quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Trilhos PNPG - Grande Rota da Peneda-Gerês (Etapa 12 - Do Campo do Gerês às Caldas do Gerês)

 


Durante quatro dias percorri a Grande Rota da Peneda-Gerês (GR50) ligando o Campo do Gerês a Pitões das Júnias.

A ideia inicial era fazer este percurso em três dias, mas a disponibilidade da tarde do dia 5 de Outubro permitiu iniciar a caminhada mais cedo e assim decidimos fazer a Etapa 12 entre o Campo do Gerês e as Caldas do Gerês.

O texto a seguir é retirado da página da Grande Rota da Peneda-Gerês, sendo editado quando necessário.

Esta etapa liga Campo do Gerês à Vila do Gerês, por caminhos e trilhos ancestrais que as comunidades locais utilizavam para aceder aos recursos da serra. O percurso enquadra-se em ambiente de montanha, percorrendo uma das elevações da serra do Gerês, assinalada pelo marco de Lamas, a 958 metros de altitude. É uma zona de interflúvio, o que significa que uma parte do percurso, mais propriamente até Junceda, é realizada de forma ascendente e outra parte de forma descendente.

Deixando para trás a Porta de Campo do Gerês, seguimos a estrada municipal por cerca de 400 metros, na direção da aldeia, desviando à direita, no sítio identificado por um Miliário (marco romano, em granito) para um caminho secundário que acompanham um pequeno ribeiro. Continuamos até encontrar a ponte que nos permite fazer a passagem do ribeiro. A partir daqui, faremos a progressão até Junceda, seguindo sempre por trilho, na direção Ponte-Nascente. Nos primeiros quilómetros o trilho segue pela vertente da Corga do Coval, um vale profundo, de vegetação abundante, formado pelas nascentes do Cabeço do Pinheiro, onde chegaremos em breve, depois de passar uma vedação de arame de contenção do gado que pastoreia livremente na serra.


Na zona do Cabeço do Pinheiro o trilho atravessa uma zona relativamente húmida, que pode alagar em períodos de forte pluviosidade. Como é uma zona bastante plana, se necessário, devemos escolher uma alternativa, um pouco mais ao lado, para evitar a água. O tipo de vegetação que aqui ocorre enquadra-se no habitat “urzais-tojais mediterrânicos não litorais”, considerado uma das comunidades de conservação prioritária no Parque Nacional. Ao longo do caminho, no período da floração, observam-se várias espécies da flora natural da região, destacando-se os tapetes de tormentelo e as orquídeas selvagens, como o satirão-macho. Admire os valores naturais e proteja-os.

Depois de quase 4 quilómetros percorridos, chegamos a Junceda. O local é marcado pela presença de uma antiga casa de Guarda Florestal, atualmente abandonada, em volta da qual se dispõe uma área florestal, com uma grande diversidade de espécies, entre os quais pinheiro-silvestre, bétulas, carvalhos e cedros. Se o dia estiver quente, este é o sítio ideal para descansar um pouco, aproveitando a sombra do bosque. Segue-se um troço considerável sem grandes sombras.

Saímos de Junceda percorrendo cerca de 300 metros do estradão, onde viramos à esquerda para o Miradouro de Junceda, onde podemos apreciar o vale de falha do Gerês e o modelado granítico da serra do Gerês. A descida até à vila é marcada pela presença constante de miradouros, alguns dos quais equipados. Teremos, ainda, oportunidade de apreciar a paisagem através dos miradouros da Boneca e da Fraga Negra, este último já mais próximo da vila do Gerês. A encosta que descemos foi particularmente atingida pela invasão da mimosa, uma espécie exótica invasora que compete com as espécies autóctones, de crescimento muito rápido e desordenado, situação que provocado grandes constrangimentos ao nível da gestão e da conservação da natureza. Se detetar algum rebento de mimosa, poderá arrancá-lo e, assim, contribuir para a contensão da sua propagação.

Já perto do final do percurso, vamos cruzar a estrada asfaltada, passar o campo de futebol da Pereira, continuando por um caminho florestal até encontrar novamente o asfalto. Seguimos à esquerda, cerca de 200 metros, para depois entrar num caminho em terra, ladeado por vedação, que dá acesso ao Penedo da Freira, um local altaneiro, de bela vista, que terá sido palco da história de amor de uma freira do Porto. Deixámos o morro pelo trilhado e descemos pelos arruamentos até ao centro da Vila do Gerês. Na continuação da passadeira que encontramos na Av. 20 de Junho, descemos os degraus e passamos o acesso à avenida principal da vila, onde termina a etapa.

A pernoita foi feita nos Apartamentos Vale de Azereiros e o jantar no Restaurante Lurdes Capela.





Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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