quarta-feira, 9 de abril de 2025

381... Minas dos Carris (subindo pela Corga de Lamalonga)

 


Regresso às Minas dos Carris com uma caminhada pelo Vale do Alto Homem, mas com a ascensão (ou será subida) final através da Corga de Lamalonga.

Já nos limites da Chã das Abrótegas, tomei um carreiro que me levou a atravessar uma zona de turfeira e o antigo campo de futebol que nos anos 50 do século XX servia como espaço de descontração dos trabalhadores mineiros. Nesta zona são também visíveis as marcas dos velhos trabalhos a céu aberto que marcaram o início da exploração mineira na área do Salto do Lobo. Daqui, iniciei a descida da vertente direita da Corga de Lamalonga, acedendo à sua zona intermédia atravessando os cursos de água provenientes (da corga) do Salto do Lobo e da Corga de Lamalonga. Com os caudais diminuídos, o atravessamento faz-se sem grandes complicações e entramos numa paisagem «nova» em relação às Minas dos Carris (ultimamente, tenho preferido descer esta vertente em vez de optar pela decrépita escadaria que desce ao lado da Lavaria Nova e que devido ao seu estado torna a descida perigosa).

Chegando ao curso de água que desce a Corga de Lamalonga, deparamo-nos com parte dos restos da exploração mineira feita tanto na concessão do Salto do Lobo como na concessão da Lamalonga n.º 1. A corga é encimada pelas ruínas acasteladas da Lavaria Nova. Na vertente direita realçam-se ainda umas colunas de blocos de granito que serviam de apoio a condutas que conduziam água para o Salto do Lobo. Perpendiculares ao estreito vale são visíveis os restos de três muros que terão servido de sustentação à escombreira originada da Lavaria Nova.




Em tempos cheguei a escutar uma história que referia que a certo ponto estes muros teriam cedido, permitindo que a escombreira se precipitasse corga abaixo, inundando as zonas mais planas. Na verdade, nunca consegui confirmar «esta história», mas a 31 de Julho de 1972, o então Director do Parque Nacional da Peneda-Gerês, Eng. Lagrifa Mendes, enviava ao Eng.º Chefe da Circunscrição Mineira do Norte uma carta onde questionava sobre os danos provocados na paisagem pela escombreira da exploração mineira. A carta era acompanhada por uma fotografia que nos mostra a Lamalonga com a escombreira sem parte do coberto vegetal que agora a preenche.



A parte superior da Corga de Lamalonga é um acesso ao complexo mineiro dos Carris. Procurando aceder ao carreiro que me levaria à Lavaria Nova, acabaria por percorrer parte do leito do curso de água descendente onde ainda se pode encontrar muitos resíduos (velhos bidões de óleo, pedaços de plástico e até um velho pneu).

No tempo da laboração mineira, a Lavaria Nova era um edifício imponente na paisagem serrana. A sua grande volumetria ainda hoje é atestada pela sua ruína que impressiona por quem a visita. A sua degradação ao longo dos últimos anos é exponencial; exposta aos elementos, a sua estrutura interna desmoronou-se, numa acção talvez ajudado pelos suspeitos do costume... Do seu interior, pouco resta e já é impossível imaginar como seria a sua disposição interna em termos da instrumentação que lá existia.

Subindo pela lateral direita, chegava à zona mineira e dirigi-me à Fonte do David onde consegui abastecer com a maravilhosa água fresca que de lá brota.

O regresso iniciou-se com uma ascensão ao marco geodésico dos Carris, descendo depois para passar pelas velhas explorações a céu aberto e retomar o caminho mineira já na Chã das Abrótegas com o som da trovoada que se aproximava...













































































Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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