sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Postais do Gerês (XLI) - Chalet florestal na Portela de Leonte

Já anteriormente havia publicado uma entrada nesta série com o primeiro postal que surge em cima. Neste postal a cores do princípio do Século XX (o texto no postal está datado de 27 de Julho de 1917), vemos uma paisagem da Portela de Leonte a que não estamos muito habituados nos nossos dias. Se o contorno da serra no horizonte é-nos familiar, já não será o chalet que existia em Leonte no início do Século XX. É deveras interessante ver uma paisagem tão pouco tocada pelo homem num local hoje marcado pela estrada que liga as Caldas do Gerês à Portela do Homem.

Considero que seja difícil crer a existência deste chalet. O mesmo surge numa outra perspectiva num outro postal a cores enviado do Gerês para o Porto a 28 de Setembro de 1917 exibido a seguir. Sem dúvida que são dois postais interessantíssimos.


Mas terá existido mesmo este chalet ou não passará de um cenário bucólico de um artista. De facto, existiu antes de ser derrubado para a construção no mesmo local da casa florestal que ainda hoje podemos ver em Leonte. As três fotografias em baixo, extraídas da revista Illustração Portuguesa, são a testemunha de um passado onde a Portela de Leonte era uma verdadeira porta para um mundo quase selvagem da Serra do Gerês.

Fotografias: © Rui C. Barbosa

Imagens do futuro?

Interessante artigo de Jorge Palma sobre uma atitude absolutamnete prepotente por parte do Parque Natural da Serra de Aires e Candeeiros em relação a uma caminhada prevista para o dia 27 de Fevereiro. Leiam o artigo Atentado à liberdade de caminhar - PNSAC Rio Maior.

Penso que uns emails de protesto para o Parque Natural da Serra de Aires e Candeeiros não lhes faziam mal nenhum.

Isto é um mau presságio para o que aí virá depois do dia 5 de Março.

Sítio CAOS

Trilhos Seculares - Pé de Cabril pela Junceda

O blogue Carris vai organizar no próximo dia 28 de Março mais uma actividade inserida na série 'Trilhos Seculares' e cujo objectivo é atingir o Pé de Cabril passando pela Junceda. O trajecto a seguir terá início junto da Porta do PNPG de S. João do Campo seguindo em direcção à Junceda e passando depois pela Tojeira e Prados até atingir o Pé de Cabril. O regresso será feito no sentido inverso.

A participação nesta actividade é gratuita e está limitada a 10 pessoas. As inscrições deverão ser enviadas para este email. A concentração terá lugar pelas 8h30 junto da Porta de S. João do Campo.

Tal como acontece com todas as actividades do Blogue Carris, foi solicitada uma autorização ao Parque Nacional da Peneda-Gerês para a realização desta caminhada.

Fotografia: © Rui C. Barbosa

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Memórias de uma caminhada às Minas dos Carris a 14 de Agosto de 1994

Carris, 14 de Agosto de 1994

Recordando velhos albuns de fotografias, deparei-me com algumas imagens de uma épica caminhada que fiz juntamente com mais duas pessoas a 14 de Agosto de 1994, sendo uma delas o meu primo Ricardo que na altura tinha 12 anos! Lembro-me de ser um dia de muito calor e de termos percorrido uma grande parte da Serra do Gerês numa verdadeira caminhada de loucos.

Começamos a caminhada nas Caldas do Gerês e seguimos pela estrada em direcção à Pedra Bela, então ainda em terra batida. Tomamos um trilho junto da Fonte do Azeral que nos levou até uma estrada florestal onde percorremos algumas centenas de metros até tomarmos outro trilho até chegarmos ao Vale de Teixeira. Descemos ao vale e seguimos as margens do Rio Camalhão até atingirmos o topo Norte e passando ao largo da Freza. Flectindo para a direita, seguimos em direcção à Chã da Fonte passando ao lado do Borrageiro e prosseguindo pela Lomba de Pau até ao Conho, depois Curral da Pedra e Prados da Messe. Seguindo velhos trilhos de montanha e avistando ao fundo as Sombrosas, prosseguimos em direcção às Quinas da Arrocela passamos ao lado da Torrinheira e de Cidadelhe. Chegados à Corga das Mestras flectimos para a esquerda em direcção ao Outeiro do Pássaro (1º e 2º) e depois descemos para a Ponte das Abrótegas seguindo daqui para as Minas dos Carris.

A nossa ideia, imagine-se, era ainda ir dormir ao Parque de Campismo do Vidoeiro. Depois do almoço nos Carris, iniciamos a descida pelo Vale do Alto Homem até à Portela do Homem. Pelo caminho tivemos conhecimento de que alguns aventureiros haviam ficado preso devido a uma pequena derrocada na Abilheirinha. Este acidente havia ocorrida pelas 13h00 (se a memória não me falha) e só foram resgatados por voltas das 4h00 do dia 15 de Agosto.

Chegados à Portela do Homem, e não conseguindo um táxi para nos levar de volta ao Gerês, tivemos de fazer o resto do percurso a pé e à noite... sem lanternas.

Escusado será dizer que nessa noite dormimos... sem sono!

Fotografias: © Rui C. Barbosa

Notas Históricas (CXLII)

Carris, 30 de Agosto de 1971

A 30 de Agosto de 1971, e na perspectiva da reactivação da concessão mineira n.º 2234 'Salto do Lobo', incluída nas Minas dos Carris, surgia aquela que deve ter sido uma das primeiras preocupações relacionadas com a possível poluição das águas e do meio ambiente.

Esta preocupação surge num entorno no qual as preocupações ambientais estavam na ordem do dia por fruto dos movimentos sociais dos anos 60 e 70, e surge poucos meses depois da criação da primeira área protegida em Portugal, o Parque Nacional da Peneda-Gerês, no coração do qual se encontrava o couto mineiro reactivado.

Curiosamente a preocupação surge por parte da Circunscrição Mineira do Norte.

Fotografia: © Rui C. Barbosa

O património perdido da Peneda-Gerês (XII)

Um outro exemplo de uma recuperação exemplar das antigas casa florestais ou das casas dos guardas, foi o que foi feita com a Casa do Guarda das Veigas. Situada a pouco mais de um quilómetro antes da chegada a Castro Laboreiro para quem vem de Lamas de Mouro, esta casa está situada numa zona recreativa com diversos equipamentos, a Área de Lazer das Veigas.

A casa foi totalmente recuperada e equipada com outras estruturas. Esta recuperação foi levada a cabo pela Câmara Municipal de Melgaço ao abrigo do Programa Ambiente e (re)inaugurada a 29 de Dezembro de 2003. Hoje está ocupada por um estabelecimento de restauração, o Bar do Lobo.

A Casa do Guarda das Veigas está situada a 42º 02'27N - 8º 09'47O e a uma altitude de 956 metros (GPS).



Fotografias: © Rui C. Barbosa

Fotografia: © Google Earth

Um novo alerta sobre a 1245/2009

Um interessante texto sobre a Portaria 1245/2009 no blogue MonteAcima do Pedro Balaia. A ler.

Viva la muerte... e o património cai aos pedaços.

Um artigo de Manuel António Pina não só sobre a vergonhosa e mafiosa movimentação do Ministério da Cultura relativamente à criação de uma Secção de Tauromaquia, mas também em relação às prioridades que orientam a Cultura neste triste país. Para ler e reflectir... antes que a censura do JN, jornal que apoia e divulga a barbárie, exerça o seu peso...

Viva la muerte

Só nos faltava esta: uma ministra da Cultura para quem divertir-se com o sofrimento e morte de animais é... cultura. Anote-se o seu nome, porque ele ficará nos anais das costas largas que a "cultura" tinha no século XXI em Portugal: Gabriela Canavilhas. É esse o nome que assina o ominoso despacho publicado ontem no DR criando uma "Secção de Tauromaquia" no Conselho Nacional de Cultura. Ninguém se espante se, a seguir, vier uma "Secção de Lutas de Cães" ou mesmo, quem sabe?, uma de "Mutilação Genital Feminina", outras respeitáveis tradições culturais que, como a tauromaquia, há que "dignificar".


O património arquitectónico cai aos bocados? A ministra foi ali ao lado "dignificar" as touradas. O património arqueológico degrada-se? Chove nos museus, não há pessoal, visitantes ainda menos? O teatro, o cinema, a dança, morrem à míngua? Os jovens não lêem? As artes estiolam? A ministra foi aos touros e grita "olés" e pede orelhas e sangue no Campo Pequeno. Diz-se que Canavilhas toca piano. Provavelmente também fala Francês. E houve quem tenha julgado que isso basta para se ser ministro da Cultura...

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Raízes - Vida e morte no planalto de Castro Laboreiro

Na Sexta-feira, dia 26 de Fevereiro, pelas 21h30 terá lugar a apresentação da Curta-metragem “Raízes: A Vida e a Morte no Planalto de Castro Laboreiro”, inspirada no Neolítico e no Planalto de Castro Laboreiro. A projecção será no Auditório do Museu D. Diogo de Sousa, em Braga.

Do realizador Carlos Ruíz, “Raízes” é uma representação alegórica da vida e da morte numa comunidade neolítica. A história ilustra o início do sedentarismo num período onde o ser humano ainda vive numa dependência harmoniosa com a natureza, da qual depende para sobreviver. Em Castro Laboreiro, há pastores, caçadores, agricultores rudimentares. Há um grande espírito de solidariedade no grupo e todos dependem do esforço dos outros para sobreviver. Um dia Ancu, um importante caçador da tribo, morre. Toda a actividade cessa para dar início à preparação da passagem de Ancu para um outro mundo, espiritual.

Mais informações.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

O património perdido da Peneda-Gerês (XI)

Entre as antigas casas florestais do Parque Nacional da Peneda-Gerês, existem também casos felizes de recuperação das mesmas como é o caso da Casa do Guarda de Lamas de Mouro e a Casa do Guarda das Veigas já perto de Castro Laboreiro, na Serra da Peneda. Estes sem dúvida que não são exemplos de um património perdido, antes bem pelo contrário... Porém, e infelizmente, são as excepções que confirmam a regra!

A recuperação da casa de Lamas de Mouro esteve inserida num conjunto de obras a quando da construção da Porta de Lamas de Mouro. Na mesma altura procedeu-se à recuperação do antigo Centro de Interpretação do Parque Nacional da Peneda-Gerês que suponho ter sido um edifício dos Serviços Florestais dedicado aos viveiros que então existiam naquela zona. Junto da antiga casa do guarda foi também construído um edifício com instalações sanitárias e estruturas de apoio ao visitantes, raras no resto da área do Parque Nacional fazendo assim de Lamas de Mouro um exemplo único em toda a área protegida. Pena que não se tenha seguido o exemplo em outras zonas do nosso parque nacional para bem dos residentes e dos visitantes.

A antiga Casa do Guarda de Lamas de Mouro, hoje transformada num bar, está localizada a 42º 02'22N - 8º 11'50O e a uma altitude de 881 metros (GPS).

Fotografias: © Rui C. Barbosa

Postais do Gerês (XL) - Albufeira da Caniçada

Editado pela Lusocolor - Arcos de Valdevez, este postal dos anos 80 do Século XX mostra-nos uma paisagem que é familiar a muitos dos visitantes da Serra do Gerês: um aspecto da albufeira da Barragem da Caniçada onde se vê a central eléctrica da EDP no extremo da tubagem que atravessa parte da Serra do Gerês ligando à Barragem de Vilarinho das Furnas. Esta fotografia foi obtida da zona de Vale de Azereiros.

Fotografia: © Rui C. Barbosa

Porque a tortura não pode fazer parte da nossa cultura!

É um assunto off-topic neste blogue, mas demasiado grave para deixar ser passado em claro.

Foi mesmo criada a Secção de Tauromaquia no Conselho Nacional de Cultura, assim à cara podre sem mais nem menos como podem ver aqui.

Por favor, assine e divulgue a petição contra esta cornada indecente nos dinheiros públicos para, mais uma vez, bel-prazer de uma minoria, sacrificando o bem estar animal, a sua dignidade e a dignidade do povo.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Outros lugares de Carris (CXII)

Carris, 16 de Fevereiro de 2010

....grades de gelo.

Fotografia: © Rui C. Barbosa

Neve e gelo nas Minas dos Carris



Carris, 16 de Fevereiro de 2010

Formas que só a neve e o gelo conseguem construir.


Fotografias: © Rui C. Barbosa

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Higiéne nas Abrótegas

Abrótegas, 17 de Setembro de 1908

Curiosa fotografia do antigo Governador Civil de Aveiro, Dr. Leopoldo Machado, a levar a cabo a sua higiéne diária na Chã das Abrótegas na manhã do dia 17 de Setembro de 1908, o segundo dia da excursão venatória à Serra do Gerês.

Fotografia: © Rui C. Barbosa

Serviços Florestais

Estas duas fotografias são de facto dois interessantíssimos documentos históricos. A fotografia em cima mostra o pessoal dos serviços florestais acampado na Bouça da Mó no ano de 1890 enquanto que a fotografia em baixo mostra um acampamento dos serviços florestais na Chã das Abrótegas em 1893.

Fotografias: © Rui C. Barbosa

O património perdido da Peneda-Gerês (X)

Com um Domingo chuvoso já havia adiado a marcha arqueológica na entrada do Vale do Alto Homem e assim ficou a oportunidade de poder visitar mais algumas casas florestais na área do Parque Nacional da Peneda-Gerês. Desta vez rumei à Serra Amarela, à Serra do Soajo e à Serra da Peneda. No total passei por oito casas que as encontrei em diferentes condições. No entanto, estes edifícios serão referidos noutras entradas posteriores neste blogue.

Hoje vou permanecer na Serra do Gerês e concentrar-me na Casa Florestal da Malhadoura. Esta casa faz parte do meu imaginário longínquo, pois está situada numa das primeiras zonas que terei visitado dentro do nosso parque nacional. Nos idos dos 80, a zona da Pedra Bela, Arado e Malhadoura era umas das áreas que mais percorria. Caminhando desde o Parque de Campismo do Vidoeiro e percorrendo a poeirenta estrada até à Pedra Bela, entrava naquilo que me parecia uma zona selvagem e longínqua... pelo menos no que diz respeito à caminhada feita ao Sol abrasador de Agosto. Após a descida para o cruzamento que dá acesso para o Arado, surpreendia-me o autocarro de dois andares que estava estacionado numa bouça perto deste estacionamento, certamente fruto de um pensamento ‘hippie’ dos anos 70 no qual o convívio com a Natureza era o seu expoente.

A caminhada era depois recompensada com um mergulho nas águas da Cascata do Arado e o almoço de então nas fantásticas (!!!) latas de comida já preparada aquecidas debaixo da ponte com o «camping gaz». Eram assim os felizes dias de Verão de então...

A Casa Florestal da Malhadoura está localizada numa zona de excelência. Não muito longe da Tribela e não muito longe da incrível casa murada privada ali perto, a Casa da Malhadoura está ao abandono e vandalizada, mas, por outro lado surpreendeu-me o facto de não estar tão mal como seria de esperar e como já tenho encontrado outras casas em locais menos ermos. Ao contrário do que alguns dizem, a casa não está em ruínas e nem lá perto anda, podendo ser recuperada com um investimento não muito avultado. Olhando o cenário em redor e mesmo no interior da casa, parece-me que ela é utilizada pelos lenhadores que trabalham na zona e por visitantes ocasionais... Curiosamente, as inscrições a carvão nas paredes não são assim tão recentes. De facto, não fosse o vandalismo e a Casa Florestal da Malhadoura estaria em muito bom estado somente afectada pelo passar dos anos sem a devida manutenção.

O passeio até à Malhadoura é uma caminhada bastante interessante feita por uma zona incrível do parque nacional.

A casa está situada a 41º 43 '22,15N - 8º 06' 54,89O e a uma altitude de 780 metros (GPS).


Fotografias: © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)