Uma notícia para quem tenha dinheiro para assinar o Público, para ser lida aqui.
Secretário de Estado da Conservação da Natureza concorda com os autarcas, sobre o impacto positivo do turismo para as populações, mas nota que o sucesso do PNPG não pode pôr em causa os valores que diferenciam a região, em termos de biodiversidade e da própria atractividade turística.
Por "zonas sensíveis", e confiando no conhecimento do Secretário de Estado da Conservação da Natureza, vou entender a Área de Ambiente Natural tal como está definida no Plano de Ordenamento do Parque Nacional da Peneda-Gerês.
Então, se assim o é, estas palavras do Secretário de Estado acabam por ser um grande puxão de orelhas à gestão do Parque Nacional, pois é ela que regulamenta o acesso a estas zonas sensíveis. Ora, como toda a gente sabe, a grande pressão turística no PNPG está localizada nas zonas de promoção turística quer na albufeira da Caniçada, nas zonas ribeirinhas junto aos cursos de rios e lagoas mais procuradas no Verão e nas zonas de acesso viário. Estas são as zonas onde (me atrevo a dizer) cerca de 90% do impacto turístico se concentra. Os restantes visitantes são os que se atrevem a percorrer os trilhos que entram profundamente no Parque Nacional, dos quais alguns requerem uma autorização por parte do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), pois penetram nas denominadas Zonas de Protecção Total (Vale do Alto Homem, Mata de Palheiros, Vale do Ramiscal). De notar que muitas destas visitas são feitas em grupos informais reduzidos.
A preocupação do Secretário de Estado da Conservação da Natureza deveria focar-se na verdadeira regulamentação da utilização da albufeira da Caniçada, do acesso às «zonas balneares» do Rio Homem, Cascata do Arado, Fecha de Barjas, Rio Fafião, Cascata Cela Cavalos, Poço Negro, "Poços Verdes do Sobroso", albufeira de Vilarinho das Furnas, deveria preocupar-se com o estacionamento caótico na Estrada da Geira na zona da Bouça da Mó, no estacionamento caótico na Portela do Homem, acesso e estacionamento caótico à Pedra Bela e Arado, deveria preocupar-se com um verdadeiro condicionamento e regulamentação do trânsito na Estrada da Mata de Albergaria, quiçá pensar no condicionamento estival do acesso automóvel à Estrada da Geira, deveria preocupar-se com a não criação de cercas para criação de animais para depois serem transferidos para zonas de caça, deveria preocupar-se com o célere pagamento das indemnizações devidas pelos supostos ataques do lobo, e acima de tudo, deveria preocupar-se em estabelecer relações de verdadeiro compromisso e cooperação com os residentes do território do Parque Nacional, pois sem eles o PNPG deixa de existir.
Assim, este é mais um não assunto se tivermos em conta a percentagem de visitantes nessas zonas sensíveis. É o resultado de um turismo de massas noticiado como impactante em zonas críticas, mas que não o é. Basta fazer a comparação do número de visitantes nas ZPT e nas outras zonas para esta teoria cair por terra.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
Sem comentários:
Enviar um comentário