito adormecidos, guardam a paisagem: Borrageiros, Meda de Rocalva e Roca Negra.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
A tarefa do homem serrano na abertura de passagens por entre corgas e vale profundos é o melhor exemplo das dificuldades que nos tempos idos se defrontavam nas serranias do Gerês.
As montanhas que formam o conjunto ao qual denominamos "Serra do Gerês", sempre representaram um desafio para quem aqui assentou. As primitivas tribos nómadas acabaram por escolher as zonas mais abrigadas dos vales, defendidas pelos ventos frios vindos do Norte pelas vertentes alcantiladas que constituem verdadeiras muralhas defensivas contra a inclemência do áspero clima serrano. No entanto, as temperaturas mais amenas da Primavera e Verão constituíram oásis, aproveitados nestas épocas para a alimentação dos animais em altitude, criando assim uma cultura pastoril que marcou o território.
Para aceder aos diversos currais que se foram estabelecendo, relíquias da ocupação nómada, foi criada uma rede de carreiros que ao longo dos séculos foi utilizada pelos pastores. Com o declínio da actividade pastoril no século XIX e no século XX, muitos destes caminhos foram desaparecendo, ficando apenas preservados nas memórias de uma emigração forçada para a América do Sul e mais recentemente para a Europa. Assim, esta rede de carreiros pela corgas e vales de mais difícil acesso foi-se perdendo, mantendo-se apenas aqueles que iam ainda sendo utilizados.
Um desses exemplos é a passagem pela Corga do Arieiro, ligando o Vale de Teixeira com a Chã de Roca Negra. Tendo percorrido pela última vez este percurso em 2013, foi chegada a hora de o relembrar.
A caminhada começaria na Pedra Bela bem cedo pela manhã, aproveitando assim as horas mais frescas dos dias que se aproximam do Outono. Seguindo na direcção do Curral da Espinheira, prosseguiu-se então para o Curral da Carvalha das Éguas e depois para o Curral da Lomba do Vidoeiro, antes de enveredar para a vertente Poente do Vale de Teixeira, descendo a Encosta da Boca do Suero.
Atravessando o tímido Rio de Teixeira, chegava-se ao Curral de Teixeira com o seu danificado abrigo pastoril devido ao desleixo e descuido de um churrasco mal apagado. Deixando o curral para trás, enveredei pela parte inicial da corga que iria subir. Sabia de antemão que, não sendo um percurso muito utilizado, me esperaria muito mato e assim aconteceu, pois tirando pequenos troços, o carreiro está dominado pelo mato que foi crescendo. Felizmente, as mariolas vão-nos dando a orientação para as passagens mais «complicadas» nas encostas e as vertentes foram sendo vencidas com maior ou menor esforço.
O percurso pela Corga do Arieiro divide-se em duas zonas principais: a parte inicial leva-nos até uma grande rocha isolada no meio do vale que parece indicar que a partir dali o esforço será maior; e uma segunda parte onde iremos ganhar altitude a cada passo que damos. De facto, parece que as paredes rochosas vão-se aprumando à medida que nos aproximamos do topo da corga e o vale atrás de nós afunda-se de forma espectacular. Da mesma forma, parte da serrania que estava oculta do olhar pela profundidade do vale, torna-se agora visível e a Serra do Gerês vai ganhando outra perspectiva que se alarga para horizontes quase infinitos quando finalmente chegamos ao topo da Corga do Arieiro e o lado Nascente do Gerês nos oferece uma visão inesquecível.
É aqui onde as palavras de espanto são substituídas pelos olhares de assombro. O cume duplo da Roca Negra é o primeiro plano de uma pintura que nos leva ao extremo da Serra do Larouco tendo pelo meio a Meda de Rocalva, os picos de Porta Roibas e o colosso de Borrageiros. Imensa, única, formosa, é a Geresiana serra que nos oferece tamanho assombro e nos mostra que, por muito que a visitemos, há sempre algo mais a mostrar! Entretanto, atrás de nós, forma-se um outro cenário que nos leva aos altos do Pé de Salgueiro e do Junco, do Pé de Cabril, Curvaceira e Calcedónia. E é aqui que me faltam as palavras...
Subida cansativa e exigente, a Corga do Arieiro é muitas vezes tela do nosso olhar, mas não passa disso. Porém, ao fim de 10 anos de ausência, senti-me como se tivesse sido a vez primeira ao por ali ter passado. Sublime, majestosa e poeticamente desejada, a Corga do Arieiro merece ser percorrida.
Chegada a hora, o descanso fez.se na Chã de Roca Negra junto do seu velho e alagado abrigo pastoril, prosseguindo-se depois pelas cristas sobranceiras ao Vale do Cando na direcção da Chã de Pinheiro passando sobre a Corga dos Fitoiros Negros e Eira Bonita, à vista do velho macho de cabra-montês que descansava na Fraga do Cando.
Passado o abrigo de Chã de Pinheiro, desceu-se para a encosta de Arrocela e para o abrigo pastoril com a sua fonte de ouro, antes de prosseguir para o Curral de Coriscada (Portelos) e baixar para o Miradouro da Cascata do Arado percorrendo a Corga do Urso e a margem esquerda do Ribeiro da Corga de Giesteira.
Chegando ao rebuliço turístico do Arado, seguiu-se depois pelo traçado da Grande Rota da Peneda-Gerês até às proximidades do Curral de Espinheiro, terminando a jornada na Pedra Bela.
Ficam algumas fotografias do dia...
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)