segunda-feira, 24 de agosto de 2009

"Vê lá se não queres que te empurre a ti também!!!"

Mata da Albergaria, 23 de Agosto de 2009

A seguir está a transcrição de uma reclamação que enviei hoje para a Empresa Hoteleira do Gerês, Lda. e que descreve um episódio extremamente desagradável que ocorreu no dia 23 de Agosto na Mata da Albergaria e que foi levado a cabo por um motorista desta empresa na condução de um mini-autocarro de serviço de transporte alternativo disponibilizado por esta altura no Parque Nacional.

Esta certamente não será uma situação isolada e todos nós deveríamos tomar posição perante estas situações, não sendo silenciosamente cumplices pelas coisas que estão mal!

Ex.mo Senhor Director da Empresa Hoteleira do Gerês,

Na impossibilidade de me deslocar pessoalmente aos vossos escritórios, venho através deste email informar-vos de uma situação extremamente desagradável que ocorreu na estrada florestal entre a Portela de Leonte e a Portela do Homem em pleno Parque Nacional da Peneda-Gerês Gerês, e que foi levada a cabo por um dos vossos motoristas ao serviço dos transportes alternativos que estão a ser actualmente disponibilizados naquela área.

No dia 23 de Agosto pelas 19h10 encontrava-me a percorrer a referida estrada quando deparei com uma fila e várias viaturas paradas devido à presença de cavalos na estrada. Por esta altura, e devido à forte afluência de carros naquela estrada, os cavalos já estão habituados e não se desviam para que os carros possam circular tendo os automobilistas de aguardar a movimentação dos cavalos para poderem circular.

Nesta altura, no sentido Portela de Leonte - Portela do Homem, seguida um mini-bus da vossa empresa (com a matrícula 28-AJ-38, ou AI) que, tal como as restantes viaturas, aguardava que os cavalos de desviassem. Ou pelo menos assim parecia, pois quando o carro que seguia em frente ao autocarro conseguiu passar a solução que o vosso motorista encontrou para resolver o problema foi empurrar os cavalos com o próprio autocarro até que estes se desviassem. Achei esta situação extremamente desagradável e por conseguinte procurei chamar a atenção ao motorista indicando-lhe que não eram modos de proceder com os animais que se encontravam no seu ambiente natural e ainda por cima numa área de especial protecção. A atitude do motorista colocou em perigo os animais, enervando-os, e por consquência colocou tabém em perigo as restantes viaturas pois os cavalos poderiam reagir de forma violenta.

Após ter chamado a atenção ao motorista este respondeu com modos ameaçadores dizendo "Vê lá se não queres que te empurre a ti também!" e "Mete-te na tua vida! Mete-te na tua vida!". Para não agudizar a situação decidi não responder a esta provocação que poderia ter levado a uma situação mais complicada para o motorista cuja fraca formação cívica ficou patente naquele episódio.

Assim, espero que tomem as medidas necessárias para evitar futuras situações semelhantes à ocorrida e para que os vossos motoristas tenham a consciência dos serviços que prestam e dos locais que percorrem, e que lhes proporcionem a devida formação para poderem ligar de forma sociável com as restantes pessoas.

Sem mais de momento, envio os melhores cumprimentos

PS - Seguiu uma cópia deste email para os serviços do Parque Nacional da Peneda-Gerês e para o Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da Guarda Nacional Republicana.

5 comentários:

Marta disse...

Boa noite!

Espero que a sua denúncia dessa situação para as entidades competentes tenha algum efeito porque pessoas como esse motorista precisam de mais formação ou de outro emprego!

E digo espero porque sei de uma pessoa que no ano passado denunciou a essas mesmas entidades uma situação de uma maratona de BTT que passou em pleno PNPG e onde além das embalagens de plástico e garrafas largadas ao longo do percurso foram deixadas as fitas plásticas de marcação do percurso...esta denúncia não deu em nada, tanto que este ano a mesma empresa realizou uma nova prova que de novo passou por essa zona.

http://www.forumbtt.net/index.php/topic,55847.0.html

Provavelmente algum do lixo que irão limpar em Setembro foi deixado por essas mesmas provas. Se encontrarem por lá fitas plásticas amarelas e verdes, já sabem que terão de agradecer à organização da dita prova de BTT por não fazer o trabalho que lhes é devido!

Se muitos não sujassem não seria necessária essa iniciativa de limpar o PNPG a que desde já dou os parabéns!

Miguel Borges disse...

Viva,

*se* obtiveres resposta de qualquer uma das entidades a quem apresentaste queixa, não te coibas de a divulgar aqui.

Abraço,
Miguel.

Rui C. Barbosa disse...

Caro Miguel,

No dia que receber uma resposta, se receber uma resposta, ela será na integra colocada no blogue.

Um abraço!

pedro disse...

É uma vergonha.
Estive na albergaria há dias (já não ia lá há uns meses).

Pelo percurso vi vários carros parados e estacionados (parece que ninguém compreende as indicações que lhes são dadas) com os típicos portugas sem qualquer respeito a sair dos mesmos numa atitude de "que se foda, sou só eu a fazer isto" para irem para as lagoas e as cascatas (aquelas que são visíveis quando se passa pela mata de carro, pouco antes da portela do homem) ou para os pic-nic's cujos resultados já todos conhecemos.

Ao vir embora (de Espanha) ainda avisei as pessoas que estão na portela a cobrar a taxa de que quando tinha atravessado a mata no sentido inverso tinha visto uma série de carros parados e estacionados. A resposta foi "Sim, eles já foram todos multados.", com um sorriso irónico que me fez crer que elas se estavam a cagar para com o assunto. Se nem elas se importam...

Isso aliado ao facto de os carros passarem a alta velocidade pela estrada da albergaria só me desiludiu ainda mais.

Tanto sítio para essa gentalha ir, e têm logo que escolher aquele.

Gostaria de saber a resposta, isto se eles realmente se importarem com o assunto e te responderem alguma coisa.

Abraço.

Diogo Russo disse...

Passei à uns dias na Mata e na vila do Gerês na minha primeira experiência no PNPG. Sabia que ia encontrar muita gente, mas nunca esperei ver o que vi. A maneira como os recursos do parque nacional do Gerês estão a ser usados parecem-me, mas claro sem ter qualquer fundamento legal, inadequadas. Albufeiras carregadas de motos de água e implantes de areia branca a criarem "bancos de areia" fluviais. Foi também uma desilusão porque "ataquei" o Gerês pelo lado de Montalegre, explorando não só a zona do parque, como o concelho e pareceu-me mais próxima da essência de um Parque Natural. Depois de passar Vieira do Minho cheguei à vila do Gerês e a minha vontade foi de nem parar - um cenário execrável e burguês - segui para o Xurez para entrar no Lindoso.
Confesso que olhei em busca de uma chaminé algarvia, porque não podem ter sido as populações da Serra que criaram a máquina comercial. Mas como me disse o sr. António (não me recordo do apelido), habitante de 82 Anos em Monsanto, o dinheiro sobe à cabeça.

Neste Verão percorri o interior o Norte Alentejano, as Beiras e o Nordeste Transmontano, antes de chegar ao Gerês e ver a mesma coisa: o destoar de algumas casas nas aldeias históricas na traça imigrante.

Seja-se competente, fiscalize-se. O pior que podem fazer no meio de uma aldeia harmoniosa enfiarem um mamarracho forrado a azulejos e com telhado de neve.