Não é a primeira vez que esta estrutura me levanta interrogações quando passo pela Lomba de Pau, Serra do Gerês, e a disposição das pedras (após uma observação atenta) leva-me a crer que se possa tratar de um monumento que (penso eu) não tenha sido estudado até aqui.
O texto a seguir é muito especulativo e fruto de uma imaginação que por vezes entorpece a análise crítica. Assim, as considerações feitas devem ser lidas e absorvidas com uma «pitada de sal».
Ora, a Lomba de Pau é uma área que divida numa zona mais húmida, que alberga uma turfeira, e numa zona de pasto, encontrando-se perto do marco triangulado de mesmo nome. Está localizada a caminho do Prado do Conho vindo da Chã da Gralheira, sendo limitada a Norte pela Costa de Covilhão e Vale da Lomba de Pau, e a Sul pelo extremo das Torrinheiras.
O curral não se encontra limitado por um muro de pedra solta, mas está servido por um forno pastoril cujas pedras foram consolidadas por cimento (possivelmente já nos anos 50 do século passado).
Ora, a construção que eu penso poder tratar-se não de um abrigo pastoril, está a escassos metros do forno pastoril e caracteriza-se por uma planta rectangular cujos limites são compostos por pedras de consideráveis dimensões. A disposição desta e o facto de na sua extremidade Norte haver uma pedra que parece ter sido sustentada, faz-nos lembrar a composição de um dólmen ou uma câmara dolménica (que geralmente era construída com grandes pedras verticais que sustentam uma grande laje horizontal de cobertura).
O conjunto em questão, de pequenas dimensões, encontra-se no que parece ser um plano ligeiramente elevado que dá a entender que em tempos poderá ter estado todo coberto pelo solo e que pode também implicar que o seu interior tenha sido mais profundo.
Identificação dos possíveis elementos da estrutura
Perímetro da estrutura
Assim, e sendo demasiado pequeno para ser considerado um dólmen, poderemos estar na presença de uma cista que era um monumento de tradição megalítica funerário, sendo basicamente formado por quatro lajes, colocadas verticalmente formando um retângulo. Sobre elas costumava ser colocada outra pedra horizontal a jeito de tampa. No interior eram colocados os restos mortuários. Em geral a conservação das cistas é má, costumando faltar a tampa e mesmo alguma das lajes laterais.
E pronto, já estava para escrever sobre o assunto há vários meses e aqui fica o que o meu parco conhecimento e olhar mais atento (e certamente muita imaginação) me levam a crer tratar-se de algo para lá dos restos de um «simples» abrigo pastoril. No fundo, podem mesmo ser os restos do abrigo pastoril original, mas fica a dica...
Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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