Em cada uma das caminhadas que faço tento trazer algo de novo comigo, algo que esteja perdido nas memórias dos tempos passados por entre o granito e a urze que cobre as serranias. Por vezes, será apenas uma paisagem nova, algo visto de outra perspectiva; outras vezes, é algo que está esquecido para lá das montanhas do pensamento. Desta vez, e após esperar muitos dias, imensos, decidi-me a confirmar a existência, ou não, do esquecido e solitário Curral de Lavadouros.
Assim, a caminhada não foi longa, pouco mais de 6 km, por entre as serranias já conhecidas. Confundido por entre topónimos mal assinalados, o curral estava lá com o seu velho forno pastoril já alagado.
A jornada começou na Portela de Leonte e subiu serra acima passando pela Chã do Carvalho e Vidoal. Aqui, desci em direcção à Corga de Lavadouros para me perfilar perante a imponência na Roca d'Arte, altiva sentinela de alcantiladas vertentes de granito! Seguindo por trilhos seculares, tomei a direcção da zona onde poderia estar o velho curral escondido do pensamento dos homens do qual lhe perderam a memória. Passando pequenos regatos e raspando por entre a urze e a carqueja, uma parede que pedra solta chamou a atenção! A aproximação confirmou assim que em tempos, ali encostado a uma rocha e escondido de outros olhares, estava o que restava de um forno pastoril típico das vezeiras Geresianas.
Fica assim encaixada mais uma peça deste imenso puzzle que é o passado da ocupação do Homem nestas serras. Para muitos uma nota de rodapé, para mim mais um imenso tesouro de conhecimento que surge à luz do dia.
O regresso fiz voltando ao Vidoal e depois descendo para o Mourô e passando pelo Curral da Raiz, Costa da Cantina e antigo caminho florestal em direcção a Leonte, passando pelo Escalheiro e pelo Curral de Cabanas Giestas.
Ficam algumas fotografias do dia...
Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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