Esta caminhada às Minas dos Carris pelo Vale do Alto Homem promovida por Rui Barbosa - Hiking & Trekking levou-nos a conhecer a história daquele complexo mineiro na Serra do Gerês.
As ruínas das Minas dos Carris são agora um espaço abandonado e preenchido pelo silêncio profundo dos lugares de alta montanha. Porém, aquele espaço foi, tal como muitos locais mineiros em Portugal, uma zona de frenética actividade mineiro em vários períodos na nossa história.
A Segunda Guerra Mundial levou muita gente para as agrestes serranias portuguesas e a Serra do Gerês não foi excepção. No caso do complexo mineiro dos Carris, a sua exploração pode ser dividida em três períodos perfeitamente distintos e com uma actividade mineira característica.
Assim, podemos dividir estes três períodos entre 1941 e 1945, 1950 e 1957, e finalmente entre 1970 e 1975.
O período entre 1941 e 1945 corresponde à grande epopeia nacional em busca do volfrâmio em plena Segunda Guerra Mundial. Não podendo negar a existência de explorações clandestinas antes de 24 de Junho de 1941, é nesta data que é feita a primeira solicitação dos direitos de concessão por parte de Domingos da Silva na área que eventualmente iria dar lugar às Minas dos Carris. No entanto, este pedido seria o primeiro de uma série de pedidos que iriam levar à estagnação da exploração mineira naquele local até 1943, pois pedidos semelhantes seriam realizados na mesma zona por dois grupos distintos com o único intuito de impedir a exploração e o acesso às diferentes concessões.
Esta situação seria resolvida a partir de Fevereiro de 1943 com a cedência das concessões à Sociedade Mineira dos Castelos, Lda. que iria impulsionar a exploração mineira naquele local, concentrando-se na então Mina do Salto do Lobo. Ao mesmo tempo, a Serra do Gerês seria coberta por equipas de prospecção em busca do volfrâmio, com dezenas de manifestos mineiros a serem entregues tanto na Câmara Municipal de Terras de Bouro como na Câmara Municipal de Montalegre.
Entre 1943 e 1945 surgem os primeiros edifícios e instalações mineiras que mais tarde seriam de extrema importância para a criação de um complexo mineiro social e tecnologicamente avançado.
Com o desenrolar do conflito mundial a ter um fim previsto, a Sociedade Mineira dos Castelos, Lda. cessa a exploração em 1945 e o complexo é quase abandonado até 1950. Neste ano é constituída a Sociedade das Minas do Gerês, Lda. que obtém as concessões mineiras e impulsiona a exploração de volfrâmio, molibdénio e estanho até 1957, abrangendo o período do conflito na península Coreana. O complexo sofre uma melhoria considerável em relação às suas instalações (construção da represa mineira, alargamento dos trabalhos em profundidade com a construção de um novo poço mineiro, melhoria dos edifícios mineiros, etc.) e à sua vida social.
O declínio das cotações do volfrâmio nos mercados internacionais vai levar à suspensão dos trabalhos mineiros em 1957 com a entrega do primeiro pedido de suspensão de lavra a 23 de Julho.
O complexo vai-se manter abandonado durante os anos seguinte e durante a década de 60 até à sua reactivação em 1970. A partir deste ano, o complexo sofre obras de manutenção e a actividade mineira é retomada até 1974. De novo, a baixa cotação dos minérios volframíticos leva a que a 25 de Março de 1975 se dê início a uma sucessão de pedidos de suspensão de lavra que nunca mais seria retomada.
Uma tentativa de retomar a exploração mineira é feita em finais da década de 70, mas as preocupações ambientais de então e a pressão por parte do Parque Nacional da Peneda-Gerês, criado em 1971 e em cuja área se encontram as Minas dos Carris, levam a que o projecto seja abandonado.
O pedido de abandono irrevogável das concessões mineiras é feito a 28 de Abril de 1989 e estas são extintas a 28 de Maio de 1992.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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