Certamente muitos dos leitores que já terão visitado as Minas dos Carris já repararam nos vários abatimentos que são visíveis à superfície. Este indicam que a estrutura física da mina à muito que deixou de ser segura e o que podemos observar à superfície é o resultado do abatimento de galerias em profundidade. Curiosamente, as galerias abatidas que deram lugar aos fenómenos que vemos à superfície estão situadas nas explorações mais antigas e deverão representar o 2º, 3º e provavelmente 4º pisos.
Mas porque é que se dão estes abatimentos. Durante a exploração das minas em profundidade foi utilizado o denominado «método dos degraus invertidos», isto é a escavação das galerias era feita do «chão» para o «céu» (parte superior da galeria) criando-se degraus sucessivos. Parte do minério era seleccionado ainda no interior da mina procedendo-se a uma separação inicial do estéril que servia para encher parte da galeria, porém outras partes ficavam simplesmente vazias. Ora, com o passar dos anos e com a degradação óbvia do ambiente interior, a galeria tem tendência a abater devido à fraqueza da entivação em madeira que se vai degradando.
No caso das galerias nos Carris algumas terão uma altura de 25 metros e um comprimento de 100 metros (de recordar que a exploração mineira atingiu o 7º piso a cerca de 150 metros de profundidade).
Assim, e não havendo trabalhos de manutenção nem de segurança nos últimos 40 anos (a mina fechou em 1974 / 1975) é de esperar que mais abatimentos venham a acontecer e a alterar a paisagem industrial que conhecemos à superfície.
Fotografia © Virgílio de Brito Murta / Rui C. Barbosa
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