Tentar saber qual a utilização e objectivo de cada edifício nas Minas dos Carris foi sempre um dos meus objectivos desde que pela primeira vez completei aquela caminhada em finais dos anos 80. Já nessa altura a destruição do património em Carris era por demais evidente fruto dos poucos anos de vandalismo, mas também o reflexo de um país cujas condições obrigavam a actos de quase sobrevivência.

Tenho referenciados a maior parte dos edifícios das Minas dos Carris. Porém, existem ainda alguns edifícios sobre os quais pouco se sabe, nomeadamente o seu ano de construção e qual a sua utilidade. Dentro do grupo destes edifícios encontram-se as quatro casas que o visitante pode observar à sua esquerda ao chegar às Minas dos Carris através do Vale do Alto Homem. Outra interrogação prende-se sobre a utilidade de uma base de alvenaria que existe entre a Cantina e o Dormitório, e finalmente qual o ano de construção e objectivo de cada edifício naquela que eu chamo de Zona Industrial de Carris onde se encontram os locais de lavagem e processamento de minério.
Qualquer informação que tenham sobre a origem, plantas e construção destes edifícios é sempre bem vinda.
Qualquer informação que tenham sobre a origem, plantas e construção destes edifícios é sempre bem vinda.
Com a passagem dos registos mineiros para a posse da Sociedade Mineiras dos Castelos Lda., tornava-se necessária a construção de edifícios que pudessem suportar uma exploração intensiva de volfrâmio na concessão do Salto do Lobo. Assim, a 2 de Março de 1944 esta sociedade propõe a construção dos primeiros edifícios modernos naquela zona.
Esta terá sido a primeira grande vaga de construções levadas a cabo naquela zona criando um conjunto de instalações que permitiria o início da exploração intensiva. Posteriormente estes edifícios seriam alargados permitindo assim uma ampliação dos trabalhos mineiros.
Estes edifícios acessórios da exploração mineira incluíam uma Casa de Habitação para o Pessoal Superior da Mina, um Bloco de Casas para Casais, um Escritório e Cantina, uma Enfermaria e um Balneário.
A Casa de Habitação para o Pessoal Superior da Mina era constituída por dois corpos de edifícios distintos sendo um destinado somente à cozinha e dispensa e o outro sendo utilizado para habitação. Este constava de uma sala de jantar, sete quartos e uma casa de banho com retrete (!). A ligação entre os dois edifícios era feita por uma passarela. O edifício utilizado para cozinha era feito em alvenaria ordinária e o telhado era de duas águas com cobertura de lusalite. Por seu lado, a habitação era de alvenaria somente até ao nível do pavimento, tendo as paredes acima deste nível uma armação de madeira com revestimento exterior de lusalite e interior de madeira. A cobertura era de duas águas e feita de lusalite.


O Bloco de Casas para Casais era composto por um edifício de paredes de alvenaria ordinária e coberto a lusalite. Tinha um comprimento de 38,5 metros e uma largura de 5,30 metros. Este edifício poderia albergar sete casais, contendo sete quartos, uma sala de estar com um comprimento de 7,40 metros e uma largura de 4,50 metros, e um compartimento com um comprimento de 4,50 metros e uma largura de 1,90 metros destinado a balneário.


A Enfermaria era um edifício de paredes de madeira revestidas exteriormente a lusalite. Possuía uma cobertura de duas águas em lusalite. Tinha um comprimento de 7,10 metros e uma largura de 4,20 metros e estava dividido em três compartimentos (enfermaria, quarto e hall de entrada). O compartimento destinado à enfermaria tinha um comprimento de 4,30 metros e uma largura de 3,90 metros; o quarto tinha um comprimento de 2,40 metros e uma largura de 1,70 metros e o hall de entrada tinha um comprimento de 2,40 metros e uma largura de 2,00 metros. Esta construção encontrava-se assente em alicerces de alvenaria e o chão era de betonilha.


O Balneário constava de um único pavimento com um comprimento de 8,20 metros e uma largura de 4,50 metros, contendo lavabos, chuveiros e WC. As paredes eram de alvenaria ordinária e a sua cobertura era de duas águas composta de lusalite. O esgoto da instalação sanitária era feito para uma fossa de alvenaria revestida a cimento com um comprimento, largura e altura de 1,50 metros. Esta fossa dista 2,00 metros do edifício.
Fotografias: © Rui C. Barbosa

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