Carris, 25 de Abril de 2008
...que partilhamos nós? Duas almas que se cruzam na leveza etérea do tempo...
Caio no frio chão de granito... para trás ficam as armas, todas as armaduras moldadas pelo tempo...
...tento esconder as visões do passado, mas no fundo nada mudou...
...sopra um vento frio vindo dos demónios do Norte...
O Sol põe-se para lá das altas montanhas, velhas ruínas projectam-se em sombras pelo chão...
...procuro o teu abraço, encontro o frio dos tempos presentes...
...a neve voltará um dia, dorme agora em paz...
Fito o vazio sobre os meus pés, algo nas profundezas chama por mim...
Escondemos as nossas lágrimas, fechamos as nossas almas... fechamo-nos em nós...
...grito alto por entre vales e montanhas, grito alto para apagar a dor da distância...
...o meu olhar penetra na escuridão da noite, Samael...
É eterno o tempo... curta é a noite na qual seremos livres...
Navego num oceano de lágrimas conduzindo a barcaça dos tempos há muito perdidos...
...navego para lá do ocaso dos dias, fujo da luz num desejo pela noite das trevas...
...caminho acompanhado pelas sombras dos tempos de outrora...
...o que morre dentro de mim?
Escondo-me do teu profundo olhar...
...afago as cicatrizes de outras batalhas com as lágrimas que já não choro...
...do Altar vejo a ondulante mortalha que percorre toda a Terra...
...uma sombra esconde o Sol... rapinas na noite.
...um sonho que morreu na escuridão...
Fotografia: © Ricardo Saraiva