terça-feira, 29 de maio de 2007

Bruma...


Carris, 18 de Dezembro de 2002

Hoje o dia nasceu nublado e a chuva cai quase imperceptível ao olhar... Faz-me lembrar de Carris, envolto numa bruma que limita o olhar mas expande a imaginação e os sentidos...

Fotografia © Rui C. Barbosa

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Vamos desmistificar...


Carris, 18 de Março de 2007

Carris não deixa ninguém indiferente. Carris ou se ama ou se detesta.

Muitas vezes encontrei pessoas em Carris ou no caminho que para lá nos leva, à procura de verdadeiras lendas escondidas na serra. Pessoas que procuram por imensas quedas de água que dividem os dois países ou que buscam as enigmáticas cascatas do Tahaiti que só podem existir na ideia e imaginação do turista de fim de semana que diz conhecer a serra quando só percorreu a estrada entre as Caldas do Gerês e a Portela do Homem num Domingo de Agosto pejado de trânsito e turistas.

Outras pessoas procuram em Carris por coisas que pura e simplesmente não existem. As velhas pontes de madeira, os carris das minas, a represa com 30 metros de profundidade, um conjunto de pequenas casas onde só existem três paredes.

Muitos sítios na Internet podem dar-nos informações úteis sobre o que encontrar em Carris. Porém, outros há que nos passam informações incorrectas e que podem constituir uma desilusão para o visitante.


Ao longo do caminho e percorre o Vale do Alto Homem passamos por várias linhas de água que são atravessadas por pontes em betão armado. As velhas pontes de madeira já não existem ou estão cobertas por estas mais resistentes. Não nos vamos imaginar a passar periclitantes estruturas que podem colapsar e lançar-nos no abismo.


Numa entrada anterior já havia falado acerca dos sinais que encontramos ao longo do caminho. Para além das estruturas que serviam em tempos para desviar as águas que vinham das encostas, na Água da Pela duas construções. Uma delas tem o aspecto de uma pequena guarita e da outra somente restam as bases em pedra que serviriam de base a uma estrutura pré-fabricada. Não existem nenhum conjunto de pequenas casas neste lugar!


É enigmático. Como Carris recebeu o seu nome? Terá sido pelos carris utilizados para mover os vagões de minério no interior das minas? Não creio! Creio que esta designação é bastante posterior à fundação do complexo mineiro e certamente não será pelos carris das minas pois por muito que procure não vê um único carril em todo o complexo!!!


A represa de Carris... É um local de repouso, uma nascente natural cujas águas serviram em tempos para os diversos serviços nas minas. É um local de morte que já reclamou as suas vítimas. As suas água são escuras certamente em consequência da dinâmica da nascente e da decomposição dos materiais orgânicos tornando as suas águas ricas em nutrientes. Não se consegue ver o fundo, mas certamente que este não está a 30 metros de profundidade como muitos dizem. Para tal basta observar a Folha n.º 31 na Escala 1:25.000 do Instituto Geográfico do Exército.

Pelas suas características é um local que merece todo o nosso respeito. Um santuário da Natureza em Portugal e um local único no nosso país. Um local a preservar tanto pelo seu valor natural como pelo respeito para todos aqueles que um dia procuraram lá ganhar a sua vinha e certificar o seu futuro.

Fotografias © Rui C. Barbosa

domingo, 27 de maio de 2007

Carris em Junho (I)


Carris, 6 de Agosto de 2006

No mês de Junho o blog Carris organiza a segunda caminhada histórica às Minas dos Carris com o objectivo de dar a conhecer aquele canto singular do Parque Nacional da Peneda-Gerês.

A participação nesta caminhada não tem qualquer custo de inscrição mas o número de pessoas a incluir no grupo tem de ser necessariamente limitado. Quem desejar participar ou obter mais informações deverá enviar um email para rcb@netcabo.pt.

Nesta fase não temos uma data definida e desejamos reunir o maior consenso possível, por isso esperamos pelas vossas sugestões!

A proposta que é feita é a de juntar um grupo de pessoas que estejam interessadas em caminhar o Vale do Alto Homem e percorrer as ruínas do antigo complexo mineiro de Carris e das Sombras. Como ponto extra poderemos adicionar uma ida ao ponto mais alto da Serra do Gerês, o Pico da Nevosa, caso haja tempo para tal.

O programa proposto é o seguinte:

7.00 - Concentração em Braga em frente à Bracalândia.
7.15 - Saída em direcção às Caldas do Gerês.
8.00 - Pequeno-almoço no Café Ramalhão.
8.30 - Saída em direcção à Portela do Homem.
9.00 - Início da caminhada até às Minas dos Carris.
12.00 - Chegada às Minas dos Carris. Almoço. Visita às ruínas das Minas dos Carris.
16.00 - Regresso à Portela do Homem pelas Minas das Sombras.
20.30 - Regresso a Braga.

Caso haja interessados podemos organizar uma estadia no Parque de Campismo do Vidoeiro, Caldas do Gerês, ou no Parque de Campismo da Cerdeira, S. João do Campo (Campo do Gerês). Podemos também informar sobre os preços de estadias em pensões (Vale de Azereiros - Vilar da Veiga, Gerês).
Fotografia © Rui C. Barbosa

sexta-feira, 25 de maio de 2007

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Outros lugares de Carris (XIV)


Carris, 15 de Abril de 1993

...janelas sem vidros.

Fotografia © Carris blog

Um estudo fotográfico da lavandaria das Minas dos Carris


Carris, 19 de Maio de 2007

Não há dúvida que uma das estruturas que mais atenção nos prende em todo o complexo mineiro de Carris, é o edifício da antiga lavandaria de minério. Localizado no início do Corgo de Lamalonga este edifício ainda impressiona pela sua dimensão e tentar imaginar como seria a sua laboração é quase um exercício impossível tendo mais em conta que ao observarmos o Corgo da Lamalonga e ao reparar que se encontra coberto com uma enorme escombreira, a intensidade de laboração terá sido imensa.

Fotografia © Carlos Costa





Fazendo eco das palavras de David Pérez López, Arqueólogo e Etnógrafo Galego, no seu artigo "Mineria e Carbón na Raia Seca" publicada na Revista Arraianos na sua edição da Primavera de 2006, "Do volume de traballo xerado nesta explotación, que con altos e baixos durou até a década dos 70, dá boa conta a gran deposición de sedimento acumulada no Val de Lamalonga, por baixo da boca de dexección da casa de máquinas, onde ía parar todo o arraste do lavado."


Tal como todas as estruturas em Carris, a lavandaria está sujeita à força dos elementos. Porém, e tal como é facilmente observável em todo o complexo, não terão sido estas forças naturais a causar a maior destruição no edifício. Infelizmente este tipo de vandalismo continua nos nossos dias...



Fotografias © Rui C. Barbosa

terça-feira, 22 de maio de 2007

...e o SEPNA foi aos Carris... a pé!!!


Carris, 18 de Março de 2007

Prometi a mim mesmo que seria comedido nesta entrada no blog até porque a situação não ocorreu comigo, e como tal aqui vai...

No dia 19 de Maio de 2007 fui surpreendido pela presença no caminho para as Minas dos Carris de dois elementos da GNR acompanhados por um conhecido Guarda da Natureza do Parque Nacional da Peneda-Gerês. Na altura os três senhores encontravam-se já a regressar das minas. Educadamente comprimentei-os e os dois guardas da GNR, que suponho pertencerem ao SEPNA, responderam à minha saudação... até aqui nada que me surpreenda... quer dizer, a não ser o facto de se encontrarem ali a caminhar... provavelmente não sabem que o grande calhau a meio do caminho foi desviado para deixar passar os todo-o-terreno para se visitar os currais...

Ao chegar às ruínas dos Carris e após me juntar ao resto grupo, encetei uma conversa com os meus colegas sobre o pequeno grupo da autoridade que acabara de passar por nós. Nesta conversa fui então informado que os dois guardas tinham questionado os meus colegas sobre a dimensão do grupo do qual fariam parte. Os meus colegas lá responderam dizendo que eramos somente cinco pessoas. Os guardas retribuiram dizendo que agora seria necessária a autorização do Parque Nacional da Peneda-Gerês para visitar aquela zona. Achei interessante o facto de referirem que a zona estava cheia de lixo e que a antiga fossa junto das casas de banho se encontrava cheia de sacos de lixo.

Em termos pessoais acho uma abordagem muito infeliz. Certamente que os dois SEPNA estariam a ser introduzidos às Minas dos Carris e que o principal ponto que o Guarda da Natureza lhes terá focado foi o lixo ali deixado por quem visita a zona. No entanto questiono-me sobre se será que lhes falou dos perigos existentes nas minas? Será que lhes falou das pessoas que já morreram na represa dos Carris? Será que eles sabem o perigo que existe na Serra do Gerês? Dos abatimentos que surgem aqui e ali com o colapso das velhas galerias? Será que eles sabem mesmo disso?

Dúvido. Dúvido que a autorização leve a que as pessoas a tragam o lixo de volta. Dúvido que a falta de autorização impessa as pessoas de visitarem a zona até porque existe uma infinidade de maneiras de lá chegar. Ou será que vamos assistir a um jogo tipo 'roleta russa' onde os que forem apanhados serão... punidos? Estarão os guardas no início do caminho para informar as pessoas de que não podem ir sem autorização? E um grupo de 20 pessoas terá autorização para ir... e se forem quatro grupos de 5 pessoas?

Não seria melhor fazer uma prevenção e avisar os visitantes dos perigos que podem encontrar nas minas? O que será necessário, que morra alguém? Já lá morreram duas pessoas e nada se fez!

Os visitantes deverão ser livres de caminhar até Carris mas também deverão ter as suas obrigações: não deixar lixo, ter um comportamento compatível com a área que visitam, não danificar o que já está em ruínas... é um património que se degrada cada vez mais rapidamente.

Irei continuar a visitar as Minas dos Carris e digo-vos com ou sem autorização... É necessária uma tomada de medidas para evitar a degradação daquele espólio e daquela zona única do nosso único Parque Nacional. Mas temos de saber como o fazer e um proibicionismo radical não resulta neste caso. Porque não criar um sistema de vigilância que fosse capaz de registar a chegada, presença e partida dos visitantes dos Carris? Será assim tão caro implementar umas webcams com painéis solares e transmissão para a sede da delegação do Parque Nacional nas Caldas do Gerês? Uma ideia arrojada? Talvez...
Fotografia © Rui C. Barbosa

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Sinais...


Carris, 19 de Maio de 2007

Quem sobe o Vale do Alto Homem sem saber o que vai encontrar no final do caminho, observa ao longo dos 9,5 km até às Minas dos Carris um conjunto de sinais que antecipam o que irá encontrar. Porém, à medida que os anos passam estes sinais vão desaparecendo. Aqui ficam alguns...

O primeiro sinal de que algo de importante em tempos existiu no topo da serra será o próprio caminho cuja construção terá envolvido muitos homens. Ao longo dos seus quilómetros surgem pequenas construções para recolher e canalizar as águas que descem as encostas em direcção ao Rio Homem.


Muitas destas pequenas construções foram melhoradas nos anos 90 quando o Parque Nacional da Peneda-Gerês procedeu a trabalhos de reflorestação e manutenção do caminho. Com os elementos estes canais vão-se degradando e são já os poucos que cumprem a sua função.



Chegados à Água da Pala encontramos uma pequena construção do lado direito do caminho. Esta pequena construção, que se assemelha a um posto de controlo, fica junto do que então teria sido um edifício pré-fabricado de maior dimensões e que se encontrava no lado esquerdo do caminho. Deste edifício maior só resta a base de apoio das paredes pré-fabricadas.



Ao longo do caminho podem-se observar outras pequenas construções para a recolha das águas, pequenos muros e taludes de suporte, para além das pontes que hoje em dia são de betão armado mas que em tempos eram somente de madeira.


Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

sábado, 19 de maio de 2007

105!


Carris, 19 de Maio de 2007

A primeira visita histórica às Minas dos Carris organizada por este blog teve lugar no dia 19 de Maio. Fomos presentados com um dia fantástico e com muito Sol e calor que acabaou por deixar as suas marcas nos braços e pescoços de alguns dos presentes!!!


Tivemos a oportunidade de visitas as ruínas do antigo complexo mineira demorando algum tempo na observação do antigo edifício da lavandaria. Este edifício faria a separação do minério a partir do material retirado do interior da mina e que era para aqui transportado através de vações pelo interior de uma estrutura em madeira que ligava a saída da mina até à lavandaria. Hoje em dia existem muito poucos vestígios desta estrutura de madeira, existindo somente a base na qual assentava.


Após permanecer algum tempo na lavandaria dirigimo-nos para a represa dos Carris passando pelo local onde se localizava a antena de comunicações sobraceiro ao Vale das Negras. Passamos por algumas explorações a céu aberto e chegamos à represa onde acabamos por almoçar. Após o almoço dirigimo-nos para o Pico da Nevosa e posteriormente fizemos o caminho inverso, regressando à Portela do Homem.


É interessante ver como a zona dos Carris desperta o interesse de muita gente que percorre os quase 10 km de mau caminho para chegar às ruínas. Porém, muitos do que caminham pelo Vale do Alto Homem vão à procura das famosas lagoas que existem no Gerês e após caminhar tanto descobrem que afinal se enganaram ou foram vítimas de um engano pois não encontram qualquer lagoa nos Carris e a represa não me parece ser um local seguro para um bom banho. O Parque Nacional aqui terá um papel um portante na informação aos seus visitantes, indicando o que eles poderão encontrar naquela zona da área protegida.



Foi também com agrado que me deparei com a presença de dois membros do SEPNA da GNR no caminho para os Carris. Acompanhados por um conhecido Guarda da Natureza do Parque Nacional da Peneda-Gerês famoso pelo seu sorriso, os dois elementos do SEPNA estariam a ser introduzidos ao local. Este pormenor vou guardá-lo para uma entrada posterior neste blog, pois parece-me ser necessária uma reflexão mais profunda que não ficará perdida na estória da 105!

Uma nota final sobre o comportamento na montanha. Em Portugal não temos não temos sistemas montanhosos de grande altitude nos quais seja necessário ter uma formação profunda sobre como nos devemos comportar quando os visitamos. Hoje em dia verifica-se um interesse cada vez maior pelas actividades de montanha e não faltam grupos e associações que periodicamente organizam caminhadas pelas nossas serras. Organizar uma caminhada na Serra de Arga será necessariamente diferente de organizar uma caminhada pela Serra do Gerês. Porquê esta diferença? É simples... na Serra do Gerês estamos num Parque Nacional e aparentemente há quam organize essas caminhadas sem ter a consciência do que é um Parque Nacional e não fazer a mais pequena ideia sobre a área que percorrem. Isto surge porque neste dia assistimos à chegada aos Carris de um grupo de mais de 20 pessoas que após passar pela represa dos Carris se dirigiu para a Garganta das Negras. Até aqui nada a salientar, mas mais tarde tivemos a oportunidade de escutar as vozes do grupo a uma grande distãncia e o som das suas palmas... um completo desiquilíbrio na paz da montanha.
Um outro episódio a salientar aconteceu quando um membro deste grupo deixou cair na represa dos Carris um pequeno rádio de comunicação. Caiu na água e lá ficou... mais um pequeno foco de poluição em Carris a juntar-se às grandes quantidades de lixo lá existente.


A próxima caminhada histórica terá lugar em Junho com uma visita às Minas das Sombras e às Minas dos Carris.

Fotografias © Rui C. Barbosa