Quando hoje percorremos as ruínas das Minas dos Carris e observamos a sua organização não imaginamos a sua complexidade para além do que os nossos olhos alcançam. Por outro lado, parecem existir peças que não encaixam no puzzle que são as ruínas dos Carris e somente com a feliz ajuda de antigos registos fotográficos podemos determinar que em certos locais existiam estruturas há muito desaparecidas da paisagem.
Quando cuidadosamente caminhamos naquela a que eu chamo a zona industrial das Minas dos Carris podemos observar várias zonas de colapso, isto é zonas onde seguramente se deu o colapso das galerias subterrâneas com evidentes efeitos à superfície. A zona industrial dos Carris é acessível através de uma rampa que tem início junto da antiga casa do pessoal superior da mina. No final desta rampa, mais precisamente no seu lado esquerdo, observamos a mais recente zona de colapso, uma indicação de que as galerias subterrâneas se estendiam até àquela distância e que não se encontram a uma profundidade muito grande. Um pouco mais à frente e do lado direito encontramos uma outra zona de colapso, mas esta bem mais antiga do que a anterior. Sempre vi este local assim e desde a primeira vez que me intrigou o porquê de se encontrar assim? Obtive a resposta a esta pergunta através da comparação das seguintes fotografias.






A fotografia seguinte mostra o que terão sido os primeiros edifícios de processamento de minério existentes nas Minas dos Carris. Alguns destes edifícios foram posteriormente utilizados pela Sociedade das Minas do Gerês Lda. e as suas ruínas chegaram aos nossos dias.


Quem visita as velhas ruínas e desce até às antigas instalações da lavaria, é compelido a tentar imaginar o seu interior em funcionamento. As velhas paredes ajudam-nos a ter uma ideia do espaço em nossa volta, do seu volume... mas imaginar aquele volume com a maquinaria que fazia a separação do minério é um exercício muito mais difícil.
Ao compararmos o que se vê nesta fotografia com o que hoje podemos encontrar, conseguimos identificar alguns pormenores mas a destruição actual é tamanha que as ruínas acabam por se tornar um perigo para quem as visita.

Fotografias: © Rui C. Barbosa
2 comentários:
Boas. Estive nos Carris este sabado. Tive de caminhar monte adentro por 2h30 para la chegar. A caminhada iniciou na ponte de Portela Do Homem e depois foi sempre a andar até lá chegar. Belas paisagens... caminhada dura! Estar naquele sitio foi como mergulhar numa das muitas lagoas de agua cristalina que encontramos no Gerês. Paz, silencio. E pensar que já ali houve uma enorme actividade... De repente dei por mim a imaginar-me a viver ali... imagens mentais a preto e branco e tudo!! Sentimos tanta coisa que até se torna dificil descrever tudo o que sentimos. Lindo! Este blog permitiu satisfazer a curiosidade que de lá trouxe. Excelente trabalho que aqui está feito. Parabêns.
Caro Rui!
Obrigado pelas suas palavras sobre o blogue!
No seu comentário refere "Sentimos tanta coisa que até se torna difícil descrever tudo o que sentimos". É isso mesmo; Carris é um lugar especial que toca a todos os que lá vão.
Um abraço!
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