domingo, 17 de março de 2024

Trilhos seculares - Da Portela de Leonte ao Borrageiro e Rocalva

 


O Sábado havia sido de chuva que tornara as paisagens da Serra do Gerês em quadros difusos e cinzentos. Felizmente, as previsões para o diz seguinte mostravam a continuação da trégua, apesar do frio se manter.

Saímos da Portela de Leonte percorrendo o velho e secular caminho pastoril que nos levou ao Prado do Vidoal pela velha calçada e passando pela Chã do Carvalho. Por muitas vezes que se percorra este caminho, a paisagem é sempre algo de deslumbrante, com o Pé de Cabril a dominar o cenário nas primeiras centenas de metros à medida que vamos ganhando altitude e o vale se torna imenso a mergulhar para a Albergaria ou a afundar-se para os lados da vila termal.



Após a subida inicial, os horizontes já se alargam para as vertentes da Serra Amarela, com a Serra de Soajo e a Serra da Peneda a espreitar lá longe no horizonte.

Enquanto os restos de neve não apareciam, os prados mostravam o verde de uma Primavera a bater à porta, com as suas primeiras flores a dominar a paisagem. O granito escuro e húmido dominada os tons que percorriam as paredes alcantiladas da Roca d'Arte e marcavam os cenários para os lados do Pé de Medela e Carris de Maceira, escurecendo também os recantos sombreados do Cântaro.

Ladeando o Outeiro Moço, seguimos em direcção à Preza, onde o imenso Vale de Teixeira se derramava aos nossos pés. Deixando o colo, seguimos então para mais uma subida que nos levaria à Chã da Fonte e depois à Fonte da Borrageirinha, antes de nos maravilharmos com as peculiaridades das seculares erosões que moldaram o Arco do Borrageiro, velho motivo de muitos postais do 'Gerês termal'.



Deste ponto ao Alto do Borrageiro, foram surgindo os restos dos nevões que aqui e ali, compunham grandes camadas de neve que resistia, ora à chuva, ora a dia mais amenos.

O Alto do Borrageiro está dominado pelo secular marco geodésico (a merecer uns retoques que o componham à sua anterior beleza) e pela decrépita velha torre de comunicações rádio que por ali vai ficando em desuso.

Atingido o ponto mais elevado caminhada, iniciamos a «descida» para o Curral de Rocalva através de pequenas corgas e passando pela Chã de Roca Negra, com o seu alagado abrigo pastoril. A Rocalva começava a surgir no nosso horizonte, altaneira e dominadora da paisagem que se alarga já para as terras do Reino Maravilho de Miguel Torga. Ao fundo, a silhueta da Serra do Larouco marcava o limite do visível e a meio o colosso de Borrageiros mantinha-se de guarda, silencioso.



O já merecido descanso surgiu finalmente no abrigo de Rocalva, por entre conversas sobre a História e o viver das gentes da serra.

Iniciamos o regresso seguindo pela vertente Poente da Mourisca e passando ao lado da Lameira da Mourisca, até tomar o carreiro vindo do Prado do Conho. Este troço de caminho proporciona uma visão ímpar sobre o Vale de Fechinhas, as Velas Brancas e os cabeços de Porta Roibas, passando por pequenos recantos e prados escondidos.

Seguindo em direcção à Lomba de Pau, o resto do percurso leva-nos próximo das Torrinheiras e da Chã de Gralheiras, passando as Lamas de Borrageiro antes de iniciar a descida para a Chã da Fonte. Aqui, seguimos depois para o Enfragadouro através de um carreiro que nos levará ao Colo da Preza, já no sentido inverso para o Vidiol e Leonte.

Ficam algumas fotografias do dia...













Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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