domingo, 11 de fevereiro de 2007

Carris, a História (III)

Carris, 19 de Setembro de 2004

Tenho por hábito dividir o trilho em duas partes que considero de dificuldade distinta. A primeira parte termina no que eu considero ser a metade do caminho na ponte junto do Cabeço do Madorno. A fase inicial da segunda parte do trilho é muito semelhante à primeira parte, mas este vai tornando-se mais suave à medida que nos aproximamos da Ponte das Águas Chocas, sendo um trilho fácil a partir daí e até ao final do planalto onde se inicia a subida final para Carris. A passagem pela Ponte das Abrótegas é muito fácil e somos presenteados por uma paisagem única.

No início dos anos 90 ainda era possível observar ao longo do Vale do Alto Homem uma linha de postes de madeira sobre os quais assentava o cabo metálico de telégrafo que certamente permitia as comunicações com o complexo mineiro. Nos nossos dias são raros os sinais ao longo do caminho, daquilo que mais tarde iremos encontrar no sopé de Carris. Tirando os trabalhos mais recentes para melhorar o caminho levados a cabo pelo Parque Nacional da Peneda-Gerês para a reflorestação de zonas de alta montanha, são possíveis observar mesmo no início do trilho conjuntos alinhados de rochas que marcariam o que então teria sido uma estrada em terra batida que permitia a passagem de camiões para o transporte do minério e não só. Esta estrada teria sido bastante melhorada já na segunda fase de exploração de Carris. Como curiosidade posso referir que no início da sua construção existia um pequeno caminho que ligaria a Portela de Leonte a Carris e pelo qual as largas telhas que iriam cobrir as casas de Carris eram transportadas em ombros pela quantia de 2$50 nos idos anos de 30.

Voltando aos nossos sinais... ao longo do trilho vamos observando um ou outro pequeno muro ou um ou outro alinhamento de pedras que nos podem sugerir a existência de uma rude estrada serrana. O primeiro sinal sólido da existência de algo mais complexo na serra, surge-nos junto da zona que dá pelo nome de ‘Água da Pala’. Aqui, e já coberta pela vegetação observamos à nossa esquerda (não se esqueçam de que estamos a subir o trilho, cansados mas a subir!!!) uma área delimitada por um pequeno e baixo muro. Desconheço totalmente qual a sua utilidade, podendo porém ser um local de espera ou estacionamento. Do lado direito podemos observar, também por entre a vegetação, uma pequena construção com tijolos de cimento que nos dá a ideia de ser uma pequena guarita. Esta zona antecede uma ponte de pedra. Toda esta área pode ter sido um primeiro posto de controlo de acesso à zona mineira que ainda se encontra lá ao longe, no topo da serra. Ou então, talvez não...

Fotografia © Rui C. Barbosa

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