segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Recordando os edifícios das Minas dos Carris (II)

Ao comparar a fotografia em cima com a fotografia seguinte que foi enviada pelo leitor Artur Batista, notei um detalhe interessante. A primeira fotografia mostra uma parte da Casa de habitação do Pessoal Superior da Mina e parte de uma das Casas de Habitação...

A seguinte imagem foi-me enviada por José Manuel Sousa, filho de José Rodrigues de Sousa um dos fundadores da Sociedade das Minas do Gerês, e mostra a mesma casa e a casa de habitação que lhe é anexa...
A fotografia de Artur Batista foi datada como sendo de 1948 e a fotografia de José Manuel Rodrigues de Sousa é datada dos anos 50. Uma análise detalhada às fotografias mostra algumas diferenças interessantes. De notar a existência de uma nova janela na casa em pedra ao lado da Casa de Habitação do Pessoal Superior da Mina, o que implica por si só que a casa da fotografia cedida por Artur Batista foi alvo de uma grande remodelação. Veja-se a diferença nas paredes... a fotografia cedida por José Manuel Rodrigues de Sousa, e datada dos anos 50 mostra os edifícios acabados de remodelar. Uma outra diferença menos óbvia é a aparência da base da Casa do Habitação do Pessoal Superior da Mina. Da mesma forma, repare-se nas escadas nas quais está sentado José Rodrigues de Sousa e compare-se com as escadas da primeira imagem... existe na última imagem um bloco de granito que não existe na altura em que a primeira fotografia foi tirada.

Tentarei agora determinar a localização de algumas divisões no edifício que servia Escritório e Cantina nas Minas dos Carris. Note-se a seguinte imagem pois ser-nos-á bastante útil...

Este edifício era composto por várias divisórias: escritórios, gabinete técnico, gabinete da administração, arrecadação, escritório da cantina, cantina, entrega de minério, depósito de minério e hall de entrada.Ao compararmos esta planta com o que encontramos no que resta deste edifício facilmente conseguimos identificar algumas divisórias, porém uma outra parte das ruínas não coincidem com esta planta o que nos leva a deduzir que: a) ou a construção não foi realizada segundo o plano inicial, b) a construção foi realizada segundo o plano inicial, mas sofreu alterações posteriormente.

A imagem seguinte mostra-nos o escritório / cantina tal como surge hoje nas Minas dos Carris...

Ao se tentar comparar estas ruínas com a planta original do edifício somos tentados a dizer que a zona em primeiro plano corresponde à cantina. Esta afirmação pode ser correcta, até porque no interior podemos observar uma lareira cuja existência faz todo o sentido no interior de uma cantina destinada ao pessoal superior da mina.

Num plano mais afastado da imagem observamos as quatro janelas que estão na planta do edifício nas duas divisórias destinadas aos escritórios. A comparação com o que na realidade existe no terreno é consistente com a planta do edifício. Assim, as seguintes fotografias mostram o que resta dos escritórios onde em tempos se fez a gestão das Minas dos Carris...

Voltando à nossa planta, observámos que nas actuais ruínas não existe qualquer divisória que possamos identificar como sendo o hall de entrada e que percorreria toda a largura do edifício. Da mesma forma não existe qualquer porta de acesso entre o hall e o depósito de minério, apesar de nas ruínas existirem vestígios de que em tempos terá havido uma passagem entre os escritórios e essa parte da casa, tal como se pode ver na seguinte fotografia...


Numa divisória ao lado da que terá servido de depósito de minério existe o que resta do que facilmente se deduz ter sido uma cozinha. Nas paredes ainda se podem observar as canalizações de gás...
As próximas imagens mostram o que terá sido o gabinete técnico e a arrecadação...
Ao chegarmos a este ponto penso poder então concluir que este edifício não terá sido construído segundo a planta original, pois nota-se a inexistência de algumas divisões e alterações efectuadas noutras. É de facto interessante a existência de uma passagem bloqueada entre a divisória onde provavelmente se depositaria o minério e os escritórios. Talvez tivesse ocorrido um erro no planeamento da construção no terreno e que os trabalhos tivessem avançado até um ponto onde já não seria possível voltar atrás. Apesar de ser uma especulação é algo que sobre o qual nunca teremos uma resposta...

Estas são conclusões feitas tendo em conta o que se pode observar actualmente nas ruínas das Minas dos Carris comparando com a planta deste edifício.

Fotografias: © José Rodrigues de Sousa

Fotografias: © Rui C. Barbosa

Sem comentários: