sábado, 10 de dezembro de 2022

Trilhos PNPG - Grande Rota da Peneda-Gerês (Etapa 8 e 9 - De Lindoso a Germil)

 


Durante três dias percorri a Grande Rota da Peneda-Gerês (GR50) ligando o Miradouro de Tibo a Germil.

O texto a seguir é retirado da página da Grande Rota da Peneda-Gerês, e relata as Etapas 8 e 9 entre Lindoso e Germil. O texto é editado quando necessário.

Iniciamos a caminhada junto ao Cruzeiro de Lindoso e seguimos o caminho principal, passando em frente à Porta do PNPG e da Igreja Matriz, e continuamos cerca de 150 metros, pelo interior da aldeia, até encontrar indicação para virar à esquerda em direção à serra e à aldeia de Ermida. 



Nos quatro quilómetros seguintes a progressão foi sempre ascendente, atingindo-se na zona do Carqueijal o ponto mais elevado da etapa (cerca de 910 m), próximo do alto da Louriça, onde se regista a maior elevação da serra Amarela (1359 m).

Após cruzar o estradão florestal, continuamos pelo carreiro marcado que conduz à antiga Casa de Guarda Florestal de Porto Chão, topónimo que está associado à existência de um antigo povoado de montanha, possivelmente medieval. A partir daqui, siguimos pelo estradão mais largo até passar o ribeiro de Mulas e os abrigos de Bugalhedo. Duzentos metros depois, surge indicação da direção para a Ermida. Seguimos, então, pelo caminho à direita e iniciamos a descida para a povoação de Ermida.

Mais adiante, atravessamos uma pequena ponte perto das cabeceiras do Rio do Porto, onde conflui também o Rio da Perdiz. Logo depois, encontramos o simpático curral e abrigo de Escaravelheira ou Escravilheira.



Continuamos caminho, sempre com o Rio do Porto à nossa direita, atravessando zonas essencialmente de matos baixos e pequenos bosquetes, e cruzando áreas de chã que se formam nos sítios de escorrência da encosta. Nestas áreas de chã, mais húmidas e abrigadas, formam-se pequenos bosquetes e habitats higroturfosos onde ocorrem valores importantes da fauna e da flora do Parque Nacional. Para seu conforto e proteção dos valores naturais, devemos evitar o pisoteio das zonas mais húmidas.

A próxima paragem obrigatória é na Branda de Bilhares, uma antiga povoação temporária de montanha, que guarda ainda vestígios da ocupação romana do território. Na envolvente da branda destacam-se os lameiros e as levadas que conduzem a água para os campos. Em altura própria (de Maio a Agosto), florescem nestes lameiros três espécies de orquídeas selvagens que ocorrem no Parque Nacional.



Saímos de Bilhares e cerca de duzentos metros depois tomamos o caminho à direita para ver, mais de perto, o vale profundo do Rio Froufe. Finalmente, surgem os sinais de povoação e entramos na aldeia de Ermida, uma das mais isoladas do Parque Nacional, já que aqui termina a estrada municipal que serve este lado da serra Amarela.

Na Ermida não se deve deixar de visitar o Núcleo Museológico, que guarda importantes achados que testemunham a ocupação antiga da serra Amarela: a Estátua-Menir (datável do 2.° Milénio a. C., a mais antiga escultura antropomórfica conhecida no território do Parque Nacional) e a Pedra dos Namorados (romana).

Saindo da aldeia, tomamos a estrada municipal e termina-se a etapa no miradouro da Ermida, uma fantástica varanda para o vale do Froufe e a extensa área agrícola disposta em socalcos.



Deixando o Miradouro da Ermida, de onde se observa a magnífica paisagem do vale do rio Froufe, embelezada pelo escadório de campos em socalcos e alguns bosquetes de folhosas, iniciamos caminho em direção à ponte de Carcerelha, um ribeiro de montanha, de vale profundo e lagoas cristalinas, muito frequentado pelos praticantes de canyoning. 

Depois de passar a ponte do ribeiro de Carcerelha, a rota desvia à esquerda, subindo um trilho íngreme para cotas mais altas. Cerca de um quilómetro e meio à frente, já após cruzar um pequeno ribeiro, encontramos um estradão florestal, junto de pequenos campos agrícolas, murados, aparentemente abandonados. Cerca de 50 metros à frente, saímos do estradão e continuamos para Sul. Pouco depois cruzamos outro caminho florestal, que surge perpendicular ao sentido da nossa marcha. Continuamos a subir para passar a corga das Mestras já próximo das suas cabeceiras, onde a topografia não é tão exigente. Finalmente, mais uma pequena subida para alcançar o Eido e Giadela, onde a etapa atingirá a sua cota mais alta (704 m). Aqui a topografia torna-se mais suave. É uma zona de portela, de cabeceira de linhas de água, dominada por matos, com destaque para os urzais-tojais, um dos habitats naturais caraterísticos do Parque Nacional. À nossa direita, direção sudoeste, na margem esquerda do Rio Germil, pode avistar-se o Fojo do Lobo de Germil que os antigos utilizavam para perseguir, encurralar e caçar os lobos.


Por fim, passamos a caminhar sobre a calçada de Germil, acompanhados de uma fantástica paisagem, construída pelo Homem ao longo dos séculos em perfeita harmonia com a natureza. Após atravessar o ribeiro do Chão da Ponte, rapidamente chegamos ao aglomerado de Germil, enquadrado numa magnífica composição de socalcos, fundamental para a exploração agrícola das encostas da montanha. Visite a aldeia, de raiz medieval, que em tempos se designou São Vicente de Germil, com o seu vasto património cultural, sobretudo de valor etnográfico.

Neste dia percorremos um total de 18,8 km e com um D+ de 1.027 metros, totalizando 2.829,9 km percorridos em 2022 com um total de D+ 124.623 metros.

Para o ano há mais GR50!


























Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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