Uma caminhada repetida que me levou desde a Fonte de Lamas até ao Zanganho e Junceda ao longo de um dia chuvoso e cinzento com paisagens curtas.
Durante a noite o som da chuva a bater nas vidraças alterava-se com o tom grave do vento que percorria as ruas da aldeia. Por vezes, a chuva caia intensa, mas por momentos escutava-se o primordial silêncio das noites frias que já se instalaram. A aldeia adormece cedo por estes dias que se encurtam a olhos vistos e os serões são passados com um chá quente e uma leitura.
Quando o dia nasceu, veio obviamente com a chuva, mas a certa altura os céus acalmaram-se e foi a oportunidade perfeita de preparar a mochila com algo para comer e tirar o «impermeável» do guarda-fatos.
A caminhada começaria - coma já começara tantas vezes - junto da Fonte de Lamas próximo do Lameirão. Seguindo o caminho florestal, passaria junto da Casa Florestal de Lamas e continuaria encosta abaixo até chegar à Estrada Panorâmica das Voltas de S. Bento não muito longe da Quelha da Buraca. Mais adiante, tomei o traçado da Grande Rota da Peneda-Gerês que me levou a passar no Campo de Futebol da Pereira (antigo Viveiro Florestal da Pereira) e seguir para a Cascata das Caldas (ou Cascata do Zanganho). As chuvas destes dias, deram nova vida às quedas de água do Parque Naciona da Peneda-Gerês e a Cascata das Caldas estava fabulosa.
Por esta altura, já o «impermeável» havia entrado ao serviço. As tréguas da chuva não duraram muito tempo e apesar de não ser muito intensa, manteve-se até ao final da caminhada, por vezes puxada a vento.
Passada a Cascata das Caldas, o caminho levou-me para o abrigo relativo dos carvalhos junto do Penedo da Freira no Morro do Zanganho e daqui para o casario da vila termal, para logo o abandonar seguindo no limite do Parque Tude de Sousa e já no traçado do Trilho dos Miradouros que iria percorrer até chegar à Chã de Junceda.
Como já referi, não foi a primeira vez que fiz o percurso e, de facto, é algo que repito com alguma frequência. Porém, desta vez fiquei espantado pelo trabalho de combate às mimosas que está a ser realizado naquelas encostas por parte do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas. A silvicultura não será o meu forte, mas penso que este será um trabalho a longo prazo onde se começou a combater as árvores já de maior porte como se pode observar nas fotografias. Ao longo da subida, pode-se notar o esforço já realizado e que certamente será estendido até à Junceda, onde as mimosas estão a crescer a olhos vistos.
O regresso ao ponto de partida foi feito desde a Casa Florestal de Junceda seguindo o caminho florestal e passando o Curral de Lameirinha em direcção à Fonte de Lamas... por esta altura já completamente encharcado e com mais água dentro das botas do que fora delas.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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