domingo, 13 de abril de 2025

Outros trilhos - Trilho do Corno do Bico

 


Desta vez rumamos à Paisagem Protegida do Corno do Bico para percorrer o PR1 PCR Trilho do Corno do Bico.

Esta é uma pequena rota que tira partido de caminhos rurais e alguns carreiros de montanha num traçado indicado de 10,1 km. Porém, talvez resultado de uma actualização ou adaptação, o percurso acaba por ser um pouco mais extenso e, em determinadas zonas, um pouco confuso com a mistura de nova e antiga sinalética. Porém, é um traçado que vale a pena percorrer.

O Trilho do Corno do Bico desenrola-se na Paisagem Protegida do Corno do Bico. Numa região montanhosa de formas suaves e arredondadas, a Paisagem Protegida do Corno do Bico, com 2.070,83 ha, culmina no Corno do Bico (883 m), caracterizando-se, sobretudo nas áreas de maior altitude, pela presença de conjuntos de blocos arredondados de granito, dispostos isoladamente ou sobrepostos que conferem um aspeto caótico à paisagem. 




As encostas, retalhadas por campos agrícolas, muros e socalcos, acolhem uma importante mancha de carvalhal, fruto das arborizações efetuadas no século XX pelos então Serviços Florestais. Na vegetação, de notar ainda a presença de bosques ripícolas, i.e. da margem dos cursos de água, dominados por freixo-de-folha-estreita (Fraxinus angustifolia) e amieiro (Alnus glutinosa), manchas de pinhal, lameiros e uma turfeira, ecossistema onde o nível de água se encontra à superfície, fomentando a vegetação hidrófila (i. e. adaptada ao encharcamento) e a formação de turfa, que se desenvolve na ausência de oxigénio. 

Estão inventariadas 439 espécies da flora, incluindo alguns endemismos, como Bruchia vogesiaca um musgo e Veronica micrantha uma verónica. A fauna é variada, desde mamíferos, como o lobo-ibérico, a um numeroso cortejo de aves.





A ocupação humana é remota, sendo atestada pela existência de monumentos megalíticos (em Bico e São Martinho de Vascões), associados no núcleo megalítico de Chã de Lamas, povoados fortificados (castros de Cossourado e de Cristelo) e miliários romanos (i.e. marcos indicadores da milha romana).

(Fonte)

Trilho especialmente belo na primavera e no outono pela riqueza dos seus bosques mistos caducifólios, quando os cromatismos sazonais criam um autêntico espetáculo de cor natural. Inicia-se no lugar do Túmio, na freguesia de Bico, onde antes de começar a caminhar pode explorar o distinto património cultural, arquitetónico e paisagístico desta área do Alto Minho.  Destaque para o miradouro natural - Corno de Bico - rodeado de blocos graníticos, de onde se pode observar uma majestosa paisagem que se abre principalmente para o vale do rio Coura, mas também para o vale do Lima. Aconselhado a amantes da micologia (fungos e cogumelos) e da ornitologia (aves). 





Ao sair de Túmio, em caminho de terra, encontrará uma bifurcação na qual deve seguir pela esquerda. Apesar do circuito estar sinalizado, é necessária especial atenção às marcas uma vez que muitas delas se encontram disfarçadas no arvoredo. Na caminhada até ao interior da floresta tenha atenção à densa e rara mancha de carvalho-alvarinho. Note também as belas galerias ripícolas, bem como as manchas de pinhal, os lameiros e uma turfeira cuja interpretação é auxiliada por painéis informativos. 

A jornada até ao topo, onde se alcança o marco geodésico, a 883 m de altitude, é marcada sobretudo pela riqueza de espécies arbóreas, arbustivas e herbáceas que no seu conjunto criam um excecional habitat para a diversificada fauna local. Não se espante se entre árvores der com um cavalo (ou burras, como lhes chamam localmente) sem dono a alimentar-se ou gado bravo em movimento entre campos. A Natureza parece encontrar aqui uma peculiar harmonia com o Homem e as suas práticas. Num instante, tanto poderá estar completamente imerso na floresta, como à mercê de vistas e panoramas deslumbrantes.





No topo da serra, perto do marco geodésico, um miradouro natural abre-lhe portas para o vale do rio Coura e para os vales dos rios Vez e Lima. Alguns metros adiante, o percurso segue por uma estrada florestal, larga o suficiente para a passagem de veículos, e daí volta de novo a imergir na floresta, desta feita na companhia dos pequenos cursos de água que aos socalcos vão descendo a encosta. Geralmente, o Homem fixa-se no caminho das águas – no caso excecional de se perder, seguir a água é sempre a melhor opção. 

(Fonte)

Algumas fotografias do dia...












Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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