segunda-feira, 15 de março de 2021

Trilhos seculares na Serra do Gerês

 


Foram cerca de 10 km na Serra do Gerês por caminhos conhecidos e recantos um pouco escondidos, mas à vista de todos. Por vezes, um pequeno desvio mostra-nos paisagens familiares, mas vistas de diferentes perspectivas. É o usual caso de "vou ali da próxima vez" dito há dez anos...

Comecei, deixando a Portela de Leonte e passei pelo Escalheiro, descendo para a EN308-1 e passando em frente da Cascata de Leonte. Continuando na estrada, enveredei depois pela Costa da Cantina, por entre um frondoso bosque de cedros com mimosas à mistura na parte inicial da subida. Esta subida inicial era parte de um caminho florestal, agora abandonado e faz-nos seguir encosta acima. Deixando os cedros para trás, chegamos a um maravilhoso conjunto de azevinhos que marca a saída do bosque para uma paisagem mais aberta na qual vão dominar os carvalhos já mortos e as penedias que nos aguardam mais acima.

O carreiro vai serpenteando a encosta e nesta altura já temos a visão do Pé de Cabril que nos surge à esquerda do outro lado do vale. À medida que o farol da serra se afunda, nós vamos ganhando altitude até atingir o tranquilo Curral da Raiz com o seu abrigo pastoril recuperado nos anos 50 do século passado.

O Curral da Raiz permite-nos várias saídas (para o Arenado e Preguiça, para o Pé de Salgueiro e Teixeira, para o Vidoal e Lavadouros, ou para a Chã do Carvalho). Como a ideia era fazer a Pegada das Rubias, decidi enveredar em direcção ao Pé de Salgueiro para depois descer ao Vale de Teixeira e Cambalhão. Os carreiros vão estando bem sinalizados com fiáveis mariolas, mas nestes espaços convém ter sempre em atenção a boa máxima de que "uma mariola é útil se soubermos a direcção que queremos seguir!"

Com uma brisa agradável e um dia já quase, quase a cheirar a Primavera chegava à Chã de Salgueiro tendo diante de mim o colossal pináculo granítico do gigante que vigia o Vale de Taixeira. SE de longe o Pé de Salgueiro surge como um Titã por entre a serrania, a imponência da sua torre, principalmente vista do lado Poente, deixa-nos maravilhados com tamanha obra da evolução geológica das montanhas da Serra do Gerês.

Depois de passar a Chã de Salgueiro, iniciei então a descida para a margem direita do Ribeiro da Teixeira. Ora, aqui está uma nota interessante! Existem cartas topográficas dos Serviços Geográficos do Exército que referem que neste troço o rio tem a designação de 'Rio do Camalhão' ou 'Rio do Cambalhão', tendo a designação de 'Rio da Teixeira' quando passa no Prado de Teixeira e adquirindo o nome de 'Rio Arado' quando passa nesta parte da serrania. De facto, a peculiaridade dos hidrónimos nesta parte do Gerês é bastante interessante!

Bom, decidi nesta parte não atravessar o curso de água e seguir o carreiro bem delineado nesta fase até chegar ao entroncamento para a Pegada das Rubias. Esta é passagem através de uma corga que nos vai fazer trepar cerca de 200 metros até chegarmos à Chã da Fonte. A subida não é fácil, mas vale o esforço e a paisagem que se vai ganhando é sublime com o espigão Nascente do Pé de Cabril a surgir na direcção do Curral do Junco, e o Pé de Salgueiro a dominar a parte do Vale de Teixeira que nos permanece visível.

Passando a Chã da Fonte, segui em direcção ao Vidoal passando pelo Enfragadouro à vista da Roca d'Arte e de Lavadouros, descendo para a Presa e depois contornando o Outeiro Moço pelo carreiro clássico muito conhecido dos amantes da serrania Geresiana.

Após uma paragem no Vidoal para retemperar forças, iniciei então a descida final para a Portela de Leonte, mas a certa altura, tomei o caminho pelas Águas da Adega (à vista do Curral de Cubato) e, após atravessar a estrada, segui pelo valho caminho dos Serviços Florestais até chegar às imediações da Casa Florestal de Leonte.

Rico dia!

Algumas fotografias...














































Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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