O acesso aos Prados da Messe pode ser feito por vários percursos, sendo a subida ou descida pela Costa de Sabrosa um dos mais utilizados.
A passagem pela Lomba de Burro e posteriormente pela Costa de Sabrosa, requer autorização por parte do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, pois este troço do percurso encontra-se dentro da área de protecção total do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG) conforme definida no seu Plano de Ordenamento. Esta autorização é, de forma geral, concedida dentro dos limites de carga definidos pelo PNPG, tirando partido do antigo traçado que poderia ser feitio com auxílio de PDA disponível na Porta do PNPG em Campo do Gerês.
Nesta caminhada optei por fazer o percurso caminhando inicialmente pela estrada entre a Portela de Leonte e a Casamata da Albergaria. Esta opção permite fazer a subida da Costa de Sabrosa de manhã e permite terminar o percurso (à tarde) já junto das viaturas, evitando assim percorrer os 3 km de estrada numa altura em que o fluxo de trânsito é maior e quando o cansaço da caminhada turva já o apreciar da beleza da Mata de Albergaria.
Assim, saindo da Portela de Leonte pode-se enveredar pelo antigo caminho florestal que durante algumas dezenas de metros segue paralelo à estrada. Logo no início, é possível ainda ver uma das antigas fontes dos Serviços Florestais que, na sombra, se vai cobrindo de um manto de musgo. Continuando pela estrada, passamos a ponte sobre o Rio Maceira a partir da qual ainda se pode observar os restos de uma antiga ponte que inicialmente faria a travesia do rio.
Prosseguindo pela estrada, em breve chegamos ao lugar de Rafiado onde, antes da abertura da estrada, existia uma pala que em Setembro de 1882 serviu de abrigo a Hermenegildo Capello e Leonardo Torres durante uma das incursões científicas à Serra do Gerês. Agora quase soterrado, o lugar merecia uma referência na história da serra.
Após passar o velho carvalho na berma da estrada não muito longe do Rio do Forno e depois da Casamata da Albergaria, encontramos então o início da «longa» subida pela Costa de Sabrosa. O caminho é penoso e árduo (principalmente em dias de Verão), mas as paisagens que nos proporciona à medida que vamos vencendo a encosta, fazem merecer casa passo dado.
O caminho, perfeitamente definido encosta acima, vai-nos fazer passar sobre o Canto do Rio do Forno em direcção à Lameira das Ruivas e à medida que os altos que encerram o vale se agigantam. O Cabeço do Corno Godinho cada vez mais se vai assemelhar a um gigamte ciclópico transformado em pedra no topo do vale, enquanto que as ameias do Pé de Medela vão ganhando forma sainda das sombras da manhã. Respira-se um ar carregado de humidade e esta arrasta-se em farrapos encosta acima, humedecendo de vida a paisagem de seca invernal.
Terminada a parte mais dura da subida, somos presenteados com o vale da Ribeira de Monção e parte da encosta do Peito de Escaca encimada pelas Lamas de Escada. Um arco-íris forma-se nas profundesas da tela branca que enconbre a paisagem que entretanto se abrira até à Portela do Homem.
Continuamos a jornada passando pela Lameira das Ruivas e seguimos em direcção à Lomba de Burro perante o quadro formado pelos Prados Caveiros e pelas encostas do Cantarelo. Sobre os Caveiros, ergue-se altaneiro o Cabeço do cantarelo, varanda previlegiada sobre o imenso Vale do Homem. O cabeço limita a Norte uma imensa muralha de granito que se inicia na Lomda do Cantarelo já sobre as vertentes da Corga da Água da Pala.
Antes de se descer para os Prados da Messe, temos de vencer pequenas corgas até chegar ao limite da área do protecção total, descendo então para uma paisagem única na Serra do Gerês. Os Prados da Messe são ainda porto de abrigo dos animais que percorrem os prados serranos na época das vezeiras. O lugar guarda ainda as velhas ruínas de um edifício dos Serviços Florestais cujas pedras foram aproveitadas para alargar o abrigo pastoril ali existente.
Após uma paragam para o almoço, prosseguiu-se a jornada seguindo na direcção do Curral da Pedra e depois atravessando o Ribeiro de Porto de Vacas, subindo então para o Curral do Conho. Neste dia a Serra do Gerês foi calcorreada por inúmeros grupos de pessoas que percorrendo os seus trilhos seculares, desfrutaram de uma paisagem de montanha como não há igual em Portugal.
Deixando para trás o Curral do Conho, seguiu-se em direcção ao marco triangulado da Lomba de Pau, passando pelos restos da antiga exploração mineira e descendo depois para o Curral da Lomba de Pau. Aqui, divagou-se e especulou-se sobre a possível existência naquele local de uma milenar anta. Os restos mereciam um estudo mais atento por parte do PNPG.
Prosseguindo para o final da jornada, subiu-se à Gralheira passando ao lado das Torrinheiras já com a antena do Borrageiro à vista, e descemos para a Chã da Fonte seguindo depois para a Preza e, ladeando Outeiro Moço, avistamos o Prado do Vidoal já à vista da Roca d'Arte e de Lavadouros. A descida para a Portela de Leonte foi feita pela Chã de Carvalho e através do velho carreiro lajeado da vezeira.
Ficam algumas fotografias do dia...
Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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